Há boas notícias para as famílias e empresas com crédito a taxa variável. A Euribor - principal indexante utilizado em Portugal - deverá continuar a cair nos próximos meses. No caso da Euribor a três meses, o mercado antecipa que esta siga o exemplo da taxa a um mês, e atinja valores negativos até ao final do ano.
Atualmente a Euribor a três meses é um dos principais indexantes do crédito às empresas e também no crédito à habitação. Tendo em conta a carta circular do Banco de Portugal de que as taxas negativas são para refletir nos créditos, significa que, até ao final do ano, poderá mesmo haver famílias e empresas que estejam apenas a pagar spread (taxa acrescida à Euribor e que, na prática, representa a margem de lucro dos bancos).
"Tendo em conta a evolução recente, admito que a Euribor a três meses possa chegar a valores negativos nos próximos meses. Tal dependerá de o Banco Central Europeu (BCE) continuar as suas compras de ativos no mercado secundário e de as expetativas para a inflação se manterem baixas", explicou o economista Filipe Garcia, da consultora Informação de Mercados Financeiros (IMF), ao Dinheiro Vivo. No entanto, a três meses "se as taxas negativas se verificarem, será da mesma forma apenas centésimos abaixo de 0%", acrescentou o economista.
Também o mercado está a antecipar este cenário. Os futuros da Euribor a três meses apontam para que esta se situe, em dezembro deste ano, nos 0%. Isto quando a média mensal desta taxa a três meses, em março, ficou em 0,027%.
No caso do crédito à habitação significa que, por exemplo, uma família com um empréstimo indexado à Euribor a três meses, ainda vai beneficiar de mais duas revisões este ano que, no conjunto, podem representar uma poupança de pouco mais de 1,25 euros.
De acordo com os cálculos do Dinheiro Vivo, uma família com um empréstimo de 100 mil euros a 30 anos, com um spread de 1% indexado à Euribor a três meses tem atualmente uma prestação de 322,89 euros. Com o mesmo empréstimo mas a Euribor a 0%, a prestação desce para 321,64 euros.
"Para as famílias, a maior parte do efeito da queda de taxas já ocorreu, mas continuarão a beneficiar de taxas muito baixas por bastante tempo. No caso de os indexantes dos seus créditos atingirem níveis negativo, obviamente que isso as beneficia, mas dados os spreads praticados e o "chão" a -0,2%, não se deve esperar indexante mais spread abaixo de 0%", adiantou Filipe Garcia
Para os bancos, o problema coloca-se "não tanto na taxa que têm de refletir nos empréstimos, mas na diferença entre essa taxa e o custo do seu funding", acrescentou o economista da IMF.
Na quarta-feira, o Banco de Portugal enviou uma carta circular às instituições financeiras a indicar que as taxas negativas são para refletir no contratos de crédito. Isto significa que, caso a Euribor a três meses atinja valores negativos, em termos de média mensal, poderão ser várias as famílias a beneficiar deste efeito até ao final deste ano.
Fonte: Dinheiro Vivo
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