
Vários bancos já reviram em baixa os seus spreads nos empréstimos à compra de casa desde o início do ano. Só BPI, BBVA e BIC não mexeram nos preçários. Já praticamente todos os bancos reviram em baixa os seus spreads no crédito à habitação desde que o ano começou, o que significa que a guerra pela concessão de crédito está a regressar.
É certo que as taxas de juro ainda não estão sequer perto das que foram praticadas antes de 2008 – houve crédito à habitação concedido com spread pouco acima de zero – mas já estão bem longe das taxas de 4% e 5% para onde dispararam no pico da crise.
Na semana passada, o Santander Totta baixou, pela terceira vez em dois meses, as margens exigidas aos clientes que querem comprar casa. A fasquia desceu para os 1,99%, mas pode descer até aos 1,5% para clientes premium. Foi assim que a instituição liderada por António Vieira Monteiro respondeu às movimentações do BCP, da Caixa Geral de Depósitos e do Crédito Agrícola.
Este último oferece actualmente uma taxa de 1,8% a clientes regulares (é possível ser de 1,7% para clientes jovens), mas a Caixa Geral de Depósitos ganha a corrida da melhor oferta: spread de 1,75%. O Millennium BCP, que foi um dos que mais corrigiram os spreads desde o ano passado, oferece uma taxa de 2,25%.
O antigo Banco Espírito Santo foi o primeiro a iniciar este movimento de redução da margem requerida na concessão de um crédito à habitação, em Julho de 2013. O BPI, o BBVA e o banco BIC ainda não mexeram nos preçários, mas as outras instituições estão de novo na corrida à captação de clientes, depois de vários anos a fecharem a torneira ao financiamento. Recorde-se que as imparidades de crédito foram responsáveis, nos últimos anos, por muita da pressão que os bancos sentiram nas suas contas, o que fez as instituições agirem com mais cautela.
Ainda assim os bancos não estão a reflectir na totalidade a quebra do custo do financiamento bancário que foi promovida pelo BCE, o que significa que este movimento de redução de spread deverá abrandar entretanto, em especial numa altura em que as Euribor continuam a resvalar e a fixar mínimos históricos praticamente todos os dias.
Euribor continuam a cair No mesmo sentido, também as taxas Euribor, às quais estão indexados os créditos à habitação, continuam a renovar mínimos históricos em todos os prazos. Nas maturidades mais curtas – de uma semana a um mês – estas taxas já negoceiam, aliás, em terreno negativo. No entanto, os bancos já sinalizaram que não vão reflectir esta quebra nas mensalidades que os clientes terão de pagar.
Há cerca de duas semanas, a Deco – Associação de Defesa do Consumidor – deu conta de que está contra a forma de cálculo utilizada pelos bancos, que, no limite, considerará uma taxa Euribor nula, e nunca negativa. A “eventual descida da Euribor para valores negativos deve influenciar a variação da prestação do crédito à habitação”, defende a Deco.
A única fórmula que os bancos admitem utilizar é a que prevê que os clientes paguem sempre pelo menos o spread dos créditos contratados. Em relação a isto as opiniões dividem-se. É que, se por um lado esta visão pode fazer sentido, por outro é preciso ter em conta que o spread é a margem do banco, ou seja, o valor que a instituição cobra para cobrir o risco do cliente. A esta margem é então somada a Euribor. Mas se a Euribor for negativa começa a comer o valor do spread, o que significa que o banco passa a pagar para emprestar dinheiro, o que, numa lógica de negócio, não faz sentido, como defendem alguns especialistas.
Na mesma ocasião em que a Deco se manifestava, o Millennium BCP, o Santander Totta e também o Montepio declararam que, caso as taxas desçam para valores negativos, cobrarão sempre aos clientes o valor do spread partindo de uma Euribor nula.
Fonte: iOnline
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