26 novembro 2014

Queda na avaliação bancária não trava recuperação do sector imobiliário


As empresas do sector dizem que a banca está a ajustar as carteiras de crédito e está disposta a emprestar mais. O preço a que os bancos avaliam as casas na altura de concederem crédito à habitação caiu no último mês. Dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que a avaliação média bancária dos imóveis se situou em Outubro nos 1.014 euros por metro quadrado, abaixo dos 1.029 euros, verificados em Setembro.


Trata-se do segundo mês consecutivo em que este indicador cai, bem como da maior descida mensal tanto em termos percentuais como absolutos registada desde Março do ano passado: 1,5% e 15 euros, respectivamente. É também o preço médio de avaliação mais baixo desde Junho de 2013.


Tendo em conta que 2014 tem sido apontado como o ano do arranque da recuperação do sector imobiliário, os últimos dados da avaliação bancária nos últimos meses saltam à vista pela negativa. Mas segundo explica Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal, "os bancos estão a equilibrar o risco das suas carteiras de clientes, e actualmente todos os elos desta cadeia (banco, mediadoras e clientes) estão a sentir os ajustes que estão a ser efectuados ao nível dos preços praticados no mercado". Miguel Poisson acrescenta que "não podemos, no entanto, interpretar estes dados como sendo um sinal de menor dinâmica do mercado e do sector". A opinião de Beatriz Rubio - CEO da RE/MAX Portugal - vai no mesmo sentido. "Na RE/MAX temos vindo a sentir que os bancos estão novamente a abrir a possibilidade das pessoas contraírem créditos hipotecários para a compra de imóveis. Inclusivamente, na RE/MAX estamos a recomeçar agora a formação sobre crédito bancário com os nossos agentes", explica.

De salientar que a avaliação bancária dos imóveis é um dado importante para quem pretende adquirir casa com recurso ao financiamento bancário. Isto porque é com base neste indicador que os bancos decidem o montante do financiamento a conceder. Ou seja, pelo rácio entre o valor empréstimo e o valor do imóvel, que corresponde ao rácio LTV (loan-to-value ratio). Depois de os bancos terem chegado a financiar até 100% do valor dos imóveis durante o apogeu do crédito à habitação, actualmente, na melhor das hipóteses, financiam com base num LTV máximo de até 80%.

No que respeita aos últimos dados da avaliação bancária, e forma desagregada, apenas duas zonas do País não apresentaram uma descida deste indicador no último mês: as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. No primeiro caso, o preço por metro quadrado baixou dois euros, para 958 euros. No segundo, o corte foi de 12 euros, para 1.150 euros. Já Lisboa e o Algarve protagonizaram as maiores quedas do período. Em Lisboa, o valor médio de avaliação recuou 20 euros na capital, enquanto no Algarve ocorreu a maior descida: 26 euros. As duas regiões mantêm-se, contudo, com o preço médio de avaliação bancária mais elevado do País.

Fonte: Económico

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