19 agosto 2013

Mediadoras vendem 50 casas a chineses. “Golden visa abriu o telejornal na China"


As duas principais mediadoras imobiliárias no país – Remax e Century 21 – já venderam 50 imóveis a chineses. E na Era há lojas, como a do Parque das Nações – uma das localizações preferidas em Lisboa – onde este mercado representa 20% da faturação, disse ao Dinheiro Vivo, o diretor da empresa, Miguel Poisson. 

Em causa estão os golden visa, o mecanismo aprovado pelo Governo em Fevereiro e que dá direito de residência em Portugal a quem fizer investimentos imobiliários a partir de 500 mil euros. 

Contudo, apesar de terem atingido estes números em apenas cinco meses, o golden visa está longe de ser um filão. “Há muita procura, mas como moram longe e estão sempre a viajar os negócios demoram muito tempo a fechar. 

"Além de que é um nicho de mercado muito pequeno com o qual não estamos a contar para suportar o nosso crescimento", disse, o admnistrador da Century 21, Ricardo Sousa. 

O mesmo se passa na Remax. “Gosto muito que os chineses venham para Portugal, mas não se pode estar só baseada neles. Sem as 30 casas de mais de 500 mil euros que lhes vendemos também estaríamos a crescer”, reparou a CEO Beatriz Rubio. 

O golden visa parece ser mais interessante para mediadoras de luxo, cujas casas custam quase sempre mais de 500 mil euros. E o caso da Porta da Frente, a representante da Christie’s em Portugal, que já vendeu 18 imóveis no âmbito do golden visa, cerca de 12 a chineses. “Este mecanismo tem ajudado muito e já pesa 30% no nosso volume de negócios”, disse o diretor-geral da empresa, Rafael Ascenso. 

“Da China avisam-nos que é uma moda” 
Outro factor que faz com que as empresas não estejam a contar muito com os investimentos dos chineses tem a ver com questões culturais. 

O golden visa até foi abertura dos telejornais na China, mas os nossos parceiros lá avisaram-nos que os chineses são de modas e que estas tendências duram pouco tempo, no máximo uns 16 meses, e depois partem para outro país. O ano passado era a Florida”, contou Ricardo Sousa. 

É por isso que estas mediadoras estão já a procurar alternativas. “Outros cidadãos que em breve farão parte desta lista serão os russos”, disse Miguel Poisson. Não admira, portanto, que a Century 21 esteja em contacto com as lojas da marca na Rússia para divulgarem a existência deste mecanismo do Governo. Ou, que a Porta da Frente tenha fechado um negócio com um investidor da África do Sul e tenha contactos com árabes. 

O que procuram os estrangeiros 
O primeiro investidor chinês a receber um golden visa gastou 750 mil euros num apartamento no edifício Rosa Araújo, um projeto de luxo do grupo Espírito Santo em Lisboa, onde os preços superam o milhão de euros. 

Contudo, esta casa – tal como a maioria das que são compradas para obter o visto – não são para morar. “Eles não estão cá porque gostam do país ou porque temos muito sol. Não têm qualquer relação emocional com o país. Para eles isto é um negócio”, conta Ricardo Sousa. 

O que lhes interessa, diz o administrador da Century 21, é ter rendimento e por isso colocam as casas para arrendar. É por isso que não são raros os casos em que compram mais do que uma casa que, somadas, superam os 500 mil euros, conta, por sua vez, Rafael Ascenso, que mediou a venda na Rosa Araújo. 

Ou que procuram “casas novas, de arquitetura moderna e com vista de rio ou mar, junto a comércio e serviços e que lhes tragam boa rentabilidade”, repara Miguel Poisson, acrescentando que preferem casas em Lisboa – no Parque das Nações -mas também Sintra, Estoril e Cascais. “E agora estão a olha muito para Tróia”, acrescenta Ricardo Sousa. 

Mas os chineses não são os únicos com gostos particulares. “Os brasileiros só querem casas com 400 metros quadrados e em condomínios, como as que têm no Brasil e cá isso é muito difícil”, conta Beatriz Rubio, da Remax. E é também “importante a existência de um terraço ou varanda”, diz Miguel Poisson.

Fonte: Dinheiro Vivo

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