Estar vocacionada só para o mercado de topo dá à Sotheby's uma perspetiva diferente da maioria das mediadoras que atuam no mercado nacional. Se é verdade que os estrangeiros absorvem uma fatia importante da sua faturação, a realidade é que estes clientes estrangeiros da Sotheby's não vêm motivados pelos vistos gold ou pelas benesses fiscais conferidas pelo regime do residente não-habitual. "Quem faz um investimento para viver em permanência em Portugal e que está disposto a gastar um milhão ou dois por uma casa, não vem só pelo regime fiscal mas sim pela vivência que aqui consegue ter. Até porque existem esses regimes fiscais em outros países. O que querem aqui é vivenciar emoções", resume Gustavo Soares, diretor geral da Sotheby's em Portugal.
Das 40 casas vendidas no primeiro trimestre, a um ritmo médio de três por semana, cerca de metade foi vendida a estrangeiros, a grande maioria da Europa. "Os ingleses continuam a ser um grupo importante, nomeadamente no Algarve. E também temos os franceses mas também os brasileiros, pessoas que querem mesmo vir para cá habitar. Depois temos já alguns clientes chineses, libaneses, sírios, que no seu conjunto representam uma parte importante mas que individualmente não têm um peso relevante no nosso volume de negócios."
Os estrangeiros que querem mesmo habitar em Lisboa e não têm intenção de colocar a sua casa no mercado de arrendamento, preferem "o centro de Lisboa e edifícios recentemente reabilitados, com traça, e ainda a linha de Cascais que continua a atrair também muitos compradores. O Algarve é outra base importante aqui em Portugal para os estrangeiros".
Portugueses voltam a comprar luxo
Se no ano passado a Sotheby's teve essencialmente clientes não nacionais para os 51 imóveis de luxo que vendeu (num volume de negócios equivalente a €38,5 milhões), este ano os portugueses regressaram ao mercado e representam atualmente cerca de 50% da carteira de clientes.
"Há, sem dúvida, uma maior propensão para a aquisição por parte dos portugueses este ano. E isso notou-se logo no início do ano com mais portugueses a comprar", confirma o diretor-geral da Sotheby's em Portugal, acrescentando que "existe a perceção por parte destes compradores nacionais de que caso não aproveitem agora as oportunidades que ainda estão disponíveis no mercado, poderá ser mais difícil daqui a algum tempo".
Novas aberturas
Para aproveitar o bom momento que se vive no mercado imobiliário de luxo, a empresa resolveu abrir mais duas filiais, a curto prazo. Uma vai ser inaugurada já em agosto, no Algarve, mais especificamente no Carvoeiro e a outra no Porto, prevista para o mês de outubro.
"Queremos estar em todos os locais onde existam transações imobiliárias de luxo relevantes e quer o Porto, quer o Carvoeiro reúnem essas condições". Se no Porto a potencial clientela é muito transversal, no Carvoeiro o foco está muito direcionado para o mercado alemão. "São pessoas muito ligadas à natureza, que procuram casas isoladas nesta zona do Algarve e que não fazem questão da proximidade a campos de golfe".
Fonte: Expresso
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