25 fevereiro 2015

Procura por imobiliário industrial está a recuperar


As perspetivas para o desenvolvimento do imobiliário industrial - e os seus segmentos industrial e logística - em 2015 estão optimistas, ainda que de forma moderada. Depois de alguns anos de estagnação "total", a melhoria chegou pelo menos no último trimestre de 2014 e a tendência é para continuar em 2015, confirma Ana Gomes, responsável pelo departamento industrial da consultora imobiliária Cushman & Wakefield.


Espaços que estavam vazios há algum tempo começam agora a ser ocupados mas, mesmo "havendo ainda mais oferta do que procura, a oferta de qualidade é cada vez mais reduzida", afirma a especialista. 

Leonardo Peres, Senior consultant' no departamento industrial de outra consultora, a CBRE, confirma a tendência de crescimento, mas avisa que ainda é "muito moderada e com tomadas de decisão longas". O especialista destaca alguns projetos industriais na zona Norte do país, entre os quais as novas unidades industriais da Leica em Vila Nova de Famalicão e da Borg-Warner em Viana do Castelo. "Tem existido um fluxo muito interessante do sector industrial na região Norte, onde assistimos a uma procura relevante para a instalação de novos projetos no nosso país". Com o aumento da atividade industrial "é expetável uma procura mais activa no médio-prazo".

Também Ana Gomes confirma a dinâmica a Norte, antevendo o seu potencial de desenvolvimento "sobretudo para o segmento industrial que tem crescido muito nos últimos anos". No entanto, não deixa de fora a Grande Lisboa entre as zonas com potencial. 

Leonardo Peres é mais específico na área que considera poder vir a crescer dentro da Grande Lisboa, destacando o facto da procura estar a ser especialmente crescente no Norte da capital, de onde se consegue aceder de forma rápida e com o "menor custo possível ao centro urbano de Lisboa". O consultor refere ainda o facto do crescimento do negócio B2C ('business to consumer') estar a "afunilar" a procura para zonas mais próximas do centro. Por isso, acredita, podem vir a existir "alguns desenvolvimentos nessas zonas" a prazo. 

Uma eventual recuperação económica do país terá bastante importância para o imobiliário industrial. O incremento das exportações e, também, das importações, poderá despoletar a necessidade de mais espaço de armazenagem de qualidade. 

Hoje, em geral, a procura por parte das empresas continua muito focada na redução de custos e nos ganhos na eficiência. "Nos últimos 15 anos muitas empresas foram "obrigadas" a crescer para localizações dispersas", afirma Ana Gomes. Mas agora procuram concentrar operações "por forma a rentabilizar meios e a tirar partido das condições mais vantajosas do mercado". 

A renegociação de contratos tem sido por isso uma constante. "A procura existente tem um misto de necessidades de operação com ocupantes a tirarem partido das condições de mercado para procurarem melhores instalações a valores competitivos", confirma Leonardo Peres. 

Do lado dos senhorios parece haver flexibilidade para a renegociação. Ana Gomes explica porquê: "a procura que vai existindo vem principalmente de ocupantes atuais e menos de novas empresas a entrar no mercado". 

Leonardo Peres deixa, no entanto, um conselho às empresas que querem ter menos custos com os seus espaços industriais: consultem profissionais do sector. Isto porque "um imóvel e um contrato de arrendamento não se resumem a um valor m2 e a uma duração contratual". Há, garante, "um conjunto de fatores importantíssimos numa negociação que muitas vezes são desvalorizados em detrimento de urna análise mais simplista", conclui.


Fonte: Diário Económico

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