10 outubro 2013

Os novos donos do Imobiliário


Banca, fundos de recuperação e investidores institucionais são agora os novos donos de milhares de prédios de habitação, lojas, escritórios, cadeias hoteleiras e até de vários centros comerciais.

A última década foi muito profícua em investimentos nos sectores imobiliário e turístico. Os empreendimentos residenciais, serviços e comerciais, nasciam por todo o lado nas cidades, aproveitando os bons terrenos, que ainda não tinham sido ocupados, mas também em zonas impensáveis, onde os acessos eram difíceis e as vistas não existiam. 


O mesmo aconteceu com o segmento do turismo residencial e com o hotelaria, especialmente no Algarve, onde muitos empresários, habituados a construir pequenos prédios na sua cidade natal, se aventuraram a erguer gigantescos empreendimentos, de centenas de fracções turísticos e onde não faltava uma ou duas unidades hoteleiras, quase sempre de cinco estrelas. 

Esta febre que contagiou os empresários da construção, levou-os, também, a enveredar pela diversificação da actividade com a criação de redes de shoppings, um negócio onde "o saber fazer é a alma do negócio" e, por isso, muitos centros comerciais apresentam agora uma situação de exploração negativa. 

Embora o crescimento da economia não se faça sem o investimento, a verdade é que os milhares de projectos, promovidos na última década, assentaram, quase só, no crédito bancário fácil e barato, sendo que o lucro resultava da especulação de preços, numa altura em que tudo o que se construía conseguia vender-se. 

E tudo continuaria a correr bem se os Estados Unidos da América e a Europa, e Portugal por arrastamento, não mergulhassem, nos últimos dois anos, numa das crises financeiras mais graves de que há memória.

Banca dona de milhares de casas 

Bancos como o Caixa Geral de Depósitos (CGD), Millennium bcp, Banco Espírito Santo (BES) ou o Banco Santander Totta viram-se, de um momento para o outro, a braços com milhares de casas que resultam, por um lado, do incumprimento das famílias, e por outro, dos promotores imobiliários que deixaram de vender e, por isso, não tinham dinheiro para pagar os juros dos empréstimos. 

Embora seja difícil saber qual é o número exacto de casas que resultam do incumprimento, há alguns dados que reflectem a situação. De acordo com a APEMIP - Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, "no quarto trimestre de 2012 foram entregues cerca de 1.070 imóveis em dação em pagamento, menos 3% que no trimestre anterior, perfazendo um total de 5.500 imóveis entregues durante o ano de 2012, um decréscimo de 21% face ao ano transacto".

Escoar as dezenas de milhar de casos 

A estratégia das instituições financeiras para escoar os dezenas de milhar de fracções do crédito bancário passou, especialmente, pela venda, utilizando diversos canais. A banca montou a sua própria força de vendas, numa concorrência directa aos mediadores imobiliários - e, simultaneamente, fazendo acordos com algumas empresas de mediação - num primeiro momento só com as maiores redes imobiliários - e, mais recentemente, depois de diligências da APEMIP, alargando a intervenção às mediadoras tradicionais. 

A realização de leilões tem sido uma das boas formas encontradas pela banca para escoar as dezenas de milhar de casos. Com descontos, que atingem os 30% a 40%, a banca consegue, desta Formo, escoar, especialmente, as fracções de habitação de uma gama médio e baixa, com localizações menos atraentes e sobretudo instalados em bairros. 

A Euro Estates, uma das duas leiloeiras que mais leilões têm realizado no mercado, vendeu 100 casos no valor total de seis milhões de euros durante o fim-de-semana de 29 e 30 de Junho. Cerca de 500 pessoas deslocaram-se às solos dos hotéis Ipanema Park, no Porto, e Villa Rico, em Lisboa, onde os leilões se realizaram. Todas as propriedades pertenciam ao Santander Torta. As tipologias mais solicitados foram Ti e T2, vendidas, em média, o mais 30% face ao seu valor inicial de licitação. 

Banca cativa os investidores 

O objectivo da banca é conseguir restituir ao mercado, no mais curto prazo de tempo possível, os imóveis que receberam. E °pesos de todas as dificuldades em conseguir empréstimos bancários, os famílias, pequenos aforradores e muitos investidores, vão-se seduzindo pelos oportunidades apresentadas pela banca, sendo público e notário que estas estão a escoar a sua carteira de imóveis. 

"Do primeiro trimestre deste ano vendemos 262 imóveis no valor de 17,8 milhões de euros". adianta ao Magazine Imobiliário fonte do comunicação do banco Santander. 

Já Ricardo Salgado. presidente do BES, numa intervenção pública recente, realçou "o capacidade de venda dos imóveis do banco, que no primeiro trimestre totalizou 97 milhões de euros, mais 61% do que no ano anterior". Dos suas palavras o objectivo de vendas por trimestre é: fazer 100 milhões de euros e chegar ao final do ano com 400 milhões. Se o BES atingir este objectivo no final do ano, "teremos reduzido uma boa parte daquilo que teremos no balanço, que são 2.000 milhões de euros". 

E a quem é que o BES tem vendido os imóveis? "Até agora, 85% foi em Portugal. Dos 85% (97 milhões de euros), 40% pagaram a pronto e 60% pediram crédito ao banco", nos palavras de Ricardo Salgado. 

"0 Millennium bcp tem aumentado de forma contínua o vendo dos seus imóveis, nos últimos anos. apostando na especialização, credibilização e segmentação do mercado através dos colaboradores e parceiros e. assim, vai continuar", esclarece o director José Araújo. 

De acordo com fonte do CGD "os resultados conseguidos nas vendas têm sido positivos e em linha com os objectivos delineados".

Fonte: Magazine Imobiliário 

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