06 novembro 2012

Famílias pedem mais crédito ao consumo do que para a casa


Os bancos estão a emprestar mais dinheiro para consumo e outros fins do que para comprar casa. Em setembro, o crédito destinado a financiar a aquisição de habitação rondou 140 milhões de euros, sendo este o valor mais baixo desde que o Banco de Portugal divulga estes dados. Já a fatia destinada aos outros segmentos ascendeu a 352 milhões de euros.

O ritmo de concessão de novos empréstimos manteve a tendência de descida que se observa desde o início do ano. Em setembro, pela primeira vez, o volume de novos créditos às famílias ficou abaixo da fasquia dos 500 milhões de euros, e a parte mais pequena destinou-se à compra de casa. Já para o consumo foram afetados 147 milhões de euros. 

Não é a primeira vez que isto sucede, mas o acentuar desta tendência leva Jorge Morgado, secretário-geral da Deco, a considerar que esta evolução reflete os casos de famílias que fazem novos créditos para pagar outros mais antigos e até para fazer face a despesas correntes. "Alguns pedem-nos para fazer face a situações de verdadeira emergência financeira e na esperança de que no futuro a sua situação vai melhorar e possam pagar tudo", precisou. 

Em relação ao ritmo de concessão de novos empréstimos na habitação, Jorge Morgado considera que, se por um lado menos famílias arriscam hoje em dia avançar para um empréstimos desta natureza, por outro, os "bancos dão prioridade ao financiamento das casas que eles têm para venda". 

A perda de peso do crédito hipotecário nos novos empréstimos concedidos começou a observar-se no início deste ano e tem-se mantido inalterada desde então. Os dados do Banco de Portugal, ontem divulgados, mostram ainda que, em setembro, se observou uma queda mensal nos créditos à habitação e consumo, enquanto nos classificado como sendo para "outros fins (que inclui os financiamentos a trabalhadores independente, ou para fazer face a despesas com educação, por exemplo) registou uma ligeira subida de 184 milhões em agosto, para 205 milhões no mês em referência. 

Em linha com a atual conjuntura de crise esteve também a evolução do malparado que registou em setembro um novo máximo histórico, ao atingir uma total de 4991 mil milhões de euros. Por comparação com o mesmo mês do ano anterior, observou-se assim uma subida de 9%, traduzida em mais 430 milhões de euros. Para este acréscimo, a habitação contribuiu com 109 milhões de euros. 

O crédito ao consumo continua a ser aquele onde o peso do malparado é mais elevado (atingindo já 11,60 do total concedido), seguido do segmento "outros fins" (onde o valor dos empréstimos em mora há mais de 90 dias representa já 10,9% do total). Na habitação, o malparado pesava em setembro 1,99%, tendo atingido os 2,2 mil milhões de euros. Neste contexto, a habitação contribui com cerca de 44% do total do malparado, sendo que o valor observado em setembro é o mais elevado desde dezembro de 1997, último ano para o qual é possível encontrar este dado disponível. 

Se aos empréstimos malparados das famílias se somarem os 10,29 mil milhões de euros de crédito de cobrança duvidosa por parte das empresas, conclui-se que os banco tinham em setembro 15,28 mil milhões de euros classificados na categoria de cobrança duvidosa. 

Fonte: Dinheiro Vivo

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