05 março 2013

Venda de casas caiu 50% nos últimos dois anos em Portugal


Nos últimos dois anos, o número de casas vendidas em Portugal caiu para metade.

Só em 2011, a venda de casas baixou 20% face ao ano anterior, totalizando 167 496 imóveis transacionados; no ano passado, a quebra terá sido superior, calcula a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). "A minha previsão para 2012 é de que a redução no número de transações seja ligeiramente superior a 25%", diz Luís Lima, presidente da APEMIP

A dificuldade em obter crédito e a queda do rendimento disponível das famílias explicam a queda nas vendas, enquanto os preços estão a ser pressionados pelo crescente número de casas colocadas pelos bancos no mercado. Desde o ano 2000 que o número de casas vendidas tem vindo a descer. Os dados recolhidos pelo Gabinete de Estudos da APEMIP dão conta que até 2011 a descida foi de 50%. Em termos de regiões, Lisboa (-61%), Algarve (-57%) foram as zonas do país onde a retração do mercado foi mais acentuada.

O valor médio das transações também tem vindo a recuar: em 2011, a quebra foi de 19,8% e no ano passado terá sido superior , estima Luís Lima. Globalmente, o valor médio dos imóveis caiu de 2010 para 2011 de 91,5 mil, para 73,4 mil euros. Embora, registando uma descida, Lisboa e Algarve são as zonas do país onde o valor médio das transações é mais elevado , com 141 mil e 122 mil euros, respetivamente. Já os Açores é a região onde a média do valor das transações é a mais baixa: pouco mais de 36 mil euros.

Ricardo Sousa, administrador da Century 21, confirma o colapso do mercado. "Fechámos 2012 com um valor médio por transação na ordem dos 100 mil euros. No ano anterior, esse valor era ligeiramente acima", diz. "Houve um recuo sobre o valor médio da transação de cerca de 10%", continua. Mas isso não significa que tenha havido uma desvalorização dos imóveis na mesma ordem de grandeza. Houve sim, explica o administrador da Century 21, "mais procura e mais transações realizadas em imóveis com valores mais baixos". "Neste momento quem vende são as famílias que têm muita urgência em vender as casas, o que faz com que sejam mais agressivos no valor da venda do imóvel", constata Ricardo Sousa. A pressão é "mais no segmento médio e médio baixo, nos imóveis entre os 70 e os 80 mil euros", diz o responsável da Century. "Em Lisboa e nos principais centros urbanos, o valor mantém-se estável", afirma.

O facto das "casas vendidas pelos bancos estarem a ter um peso maior na totalidade das vendas" também contribuiu para a descida do valor médio das transações, pois são "imóveis com um valor mais baixo", refere Miguel Poisson, diretor-geral da imobiliária ERA. "Em muitas zonas do país, o número de casas colocadas pelos bancos [à venda] já representa 25% do volume de negócios das imobiliárias", precisa.

Se o peso da oferta de imóveis dos bancos está a afetar o preço médio das transações, a dificuldade em obter crédito à habitação também tem levado à diminuição do número de venda de casas. Os números avançados por Miguel Poisson dão conta do travão da banca ao financiamento. "Em 2007, o valor médio mensal de financiamento praticado pelos bancos [no crédito à habitação] era de 1800 milhões de euros. No ano passado, foi de 160 milhões de euros", diz.

Resultado? Um número crescente de pessoas tem optado pelo arrendamento. Na Remax o arrendamento já representava o ano passado "entre 55 a 60%" dos negócios, adianta Beatriz Rubio, CEO da Remax Portugal. Já a venda de casas ficou-se por pouco mais de 40%. Isto porque "desde 2008 que a descida tem sido brutal".

O peso do arrendamento nas operações das imobiliárias é crescente. Na Century 21, por exemplo, nos dois primeiros meses deste ano o arrendamento representou 55% das transações. Há quem não tenha urgência em vender a casa e opte por arrendar e quem compre para arrendar, descreve Ricardo Sousa. Na Century 21 esse tipo de investidor já representa 12% dos negócios. E com a crise, deverá haver mais oferta para arrendamento. E preços mais baixos.

Fonte: Dinheiro Vivo

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