10 janeiro 2016

€15 mil milhões aplicados em 2015


A compra de casas ainda domina o mercado, mas Portugal é cada vez mais palco de grandes transações de portefólios de imóveis comerciais. A soma dos investimentos imobiliários em Portugal deverá atingir os €15 mil milhões em 2015, envolvendo entre 106 a 111 mil transações de propriedades, regressando assim aos níveis anteriores a 2011. Perto de €9 mil milhões aplicados só no sector habitacional e os restantes €6 mil milhões em todos os outros segmentos do mercado, desde os terrenos agrícolas aos hotéis, centros comerciais, parques industriais, lojas de comércio e edifícios de escritórios.

Os números ainda não são oficiais mas baseiam-se numa estimativa de crescimento da ordem dos 30%, face a 2014, avançada pela APEMIP — Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal.

Luís Lima, presidente daquela associação, justifica esta taxa de crescimento, em relação aos €12,1 mil milhões registados em 2014 (dados do Instituto Nacional de Estatística), pela dinâmica crescente do mercado, observada durante todo o ano passado, em grande parte impulsionada pelo investimento estrangeiro.

Só em grandes transações de imobiliário comercial (nomeadamente centros comerciais, hotéis, prédios de escritórios e algumas áreas de retalho) realizadas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, bem como em algumas cidades mais pequenas, as consultoras internacionais Cushman & Wakefield, CBRE e Worx contabilizaram um volume de negócios recorde a rondar os €2 mil milhões.

De acordo com Eric van Leuven, diretor da Cushman & Wakefield para Portugal, só não se ultrapassou a barreira dos €2 mil milhões, dado o facto de várias operações em curso terem sido adiadas para este ano. O mesmo responsável adianta que 90% dos investimentos no sector foram assegurados por capitais estrangeiros, em especial fundos de investimento com origem nos Estados Unidos, Alemanha e alguns países asiáticos.

Negócios de €500 milhões prestes a fechar

Van Leuven revela ainda que a sua empresa tem negócios imobiliários em curso, da ordem dos €500 milhões, prestes a fechar. Ou seja, a manter-se este ritmo de investimento, “é muito natural que 2016 seja um ano igualmente positivo para o sector”.

Outra fonte contactada pelo Expresso considera que só no primeiro trimestre deste ano é muito provável que se atinjam os €750 milhões apenas em grandes transações não habitacionais.

No que respeita à venda de casas, Luís Lima está otimista para o ano em curso e refere mesmo que em várias cidades há projetos que tinham sido concebidos para comércio ou para escritórios e que agora começam a ser transformados em complexos habitacionais.

Eric van Leuven diz, por seu turno, que continua confiante no comportamento do sector embora com alguma prudência, sobretudo “devido à fragilidade da recuperação económica em Portugal e na Europa e às tensões geopolíticas”.

No entanto, e ainda segundo o mesmo responsável, “a elevada liquidez em muitas geografias e a fraca oferta de alternativas ao investimento em imobiliário deverão continuar a beneficiar o mercado imobiliário, e o português em concreto, que, embora pequeno e ainda em recuperação, é também percecionado como sendo relativamente maduro, transparente e barato”.

O mercado da reabilitação urbana, em especial em Lisboa e no Porto, vai continuar na ordem do dia, mas o lançamento de novas obras “deverá também começar a surgir facilitada por uma procura mais dinâmica, tanto em retalho como em escritórios, e por uma maior propensão ao financiamento por parte das entidades bancárias”, remata aquele gestor.

Novidades em 2016 no Algarve e nos centros comerciais

Unânime é também a opinião dos especialistas do mercado quanto a novos negócios a concretizarem-se em 2016 no mercado dos centros comerciais. Recorde-se que a maior operação imobiliária de 2015 foi a aquisição do Almada Forum e do Forum Montijo (um negócio próximo dos €400 milhões, segundo apurou o Expresso) pela Blackstone. Os centros comerciais eram detidos pela CG Malls Europe, um fundo do alemão Commerzbank.

Para este ano, quer Francisco Horta e Costa, diretor-geral da CBRE, quer Luís Rocha Antunes, diretor do departamento de investimento da CW, preconizam grandes negócios envolvendo “centros comerciais da primeira e da segunda liga”. Francisco Horta e Costa especifica que serão entre “cinco e seis centros comerciais”, ativos de grande dimensão que ajudarão a bisar este ano o valor recorde de €2 mil milhões ao nível do investimento no imobiliário comercial que se conseguiu em 2015.

Uma novidade para 2016 é a “promoção de produtos novos no Algarve”. Como refere Francisco Sottomayor, diretor do departamento de investimento da CBRE, “o que existe em carteira é datado” por isso haverá novidades quanto à construção de novos empreendimentos direcionados para o turismo residencial em Vilamoura e Albufeira, por exemplo. Recorde-se que os ingleses e agora também os franceses, a reboque do Estatuto do Residente Não Habitual, estão a comprar em força no Algarve.

Para o sector dos escritórios e segundo Pedro Salema Garção, diretor-geral da Worx, “o ano de 2016 começa com uma procura ativa de mercado de cerca de 107.000 m2, que transitam do ano 2015, um bom indicador para a performance deste ano”. As procuras ativas centram-se maioritariamente na zona centro de Lisboa, verificando-se igualmente um “claro aumento de pedidos para a zona ribeirinha, onde se prevê a deslocação de algumas empresas e a instalação de grandes ocupantes com o consequente desenvolvimento de comércio e serviços de suporte a um claro aumento de atividade nesta zona”, reforça ainda este responsável.

Ainda assim, continuará a acentuar-se a escassez de oferta nova para 2016, o que pode condicionar o número de transações. Faltam essencialmente espaços de grandes dimensões para arrendar a empresas, tanto portuguesas como multinacionais. “Aliás, neste momento é mais difícil arrendar pisos com 250 m2 do que prédios inteiros com 10.000 m2”, diz Francisco Horta e Costa, diretor da CBRE.

Um bom exemplo é a torre de 17 andares que vai nascer em Picoas pertencente ao fundo FLIT - Fundo Lazer Imobiliário e Turismo, gerido pela ECS Capital. A dois anos da sua conclusão já tem os seus 22.000 m2 de área ocupada a 90% por uma consultora e uma sociedade de advogados.

Fonte: Expresso

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