A eficiência energética é já uma necessidade e as certificações são obrigatórias. E porque existe uma maior consciência sobre este tema, vão surgindo cada vez mais projectos em Portugal de construção sustentável. Foi com a determinação de darem também um contributo nesta matéria que um engenheiro e um arquitecto decidiram criar a Homegrid, uma empresa de construção sustentável.
Depois disso, o engenheiro João Marcelino e o arquitecto João Gavião resolveram dar um outro passo e, juntamente com o engenheiro Rafael Ribas, fundaram a Associação Passivhaus Portugal. Enquadra-se na estratégia que foi estabelecida pela Homegrid e pelo Passivhaus Institut, a 28 de Maio de 2011, em Innsbruck (Áustria), durante a 15.ª Conferência Internacional Passive House.
Os fundadores explicaram ao SOL que o objectivo para implementar o conceito em Portugal passava por, em primeiro lugar, construir e certificar o primeiro edifício Passive House em Portugal; em segundo, monitorizar a sua performance e, em terceiro, criar a Associação Passivhaus Portugal. Após a construção dos primeiros edifícios Passive House certificados em Portugal e o início da sua monitorização, a associação foi criada, em Novembro do ano passado.
Desempenho dos edifícios é norma
Mas afinal em que consiste a Passive House? Segundo João Marcelino e João Gavião, é um conceito construtivo que define um padrão eficiente sob o ponto de vista energético, confortável, economicamente acessível e ecológico. Não é um estilo ou linguagem arquitectónica, mas sim uma norma que assenta no desempenho dos edifícios e obriga ao cumprimento de requisitos muito objectivos.
Esses requisitos passam por necessidades de aquecimento ou arrefecimento inferiores a 15kWh/(m²a) ou carga máxima para aquecimento inferior a 10W/m²; necessidades de energia primária inferiores a 120kWh/(m²a); estanquidade ao ar, verificada através do blower door test com um resultado inferior a 0,6 renovações por hora; e temperatura interior mínima de 20° e máxima de 26º, não podendo ocorrer um excesso de temperatura em mais de 10% do tempo.
Para alcançar esses requisitos é necessário definir espessuras adequadas de isolamento nos elementos da envolvente; definir portas e janelas adequadas a uma Passive House; definir um sistema de ventilação eficiente com recuperação de calor; garantir a estanquidade ao ar do edifício e evitar pontes térmicas no edifício.
Primeiros projetos surgiram em Ílhavo
As casas de Ílhavo foram os primeiros projetos da Passivhaus em Portugal. João Marcelino e João Gavião explicam o processo: «A procura do elevado desempenho a nível energético foi a base de partida para as duas moradias em Ílhavo e a aplicação da norma Passive House garante esse desempenho. É o mais elevado padrão de eficiência energética a nível mundial, as poupanças atingem os 75% em comparação com os edifícios convencionais e de acordo com a regulamentação actual».
Além disso, «a Homegrid procurou também a eficiência hídrica e a produção de alimentos. Foi criada a marca WEFI-BUILDING (Water Energy Food Almost Independent Building). O conceito WEFI BUILDING foi aplicado na íntegra a uma das moradias».
Neste projecto os dois especialistas adiantam ainda que, com esta visão holística, pretendeu-se criar um edifício de elevado desempenho ao nível da sustentabilidade. O bom nível de desempenho ambiental foi confirmado pela classificação de A+ no âmbito da Certificação LiderA (Sistema Voluntário para Avaliação da Construção Sustentável). Foi também reconhecido pelo Wuppertal Institut (Instituto para o Clima, Ambiente e Energia), da Alemanha, que considerou este projecto como um exemplo de boas práticas ao nível da sustentabilidade.
Formação é prioridade
A aposta na formação será a grande actividade da Associação Passivhaus Portugal no imediato, pela necessidade de criar massa crítica e impulsionar o conceito em Portugal. Os especialistas já iniciaram um ciclo de seminários intitulados ‘Introdução à Norma Passive House’, através de parcerias com universidades e institutos.
Neste momento encontram-se a preparar uma formação mais avançada. O ‘Certified Passive House Tradesperson’ é um curso oficial do Passivhaus Institut,com duração de três dias, e terá início a 21 de Setembro no ITeCons, em Coimbra. Está ainda prevista primeira edição do curso ‘Certified Passive House Designer’ (outro curso oficial), no início de 2014.
Fonte: SOL

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