10 novembro 2014

Passive House. Casas que poupam 80% de energia


Sistema de construção Passive House mostra avanços na certificação sustentável em conferência mundial. Mostrar o que se tem feito em Portugal e em algumas das principais regiões do mundo com o sistema de certificação Passive House, bem como chamar a atenção para o retorno que a aplicação desta norma da construção permite na sustentabilidade ambiental, é o principal objetivo da 2' Conferência Passivhaus Portugal, a realizar em Aveiro no dia 29. O sistema Passive House tem vindo a ganhar adeptos por todo o mundo graças à redução dos gastos energéticos - na ordem dos 75 a 80% - que regista em edifícios convencionais adaptados.


As potencialidades desta certificação na reabilitação e na hotelaria, mostrando exemplos concretos em diversos países, será um dos temas principais das intervenções de delegações estrangeiras participantes, nomeadamente de Espanha, de Itália e do próprio Passiv Haus Institut, da Alemanha, onde este conceito nasceu no final dos anos 80. No contexto nacional, destaque para Águeda, que vai ser anunciada, no encontro, como o primeiro município Passive House. 

O arquiteto João Gavião, um dos fundadores da Associação Passivhaus Portugal (PHPT), criada em 2012, sublinha que "faz parte da estratégia da associação procurar envolver os municípios, de modo a conseguir ter cidades e bairros mais sustentáveis". 

De facto não se trata só de poder andar de manga curta pela g casa em pleno inverno ou sentir a mesma temperatura amena no pico do verão, sem recurso a ar condicionado, aquecedores ou ventoinhas. O conforto, a qualidade do ar interior sobretudo, a redução dos gastos energéticos - especialmente significativa a médio e longo prazo - são outros dos trunfos desta norma que já inspirou a construção de cerca de 55 mil edifícios na Ásia, Estados Unidos e Europa (embora apenas uma parte certificada). 

A eficiência energética promovida pelo Passive House é conseguida através de urna série de intervenções técnicas, nomeadamente ao nível do isolamento térmico de portas e janelas e de um sistema de ventilação com recuperação de calor que mantém uma temperatura estável (20 graus no inverno e 25 no verão) e a humidade do ar em níveis adequados, assegurando saúde e bem-estar aos ocupantes e reduzindo drasticamente a emissão de CO2.

Casa de baixo custo

Em Portugal há duas moradias Passive House - localizadas em Ílhavo, construídas em 2011 - e uma mão-cheia de projetos em curso. Um deles é uma habitação unifamiliar "low cost", assim designada porque pretende provar que este tipo de construção pode até ter um custo inferior à edificação convencional. "Em média, há um acréscimo de custos de 5%, mas estamos todos a trabalhar para esbater essa diferença", diz João Gavião, pondo, desde logo, no outro prato da balança os ganhos na redução de consumos. 

Outro projeto em preparação é um alojamento turístico em Ílhavo, para o qual se prevê o final de obras em maio de 2015. "Será uma boa forma de as pessoas poderem experimentar este conceito por uns dias", sugere o nosso interlocutor, realçando tratar-se de "um projeto que estava parado e só foi retomado por ter esta faceta diferenciadora da restante oferta". Um tipo de aposta que, a nível internacional, "está a crescer no sector hoteleiro". 

Para dar o exemplo de que as vantagens Passive House também se atingem na reabilitação, no início de 2015 começará a ser intervencionado um espaço de escritórios - sede da Homegrid, a empresa responsável pela introdução do conceito Passive House em Portugal e que tem à sua frente João Gavião e o engenheiro João Marcelino. 

"A ambição da nossa associação é criar uma rede nacional com profissionais e empresas que consigam dar resposta ao mercado com soluçoes Passive House. Para isso e preciso formação, cujo plano temos vindo a cumprir e vamos reforçar em 2015, ampliando a colaboração com as universidades", antecipa João Gavião. "A procura de formação tem sido grande", acrescenta, adiantando que a Passivhaus Portugal já formou quase 100 pessoas desde setembro de 2013. 

Entretanto, a jusante da formação. o mercado já mexe. A dar provas disso estarão, na conferência do dia 29, não só as intervenções técnicas de empresários de materiais de construção. mas também uma exposição de 14 empresas e fabricantes de produtos adequados a este sistema de certificação.

Fonte: Expresso

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