29 janeiro 2014

Profissionais entram confiantes em 2014 depois do pior ano de escritórios de sempre


O ano de 2013 mostrou ser o pior ano do mercado de escritórios em Lisboa desde 1998, tendo atingido um total de área contratada de 77.802m2, uma quebra de 24% face à área contratada em 2012, de 101.974m2. 
Estes dados são da Aguirre Newman, recentemente divulgados, e mostram que a colocação de escritórios entre 2010 e 2013 registou níveis médios anuais inferiores a 98.000m2, que comparam com a média anual superior a 160.000m2, entre 2003 e 2009. 

Durante este ano, o número de operações registou apenas mais 1 do que em 2012, embora a superfície média contratada tenha sido inferior ao ano anterior. Assim, a superfície média contratada por transação foi inferior a 2012, de 418m2, que compara com os 551 do ano anterior (uma quebra de 24%).

Todas as zonas, à exceção da CBD, do Corredor Oeste e da Zona 7 registaram uma superfície média contratada por transação interior à de 2012.

A maioria das operações verificaram-se no Corredor Oeste, com 58 registos, e por outro lado, o CBD registou apenas 16 transações.

Contrariamente, destacam-se a Zona Secundária e o Parque das Nações, que registaram mais 17 e 15 transações, respetivamente, face ao ano anterior. Já o Prime CBD e o Corredor Oeste registaram menos 17 e 11 transações, respetivamente.

E o maior crescimento da área contratada em 2013 registou-se no Corredor Oeste, contrariamente à Zona Emergente, que registou a maior quebra, de 23.094m2 colocados.

Eduardo Fonseca, diretor do departamento de Escritórios da Aguirre Newman, comenta que «tal como já havíamos projetado, 2013 registou a pior absorção de escritórios em Lisboa dos últimos 10 anos. Após uma ligeira recuperação em 2012, onde foram registados 101.974m², o mercado voltou a cair, marcando um novo mínimo histórico». 

As maiores operações de arrendamento de escritórios em 2013 foram protagonizadas pela consultora Worx, que liderou o número total de áreas comercializadas nas zonas 1 (Eixo da Av. da Liberdade à Praça do Saldanha), 2 (Eixo da Praça do Saldanha a Entrecampos e Amoreiras) e 6 (Eixo da Autoestrada A5 de Miraflores a Paço D'Arcos), tendo ainda fechado a 2ª maior operação da zona 3 (Eixo da 2ª Circular ao Campo Grande, incluindo Praça de Espanha / José Malhoa).

Pedro Salema Garção, head of agency da Worx, comenta que a consultora se destaca pela sua «atividade em contraciclo económico pois detêm cerca de 27% da quota de mercado dos negócios feitos entre agentes, um aumento de 2%, quando comparado com o período homólogo (25%)».

De acordo com a Worx, a mudança de instalações foi o principal motivo das colocações, representando 62% das mesmas, num total de 48.821m2, seguida pela entrada de novas empresas, com 15% do total.

Ainda, 28% da área colocada diz respeito a espaços entre so 300m2 e os 800m2, e 50% da mesma é inferior a 800m2. 75% da área transacionada neste ano é usada, e os setores mais dinâmicos foram Serviços e Empresas e TMT’s e Utilities, representando 21% do total cada.

O responsável adianta, ainda, que a Worx tem atualmente «cerca de 110.000m2 de procura activa e não temos oferta que preencha os requisitos, pois 50% são áreas entre 2.000m2 e 12.000m2». Salienta, no entanto, que esta carência de nova oferta de escritórios para grandes áreas, «torna-se uma oportunidade pois existe potencial de continuar a atrair Portugal como um centro de Shared Services e BPO (Business Process Outsourcing), o que acreditamos que se consolide, nos próximos dois anos».

No caso da Cushman & Wakefield, de salientar a venda do edifício de escritórios Liberdade 108 ao fundo alemão GLL por 10 milhões de euros (embora a operação tenha sido fechada já em janeiro, foi desenvolvida ao longo de 6 meses), e dos edifícios Espace e Explorar, em nome da TMW Pramerica Property ao investidor suíço AFIAA por 30 milhões de euros, e num total de 15.000m2.

Eric van Leuven, managing-partner da Cushman & Wakefield, que partilhou o seu «otimismo cauteloso relativamente ao ano que agora acabou», comenta que embora «o período de ajustamento não tenha acabado, parece claro que a confiança dos consumidores e das empresas está num nível mais alto dos últimos anos. Também internacionalmente, a enorme liquidez no mercado de capitais, que já se traduziu em algumas grandes transações em Espanha, faz prever mais investimento em Portugal», o que deverá refletir também no mercado de escritórios.

Por outro lado, Fernando Ferreira, novo diretor de Capital Markets da Jones Lang LaSalle considera que «o mercado de investimento costuma antecipar um pouco aquela que é a tendência do mercado no futuro. Há uma questão de perceção, segundo a qual os investidores estarão mais recetivos a apostar primeiro no mercado do que propriamente as grandes empresas estarão dispostas a expandir o seu negócio e a ocupar mais espaço de escritórios do que antes», refere o responsável em entrevista à Vida Imobiliária.

«Acredito que o primeiro movimento é este sinal já dado pelos investidores, e que Portugal está neste momento no caminho da retoma. Como consequência desse movimento iremos ver posteriormente todas as outras áreas do imobiliário, nomeadamente a da ocupação, a retomarem também níveis que não podem ser de todo os níveis dos últimos dois anos», continua, ainda.

Por fim, Eduardo Fonseca completa que, tendo em consideração os ténues sinais de retoma da económica, a diminuição do desemprego, com os consequentes reflexos na estrutura das empresas e acreditando na manutenção destas tendências num quadro de estabilidade política, «2014 será um ano em que se assistirá ao registo de uma absorção superior à registada em 2013, como evidencia o aumento do número de negócios por nós realizados neste início do ano, que apesar do curto tempo decorrido, contamos já com um crescimento face ao mês de janeiro de 2013».

A consultora prevê que a vacancy rate diminua, e um take up entre os 80.000m2 e os 100.000m2. As rendas, por seu turno, não deverão cair, à exceção da zona Prime CBD, que poderão chegar aos 16,5euros/m2. Paulo Silva, managing partner da empresa, explica que «ainda não baixaram porque os edifícios ainda não têm as áreas colocadas. Os espaços são muito bons, mas ainda desajustados». Por outro lado, as yields devem baixar este ano.

Fonte: VI

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