Estudaram todos em Coimbra e alguns trabalharam no ministério de Miguel Macedo em 2004. Coimbra é um ponto em comum entre os principais detidos e suspeitos do caso da alegada corrupção nos vistos ‘gold', que ontem levou mais de cem elementos da PJ a organismos do MAI e da Justiça para buscas e detenções. Além de Coimbra, onde a maioria se licenciou em Direito, alguns dos detidos cruzaram-se também há dez anos atrás no Ministério da Justiça, onde Miguel Macedo era secretário de Estado.
Vamos por partes: António Figueiredo, presidente do Instituto dos Registos e Notariado, ontem detido, licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra e aí conheceu Miguel Macedo, actual ministro da Administração Interna, de quem é amigo pessoal. Manuel Jarmela Palos, director nacional do SEF, também detido ontem no âmbito da mesma operação, licenciou-se em direito na Universidade de Coimbra.
Nesta cidade licenciou-se também, em Direito, Albertina Maria Pereira Gonçalves. Anos mais tarde, em 2004, vai para adjunta de Miguel Macedo na secretaria de Estado da Justiça e é desde há uns anos sócia do ministro da Administração Interna na sociedade de Advogados Miguel Macedo & Albertina Gonçalves. Em 2013, esta advogada entra no Ministério da Agricultura e Ambiente como secretária-geral adjunta da ministra Assunção Cristas e ontem foi também ouvida pela PJ por suspeitas de participação no esquema de angariação de verbas ilegais na aquisição de vistos ‘gold'.
Detida foi também Maria Antónia Anes, a única que não estudou em Coimbra, mas que em 2004 foi também trabalhar para o Ministério da Justiça como adjunta de Aguiar-Branco, então ministro da pasta, de quem Miguel Macedo era secretário de Estado com a tutela dos Registos e Notariado, cuja privatização estava na altura a ser preparada.
Mais tarde, Maria António Anes, que é companheira de Manuel Jarmela Palos, o director do SEF detido, transitou para o Instituto dos Registos e Notariado, liderado por António Figueiredo, o outro detido, e estava actualmente a ocupar o cargo de secretária-geral do Ministério da Justiça.
António Figueiredo, presidente do IRN desde 2007, nomeado pelo então ministro da Administração Interna António Costa, também passou pelo Ministério da Justiça em 2004. Depois de sair da faculdade de Direito fez carreira como conservador e na área dos registos e notariado e Macedo chama-o para dirigir a Direcção Geral dos Registos e Notariado.
Ontem, a investigação sobre a alegada corrupção e tráfico de influências na atribuição de vistos ‘gold' atingiu altos funcionários do MAI e da Justiça e durante o dia chegou a passar a informação de que Miguel Macedo estaria a ser investigado, o que não foi confirmado pelas autoridades.
Fonte: Económico
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