O mercado de escritórios está cada vez mais competitivo, em particular no segmento mais premium, pressionando os proprietários destes edifícios a rever preços em baixa para atraírem ocupantes.
Apesar da recuperação da economia e consequentemente do imobiliário, é expectável que a concorrência continue em alta, o que manterá a pressão sobre as taxas de ocupação e sobre os preços. Mas será que os proprietários, em particular os de edifícios de escritórios premium, irão continuar a competir apenas em preço?
Não deveriam, até porque o preço per se não constitui uma vantagem competitiva sustentável e a localização é "apenas" mais um argumento, pois oferta em boas localizações com bons acessos e boa envolvente existe em abundância na cidade de Lisboa (vejam-se os edifícios no Parque das Nações ou na Avenida da Liberdade só para dar dois exemplos).
Então, se a competição pelo preço não é sustentável e a localização não é, afinal, um argumento suficiente, como poderão os edifícios de escritórios premium competir?
Acredito que, para quem não quiser competir em preço, terá de se colocar noutro patamar de qualidade, investindo fortemente no espaço físico e na experiência de utilização. Assim, os edifícios premium que irão gerar mais valor no futuro serão aqueles que investirão no aumento da qualidade técnica das condições de trabalho, com impacto direto na motivação e na produtividade dos ocupantes (trabalhadores).
Alguns exemplos destes investimentos poderão ser feitos na melhoria da qualidade do ar, na segurança, na qualidade do isolamento acústico e solar, ou na capacidade dos sistemas de gestão técnica dos edifícios que permitam, por exemplo, um controlo rigoroso (e transparente para o ocupante) de parâmetros tais como temperatura, dióxido de carbono, humidade, entre outros.
No entanto, a qualidade do ambiente de trabalho vai muito para além do espaço físico, passando também por fatores que influenciam a experiência de utilização.
Estes fatores podem passar pela comunidade de serviços oferecidos às pessoas que trabalham no edifício ou pelas atividades disponibilizadas pela gestão do edifício. No fundo, trata-se de alinhar os interesses de proprietários e os interesses dos ocupantes dos espaços, pois o sucesso destes (trabalhadores e suas empresas) pode traduzir-se em retenção para os proprietários e a possibilidade de aumento de área ocupada ou de aumento do preço praticado!
Por Luis Teodoro, diretor do departamento de Property and Asset Management da CBRE
Fonte: OJE
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