19 outubro 2014

Uma em cada cinco casas vendidas é a estrangeiros


Portugueses e estrangeiros estão a comprar cada vez mais casas. O arrendamento voltou a descer.
Uma em cada cinco casas vendidas pelas 160 agências da ERA foi adquirida por um estrangeiro. O rácio, divulgado esta semana por Miguel Poisson, administrador do grupo imobiliário, vem confirmar a tendência atual no mercado imobiliário português, cada vez mais dinamizado por chineses, brasileiros, franceses. Esta movimentação, ainda que esteja muito concentrada em Lisboa, começa também a expandir-se para outros pontos do país, com grande destaque para o Algarve, onde ao contrário de Lisboa, não faltam casas em stock para vender em todas as zonas da região. No Algarve, o sol, as praias e o golfe são mais-valias importantes, seja para quem está a comprar para rentabilizar seja para quem quer viver em Portugal em permanência.

"O distrito de Lisboa cresceu na nossa faturação 54,5% de 2013 para 2014 e o distrito de Faro 24.2%. O Algarve subiu muito este ano. Aliás, nas nossas lojas do Algarve, os estrangeiros já representam 60% da procura", diz Miguel Poisson, em jeito de balanço, acrescentando que a até setembro deste ano a rede já movimentou €700 milhões em imóveis vendidos. 

O frenesim provocado pelos estrangeiros também elevou, em 10%, o preço médio de venda de imóveis da ERA em 2014 (comparativamente a 2013), fixando-se em €120 mil. "A maioria das casas que vendemos é a portugueses e, neste caso, os imóveis com mais procura estão abaixo dos €100 mil. Mas os estrangeiros que compram para adquirir o visto go/d avançam com valores acima dos €500 mil, enquanto que aqueles que se inserem no Regime do Residente Não Habitual fazem compras próximas dos 250 mil. São estes valores que fazem subir o preço médio de venda dos imóveis da ERA", explica. 

16 mil imóveis da banca

A crise económica deixou muitos sem casa, forçados a entregá-las aos bancos por incumprimento das prestações. Uma situação que levou a uma acumulação astronómica de stocks nas instituições bancárias e que têm vindo a ser escoados nos últimos tempos. Mesmo assim, só a ERA tem no seu portfólio 26.480 imóveis da banca - 57% dos quais são imóveis habitacionais e 43% não habitacionais (entre terrenos, armazéns, lojas, escritórios) -, de um total de 150.000 imóveis em carteira. 

"Mas o ritmo de entrada das dações em pagamento está a diminuir e os bancos têm cada vez menos imóveis habitacionais em stock" , diz Miguel Poisson. No segmento não habitacional, onde ainda existe muita oferta de imóveis, também os chineses estão a ganhar peso. "Os chineses estão a comprar cada vez mais lojas de rua, que depois de arrendadas garantem uma boa taxa de rentabilidade". 

No arrendamento, a novidade é a tendência de descida. "Até ao terceiro trimestre deste ano somente 28% das transações são de arrendamento (2.200 imóveis). Recordamos que na ERA, de 2011 para 2012 o peso deste mercado passou de 19% para 34% (um crescimento de 79%) mas de 2012 para 2013 deixou de crescer. Em 2014, o arrendamento está a diminuir novamente. A razão é simples: o ressurgimento do crédito à habitação e o regresso da confiança dos compradores que "congelaram" a sua decisão de compra nos últimos três anos e que agora estão a avançar", especifica este responsável. 

"A troika veio para Portugal tentar mudar as mentalidades e as culturas, mas as culturas não se conseguem mudar. Os nossos pais já tinham o desejo de comprar as suas casas e os filhos também irão comprar. Não é o sonho americano, é o sonho português", remata.

Fonte: Expresso

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