23 fevereiro 2013

Apoio ao desenvolvimento urbano sustentável e à potenciação das chamadas cidades inteligentes


As cidades são organismos vivos que se transformam a ritmos pautados pela necessidade da sociedade, cada vez mais frenéticos, apresentando constantes transformações estruturais que levam a desequilíbrios profundos na qualidade de vida dos seus habitantes, tornando-se urgente reflectir sobre novos modelos de gestão urbana numa óptica de desenvolvimento sustentável.

Sustentabilidade Urbana e Desenvolvimento Urbano Sustentável são os desafios do presente, comportando a intervenção no território numa perspectiva de integração das dimensões social, ambiental e económica. Diversos esforços têm sido efectuados no sentido de apoiar o desenvolvimento sustentado das cidades, como a definição de estratégias políticas internacionais ou a definição de indicadores de sustentabilidade urbana por parte de fundações e grupos económicos privados. Contudo, apesar de tais directivas, as cidades continuam a enfrentar problemas ambientais, económicos e sociais.

Têm entretanto surgido vários sistemas internacionais de avaliação e certificação de áreas urbanas com base em metodologias estabelecidas, como o BREEAM Communities, o LEED for Neighborhood Development, e o SBTool Urban Indicators, ainda em desenvolvimento por parte do iiSBE internacional. Estes sistemas de avaliação independentes constituem uma ferramenta fortíssima no apoio ao desenvolvimento urbano sustentável, pois apresentam directrizes com medidas concretas de forma a atingir determinado nível na escala de avaliação, permitindo ainda a comparação do desempenho em termos de sustentabilidade global. Não obstante o nível atingido, o objectivo destes sistemas é, em última instância, contribuir para a melhoria da qualidade de vida nas cidades, e por conseguinte, o esforço em atingir qualquer dos créditos através da implementação de medidas de melhoria constitui já um passo importante nesse percurso.

Mais recentemente, surgiu o fenómeno da «cidade inteligente» com base nas tecnologias de informação e comunicação, visando a antecipação de problemas, a rapidez de resposta e a gestão eficiente, em âmbitos como a governação, a energia, a mobilidade, os transportes, a gestão da água, a gestão dos resíduos, segurança pública, saúde, cultura, turismo, etc. A implementação deste tipo de «inteligência» nas cidades permitirá fazer poupanças, melhorar a gestão e servir melhor os cidadãos, apesar de não existirem fórmulas absolutas, pois cada cidade comporta as suas especificidades próprias. A inteligência estará pois na adopção da tecnologia como complemento de apoio ao desenvolvimento de cidades mais sustentáveis e não na utilização em si, de forma isolada e desarticulada com os restantes «modos» de intervir nas cidades.

Apesar de tudo isto, não existe ainda um conceito único e consensual de «cidade inteligente», apenas a dispersão de programas e projectos, com objectivos diversos, que se têm vindo a desenvolver um pouco por todo o mundo. A própria União Europeia tem vindo a focar o tema na agenda politica, particularmente com a Estratégia Europa 2020, a Iniciativa «Smart Cities and Communities» e com a aprovação de projectos de investigação no âmbito do 7º Programa Quadro, associados ao potencial das TIC. Segundo alguns estudos desenvolvidos em 2012, contam-se cerca de 140 projectos de «cidades inteligentes» pelo mundo, apresentando diferentes graus de maturidade. Desde projectos onde o foco se centra apenas num dos âmbitos das possibilidades de facilitação da «inteligência» de uma cidade (transportes públicos inteligentes, por exemplo), a programas de desenvolvimento urbano que integram sinergias entre os vários âmbitos com plataformas digitais de informação abertas (aplicações para smartphone, por exemplo, para difundir informação e promover a participação activa dos residentes em prol da melhoria da sua cidade).

De entre os vários exemplos levados a cabo, destacam-se dois tipos de iniciativas de cidade inteligente, apresentando restrições, montantes de investimento e horizontes temporais proporcionais à sua dimensão. Por um lado, projectos de menor escala, tipicamente adoptados na Europa, como Amsterdam Smart City na Olanda ou Smart Santander em Espanha, que são integrados em programas de regeneração urbana e se centram em determinadas especificidades socio-ecocnómicas da cidade existente. Em Amsterdão são introduzidas acções ligadas à mobilidade eléctrica, monitorização energética ao nível do edificado, iluminação pública inteligente, informação turística … Em Santander sobressaem as aplicações tecnológicas para a participação pública e in formação turística e os sistemas com recurso a sensores para gestão da rega e iluminação públicas, do trânsito, do estacionamento inteligente… Por outro lado, os projectos de maior escala que prevalecem a Oriente, integrados na construção de cidades de raiz como são os casos de Masdar City nos Emirades Árabes Unidos ou New Songdo Smart City na Coreia do Sul.

Estes projectos podem ser promovidos pelo Governo ou desenvolvidos em cooperação entre autoridades locais com parceiros, e podem inclusivé ser aplicados em áreas circunscritas de uma cidade (campus universitário, parque tecnológico, etc.) com o objectivo de testar e demonstrar os efeitos positivos a estender ao restante território.

Diversas empresas se têm revelado fortes aliados no desenvolvimento de cidades inteligentes, através do desenvolvimento de tecnologia de informação e comunicação de poio adaptada à especificidade de cada urbe, apresentando algumas delas iniciativas de avaliação das cidades e que visam posicionar as mesmas em termos de inteligência urbana, incutindo um sentido de competição interessante. Empresas como a Cisco; a IBM com o programa «Smarter Cities Challenge»; a Siemens com o «Green City Index»; ou a INTELI com o «Índice de Cidades Inteligentes 2020».

Gostaríamos que em Portugal, mais projectos como o NEDO, fossem possíveis de se concretizar, sendo uma base de incubação de ideias para as cidades mais sustentáveis e inteligentes, no MUNDO. Podremos aqui ainda ser os melhores e uma referencia. Portugal, tem competências para ser um exemplo, esperemos que consigamos trabalhar nesse sentido. A ECOCHOICE tem participado em vários temas associados à Smart Cities com várias camaras, mas consideramos que Portugal ainda não tem o EXEMPLO que precisa ter. Esperamos que a cidade de Lisboa se possa assumir como a CIDADE lider neste tema, usando o porjecto NEDO, para tal.

Por Isabel Santos, Administração da Ecochoice
Fonte: Pontos de Vista

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