03 abril 2013

Privados já investiram mais de 508 milhões na Baixa do Porto


Por cada euro de investimento público em reabilitação urbana, a participação dos privados equivale a, no mínimo, 10 euros, sendo que, na reabilitação do quarteirão das Cardosas, esse investimento ascendeu aos 15 euros.

Entre 2005 e 2012 o investimento privado em reabilitação urbana na Baixa do Porto terá galgado os 508 milhões de euros, pelas contas da Porto Vivo SRU, comprovando que este é um processo que veio para ficar.

Um volume significativo mas que, ainda assim, deverá “estar abaixo do valor efetivamente realizado, na medida em que, para determinados anos, não foi possível estimar o investimento privado em reabilitação nos quarteirões sob gestão urbanística do município”, reconhece a SRU. No mesmo período o investimento público em reabilitação urbana e em requalificação do espaço público terá atingido os 51,5 milhões de euros.

Da parte da Porto Vivo SRU, os primeiros anos foram dedicados sobretudo “ao planeamento e preparação dos trabalhos, seguindo-se um período de forte investimento em algumas intervenções que, pela sua localização e degradação física, social e económica, exigiam o impulso direto do agente público”, conta a administração daquele organismo. E, “a consequência direta deste investimento da Porto Vivo é um notório efeito de arrastamento”, induzindo “um efeito multiplicador sobre o investimento privado”.

Pelas contas daquele organismo, e olhando para o conjunto do território de intervenção da SRU, “por cada euro de investimento público em reabilitação urbana, os privados investiram 10 euros”. Um efeito multiplicador que em alguns casos foi ainda mais acentuado, exemplo da reabilitação do quarteirão das Cardosas, em que “cada euro de investimento público líquido gerou, em média, 15 euros de investimento privado em reabilitação urbana no quarteirão”. 

Pela expressão que tem na atividade da empresa, pela sua localização estratégica entre a Baixa e o Centro Histórico, pela dimensão e complexidade da intervenção, pelos efeitos de arrastamento sobre o emprego, o investimento, as exportações e a receita fiscal, o Quarteirão das Cardosas é portanto o exemplo de um modelo de reabilitação urbana pioneiro, exigente em termos de investimento público mas que, sem este, não teria nunca ocorrido”, conclui a Porto Vivo, SRU.

No final de 2012, “o estado-da-arte no território de intervenção da Porto Vivo era o seguinte: 117 parcelas (71.101 m2 de ABC) em obra e 94 parcelas (58.821 m2 de ABC) com reabilitação concluída ou em conclusão”, revela a empresa. Recorde-se que a SRU exerce o papel de entidade gestora e conduz uma operação de reabilitação urbana “sistemática” no centro histórico do Porto, numa área que engloba 83 quarteirões, dos quais 21 com Documento Estratégico aprovado. No total a área de intervenção sob a administração da sociedade engloba 1.957 parcelas.

Projeto para o futuro

Ao fim de oito anos de atuação da Porto Vivo SRU, desde 2004, “o balanço é muito positivo, multiplicando-se os resultados materiais e imateriais na zona de intervenção, conforme depressa se constata no terreno, e confirmando-se o projeto de reabilitação da Baixa e do Centro Histórico do Porto como um caso de estudo nacional e internacional” nesta área, realça a administração.

Considerado “um projeto para gerações”, este processo de reabilitação da Baixa e do Centro Histórico começa agora a dar frutos, sendo evidente uma “inversão da espiral de declínio e abandono” a que a zona histórica estava votada, com esta a ser alvo de “uma revitalização económica, mas também social”.

Algumas das intervenções mais emblemáticas já concluídas incluem, entre outros, os quarteirões de Trindade Coelho e do Infante – reabilitados por privados – e as intervenções nos quarteirões Carlos Alberto e Corpo da Guarda,” tidos como prioritários e estratégicos para o desenvolvimento do processo de reabilitação urbana no contexto da ACRRU do Porto”, para além de algumas intervenções isoladas na rua de Miragaia e na rua Comércio do Porto.

Há medida que o processo de regeneração da Baixa do Porto tem vindo a avançar e a ganhar corpo, aumenta também o interesse da zona enquanto destino para habitação. Mas não só, toda aquela área é o local preferido para a instalação, em cada vez maior número, de novas atividades relacionadas com o turismo e as indústrias criativas.

Nos últimos anos o Centro Histórico do Porto é o destino escolhido por um número cada vez maior de turistas, ao mesmo tempo que se vão multiplicando os artigos, prémios e reportagens internacionais dando conta da “nova” vida que ali existe. Mas, e apesar desta evolução positiva, a zona tem ainda muito potencial “por explorar”, considera a Porto Vivo SRU.

Num estudo que estamos a desenvolver relativo ao impacte da intervenção pública no quarteirão Cardosas, é possível constatar que pelo facto da marca Intercontinental aqui se ter instalado, esta tornou-se uma âncora na diversificação da oferta hoteleira na envolvente do Quarteirão (num raio de 300 metros)”, comenta a mesma fonte, acrescentando que “os dados revelam que estão já instalados ou em curso 13 hotéis, num total de 923 quartos, e 6 unidades de alojamento local, com 37 quartos”.

Outros dos projetos âncora para a atração de visitantes e turistas para aquela zona é a instalação do “Welcome Center” do Turismo do Porto e do Norte de Portugal num dos espaços comerciais interiores do quarteirão Cardosas, com ligação à Praça de Almeida Garrett, imediatamente de frente para a estação de comboios de São Bento; e a criação de uma Unidade de Alojamento Turístico no Morro da Sé, no âmbito do Programa de Ação deste território, e que visa reabilitar um conjunto de seis edifícios, um dos quais antiga morada do historiador, jornalista, poeta e escritor Alexandre Herculano. 

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