Paulo Morgado diz que os vistos "gold" não são estratégicos para o grupo. Em relação aos casos de alegada corrupção na obtenção destes vistos, diz enfaticamente que "não há fumo sem fogo".
O presidente da APEMIP disse em entrevista ao Negócios que na venda de casas da banca já só resta o lixo. É mesmo assim?
Não a li e não gostaria de a comentar. Mas o que posso dizer é que a banca é um excelente parceiro de negócio. Aliás, somos parceiros dos cinco principais bancos e essa aposta foi muito boa para nós.
Há dois anos, neste segmento, uma em cada três vendas da Era eram imóveis da banca. Continua assim?
Não. Há alguns sinais de retoma do crédito hipotecário que não havia há dois anos. O crédito começa a aparecer no mercado imobiliário. Não reduzimos o número de vendas de casas da banca, apenas vendemos mais casas a particulares. Estamos há 16 anos em Portugal e esta é a primeira vez que apanhamos a economia numa fase ascendente. Neste momento, é uma oportunidade importantíssima para crescer e esses fenómeno fará com que a venda de casas da banca pese menos.
Vai ser o melhor ano de sempre para a Era?
Isso não sei, mas será o melhor dos últimos três. Esta-mos a ter uma maior procura de fora do país, não só do Norte da Europa, mas também do mercado inglês. Esperamos agora que não haja um repetir dos excessos do passado.
O discurso político é contra o sector não transacionável. Sente isso na prática dos negócios?
Mas o imobiliário é responsável por muita exportação. Quando vêm chineses, ingleses. russos, alemães é uma forma de vender ativos e trazer investimento para Portugal. Mas penso que devem ser os mercados e não os comentadores a decidir se determinado sector deve ou não continuar a ser aposta.
Mas sente que há um preconceito?
Pelo contrário. Em Portugal, olha-se muito para o mercado imobiliário como um mercado de refúgio para aplicações. Temos um preço de casas que é baixo incluindo os preços de Lisboa e do Porto. O nosso mercado é muito apelativo em termos internacionais. Apenas a Bulgária e a Macedónia, e mais uma ou duas capitais, terão preços mais baixos.
Há dois anos, três em cada quatro casas eram pagas a pronto. O fenómeno mantém-se?
Não. O crédito à habitação cresceu e esse tipo de situação diminuiu.
Qual é a média da percentagem do financiamento que os bancos atribuem?
À volta de 40%, em média. Mas as médias são perigosas.
Os vistos "gold" são a nova galinha de ouro para as mediadoras?
Não. É um fenómeno local, que se passa em Lisboa e em Cascais, e nós somos uma empresa nacional.
Quanto vale na vossa facturação?
Não é relevante no conjunto da rede, será para quatro ou cinco lojas.
Porque estão a perder a guerra com outros concorrentes?
Não, apenas porque é uma procura muito específica. E um nicho de mercado importante, mas não damos uma importância desproporcionada.
As notícias de alegada fraude nestes casos têm-se multiplicado. É difícil atacar este mercado jogando as regras do jogo?
Não usamos essas práticas.
Mas vêem isso na concorrência?
Não há fumo sem fogo. Há alguns representantes desses investidores que vêm ter connosco por terem silo enganados por outras empresas. Acreditamos que há falta de ética na relação com esses clientes.
Nos anos de troika, e tentando fazer uma análise geral, que segmento perdeu mais valor: o de luxo, o alto, o médio, ou o baixo?
Claramente, o segmento baixo. A procura reduziu-se onde o crédito hipotecário é mais presente. Estamos a falar dos arredores do Porto e de Lisboa. E quando a banca fechou a torneira do crédito a procura fechou fechou de forma dramática. Os preços baixaram em média 30% no mercado baixo, 20% no segmento médio e 10% para as casas de gama alta. Mas há hoje em dia uma perceção de que é altura para comprar porque os preços estão a aumentar e vão continuar. E que quem comprar agora vai realizar mais-valias.
Fonte: Negócios
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