11 maio 2014

Vistos gold não chegam aos resorts


Os vistos gold tornaram-se a mina de ouro dos promotores portugueses mas o imenso potencial de investimento que vem do Oriente não está a chegar facilmente aos resorts de luxo do Algarve. Dos 781 vistos dourados atribuídos até ao final do mês de março, apenas cerca de 150 terão sido concedidos por aquisição de imóveis em empreendimentos de turismo residencial do Algarve e na zona de Troia, segundo contas feitas pela Associação Portuguesa de Resorts (APR), que tem entre os seus 25 associados todos os grandes resorts edificados em Portugal. 

"No universo dos vistos gold representa apenas 20%, o que é muito pouco", sublinha Diogo Gaspar Ferreira, (presidente da APR, acrescentando que há capacidade para muito mais mas isso implica não só mais promoção mas algo que tem falhado até agora: ligações aéreas diretas. 

E dá o exemplo do mercado russo, um mercado de grande potencial, o segundo na captação de vistos gold mas ainda com um valor muito pouco significativo. Recorde-se que. dos 781 vistos de residência concedidos, 636 foram para cidadãos chineses, 28 para russos e 21 para brasileiros. 

"O mercado russo é muito importante para nós mas ainda não o conseguimos atrair, o que é pena porque o cliente russo não quer apenas o golden visa mas também desfrutar da casa", sublinha Diogo Ferreira, que na qualidade de presidente do resort Vale do Lobo tem estado atento a este mercado nos últimos quatro anos. "Temos de aumentar o número de voos entre Moscovo e Portugal. Os espanhóis foram hábeis em fazê-lo e conseguiram mais ligações aéreas para Espanha. Nós só temos voos diretos para o Algarve durante dois meses por ano. É preciso conseguir acordos com companhias russas para fazer voos durante o inverno, a altura do ano em que os russos querem vir para Portugal". 

A mesma situação se impõe para o caso dos investidores chineses. "Para ir para a China temos de ir do Dubai para Pequim. Os espanhóis, em contrapartida, já têm ligações diretas. Porque não conseguimos nós ter ligação Pequim-Lisboa?", questiona-se, acrescentando, convicto, que estas ligações multiplicariam por 10 o número de vistos gold atribuídos. 

De 5000 casas para apenas 500 

Mas nem só de investimento chinês vive o mercado imobiliário nacional. Números divulgados recentemente pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal - APEMIP davam conta que tinham sido vendidos nos primeiros três meses deste ano 3.500 casas a estrangeiros, com os ingleses à cabeça com 800 habitações adquiridas. Números que incluem imóveis novos e usados. 

Um valor que representa o retomar, ainda que tímido, da dinâmica imobiliária, mas que está longe do fulgor de outros tempos. "Entre 2002 e 2008, nós vendemos cerca de 5000 casas novas para os estrangeiros (os ingleses absorviam 50%), em média, todos os anos. Isso representava aproximadamente €1000 milhões de exportação de produto novo", diz o responsável, lembrando que a estas 5000 casas novas acresciam mais 15 mil aquisições no mercado de imóveis usados. 

Das 5000 casas vendidas anualmente no período pré-crise passou-se para escassas 500 nos últimos três anos: "Troia terá vendido 150, Pestana cerca de 100, Martinhal 50 a 60, Pine Cliff entre 30 e 40, bem como Vale do Lobo, à volta de 40"... 

Mas a esperança regressou com as medidas estimuladas pelo Governo e que vão além do visto dourado. "Acreditamos que este mercado, muito impulsionado pela lei do Residente Não Habitual e que está a atrair não só ingleses, mas alemães, holandeses e suecos, vai recomeçar a comprar", diz Diogo Gaspar Ferreira. O stock atual de casas novas (algumas medidas estimuladas pelo Governo e que vão além do visto dourado. "Acreditamos que este mercado, muito impulsionado pela lei do Residente Não Habitual e que está a atrair não só ingleses, mas alemães, holandeses e suecos, vai recomeçar a comprar'', diz Diogo Gaspar Ferreira. O stock atual de casas novas (algumas já terminadas há cerca de seis anos mas por estrear) para escoar não vai além das 5000. "Isto não é nada se pensarmos que os espanhóis têm cerca de 300 mil". 

Este interesse crescente motivado pelas duas medidas de incentivo governamental (vistos gold e Lei do Residente Não Habitual) poderá trazer um novo impulso à concretização de projetos que aguardam há alguns anos por luz verde, acredita Diogo Gaspar Ferreira, referindo-se aos cerca de 50 projetos de turismo residencial que esperam por financiamento bancário e uma procura que justifique avançar com a obra. Para promover a procura, a APR vai voltar este ano a promover Portugal em feiras do sector muito direcionadas para o mercado europeu, nomeadamente Londres, Paris, Moscovo, Estocolmo e Oslo.

Fonte: Expresso

1 comentário:

  1. Eu mesmo não sabia disso.
    Valeu pela materia.

    att.
    Alexander
    http://www.imovelbrasil.net/

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