O número de imóveis das famílias entregues à banca diminuiu, entre 2011 e 2012, mas os das empresas subiu.
Desde que iniciou a crise (em Setembro de 2008), famílias e empresas têm tido cada vez mais dificuldade na obtenção de crédito imobiliário, assim como de pagar os aprovados. Resultado: ao fim de um processo de negociações prolongadas com os bancos muitos vêem-se obrigados a devolver os seus imóveis a estas instituições que, por sua vez, voltam a colocá-los para venda.
Apesar deste fenómeno ter afectado muitas famílias, “entre 2011 e 2012, a quantidade de imóveis devolvidos por empresas foi superior”, disse ao i o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). “O número de imóveis entregues pelas famílias terá diminuído, muito devido à sensibilidade da própria banca que começou a aceitar a renegociação dos créditos com os particulares”, acrescenta.
“É importante notar que a entrega do imóvel é uma solução de último recurso que apenas tem lugar quando todas as restantes formas de solucionar a dificuldade do cliente em cumprir as suas obrigações com o crédito à habitação estão esgotadas”, afirma fonte do BCP, explicando que a sua actividade primordial não passa pelo mercado imobiliário, pelo que não é do seu interesse que os seus clientes entreguem os imóveis. “Aquilo que o Millennium BCP faz é negociar os spreads, períodos de carência e o aumento das maturidades dos créditos”, acrescenta a mesma fonte.
Segundo os bancos contactados pelo i, a venda de imóveis não é feita para obter lucro, mas têm recorrido a vários canais para os escoar, como é o caso da sua própria força de vendas, dos mediadores externos e dos leilões. Pratica assim condições de venda, por norma, mais apelativas, “possibilitando 100% de financiamento, spreads por metade dos praticados no restante crédito, isenção de custos de avaliação e das despesas de dossier”, explica Miguel Poisson, da ERA. A banca nega, contudo, que estes activos sejam vendidos ao “desbarato”. Isso não impediu que outra fonte bancária nos tivesse garantido que vende os seus imóveis com um desconto médio de 25%, em relação aos valores de mercado. O director-geral da Century 21, Ricardo Sousa, veio por sua vez reforçar a ideia de que os valores praticados pelos bancos são os tradicionais. “Estas casas não são mais baratas, estão a ser comercializadas a valores de mercado. Pelo contrário, são as famílias com mais urgência em vender as suas casas, que estão a praticar preços mais agressivos para garantir uma venda rápida”, reforça.
Luís Lima alerta que a banca portuguesa sabe que “esse caminho (de vendas ao desbarato), experimentado no início, gera ciclos viciosos que fazem acumular mais imóveis e apenas se traduz na delapidação de uma riqueza construída durante anos com tantos sacrifícios”.
O escoamento destes imóveis está a afirmar-se pela via da mediação imobiliária.
Na Century 21, o negócio representa 25% do total de transacções e de 20% da facturação. Actualmente, tem 650 imóveis de bancos em carteira. Já a ERA tem 12 mil, tendo mais que os duplicado em 2012 (face a 2011). Cerca de 25% das suas vendas foram provenientes de imóveis da banca.
Fonte: iOnline
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