15 julho 2014

Paulo Morgado: "Vender casas é como marcar golos"


O administrador da Era Portugal, Paulo Morgado, revela os números do primeiro semestre da empresa: crescimento de 30% e uma facturação de 30 milhões. E deixa "alfinetadas" à concorrência da Remax.
Paulo Morgado é um dos quatro homens que há 16 anos abriu a Era em Portugal. Sem fugir a temas diz que Portugal tem um défice de liderança nas empresas, e que o mercado funciona de forma fechado, monopolizado por "pessoas que almoçam ate às cinco da tarde e controlam as regras do jogo". A mediação diz ser uma exceção feita "por pessoas que trabalham".

Quais foram os resultados do primeiro semestre deste ano? Como comparam com o mesmo período do ano passado? 
No volume de receitas, aumentámos 30%. Estamos a faturar cinco milhões de euros por mês, 30 milhões nos primeiros seis meses. O que é um resultado fantástico. Este crescimento é explicado pelo que e óbvio: a venda de casas. A venda de casas está para o imobiliário como marcar golos está para o futebol. Há vários fatores que levam a que uma equipa ganhe o jogo, que no caso da Era são: a nossa visão não é abrir muitas lojas e atribuir muitas franquias empregando milhares de pessoas; temos um modelo de negócio que visa criar empresas e atrair talento para a rede. A liderança é fundamental, e por isso, muitas vezes me pergunto porque é que os portugueses vão lá para fora e são produtivos, e em Portugal não funcionam. Portugal é um país retardado em termos de liderança.


Porquê? 
Tem que ver com três razões: falta de capacidade e vocação das universidades para formar lideres, um sistema de justiça que não intervém sobre as pessoas que violam as regras do jogo. A terceira tem que ver com os mercados funcionarem de forma fechada. A Era tem a sorte de estar num dos poucos mercados que funcionam em concorrência, e não está na mão de pessoas que almoçam até as cinco da tarde e controlam as regras do jogo. O mercado da mediação é feito por pessoas que trabalham. 


É um mercado em que os números são fidedignos? É que a Era e a Remax dizem sempre que são n.º 1.

Há uma coisa que não somos lideres em Portugal, que é na mortandade de empresas. Se em Portugal vendêssemos 30 ou 40 franquias por ano, segundo outras afirmam nas suas campanhas... 


A Remax? 

Não quero falar em particular, mas segundo a sua propaganda aparecem em revistas a dizerem que são líderes. Segundo essas fontes de informação dizem que contratam 1.000 comerciais por ano. As contas são fáceis de fazer, uma empresa que está há 15 anos em Portugal se abrisse 40 lojas em franchising e contratasse 40 comerciais por ano teria 600 lojas e 15.000 comerciais. Quando isso não acontece é porque três quartos foram para a falência, e houve pessoas que puseram a sua vida profissional em risco. Essa empresa tem assim a liderança da mortandade ao conseguir mandar para o charco centenas de empresas e milhares de comerciais.


Então só pode estar a falar da Remax? 
Eu estou a falar com base nos números que apresentam. Com 40 novas franquias e 1.000 novos comerciais tinham de ter outros números que não têm. Isso quer dizer que têm liderança indiscutível que é a de mandar dar para o charco centenas de empresários e milhares de comerciais. O nosso histórico é outro, e tem a ver com qualidade de gestão e de liderança. A Era em Portugal, e estamos a falar de uma multinacional norte-americana, é um "case-study" em temos mundiais. É uma operação modelar em relação ao que se passa em África, EUA ou Ásia.

As mediadoras aparecem sempre com números muito empolgantes de contratações. Mas este ano quantos empregos líquidos criou a Era? 
A Era não alinha em demagogias baratas, nem em fantochadas. Às vezes vêm para fora perfeitas barbaridades e que não cabem na cabeça de ninguém. Não entramos no campeonato dos números.


Mas a Era também tem apresentado esses números [notícias na imprensa apontam para 1.500 contratados entre 2012 e 2013]...

Sim, estamos numa época de expansão e de crescimento da rede. Mas nestes três anos, fechámos 25 lojas que não foram capazes de lidar com a crise. Mas abrimos 40. Cada loja tem dois directores comerciais, que gere oito pessoas. Temos aumentado os números, mas não precisamos de contratar mil pessoas por ano. Em franchisados estamos a abrir 20 franquias por ano. Em 2016, vamos chegar às 200 lojas, e temos recrutado em termos de diretores de loja cerca de cinco diretores por mês, e 180 comerciais por mês.


Mas isso são 60 diretores, mais quase dois mil comerciais num ano. Isso é possível? 
Antes da crise tínhamos 165 lojas e fechámos 25 nesse período. Estamos a abrir lojas e por isso esses comerciais são para essas aberturas.
Fonte: Negócios

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