29 abril 2015

Mercado do Bolhão vai avançar com investimento autárquico


O projeto de requalificação do Mercado do Bolhão vai finalmente avançar, com a autarquia portuense a garantir os cerca de €20 milhões de investimento necessários. Concurso público para construção é lançado depois do Verão. Já foi apresentado o projeto que vai fazer nascer um novo Bolhão, um edifício emblemático da cidade do Porto que há pelo menos 30 anos aguardava obras de reabilitação.


Tornado público pela Câmara Municipal do Porto na passada semana, este projeto foi desenvolvido com vista a preservar o Bolhão como o mercado de frescos público da cidade, e irá conservar a traça arquitetónica original e introduzir várias soluções tecnológicas atuais por forma a assegurar maior conforto e segurança aos comerciantes e visitantes. “As soluções a aplicar serão todas ‘conservadoras’ no seu aspeto final, propositadamente ‘conservadoras’”, garantiu Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, no discurso de apresentação do projeto que decorreu, simbolicamente, no espaço do próprio mercado. 


Os bons resultados da execução orçamental da Câmara do Porto, tornados públicos este mês, permitem à autarquia assegurar os pouco mais de 20 milhões de euros necessários para a execução deste projeto. “A Câmara do Porto, graças a um caminho de sustentabilidade que encetou há anos e que no último ano e meio soubemos honrar, tem uma situação financeira que lhe permite encarar este desafio sem sobressaltos e sem depender de ninguém”, frisou Rui Moreira.

A verba necessária para a execução do projeto, que inclui “a construção do mercado que transitoriamente acolherá os atuais comerciantes e todo o conjunto de despesa” associada é “um investimento pesado, mas sustentável para as boas contas do Porto”, garantiu o autarca. A Câmara do Porto não terá parceiros neste investimento, todavia Rui Moreira admite a candidatura a fundos comunitários, designadamente no âmbito do Portugal 2020, atendendo à relevância patrimonial e histórica do edifício para a cidade. 

Concurso público será lançado depois do verão 

O presidente da autarquia portuense assegurou que este é “o início de um projeto sem retorno”. O concurso público internacional para a execução da obra será lançado depois do próximo verão, todavia no que diz respeito a prazos para o início dos trabalhos de reabilitação, Rui Moreira preferiu não adiantar datas. “A obra será feita no menor prazo possível para ficar bem feita”, esta é a garantia deixada pelo autarca. O período de execução da obra irá de 18 a 24 meses. 

Quando as obras tiverem início, os comerciantes serão deslocados para um “mercado transitório” que funcionará durante todo o período de execução da obra. A autarquia tem em vista o quarteirão da Casa Forte, pela proximidade com o Bolhão. Como alternativa tem sido indicado o Silo Auto, um grande parque de estacionamento a pouco mais de cem metros do mercado. 

O “novo” mercado do Bolhão 

O “velho” Mercado do Bolhão apresenta sérios problemas estruturais, um avançado estado de degradação, desgaste e insegurança. O “novo” mercado é fruto do projeto de reabilitação desenvolvido, no último ano e meio, pelos técnicos da Câmara do Porto em coordenação com uma equipa externa de especialistas orientados pelo arquiteto Nuno Valentim, responsável pelo projeto. No piso térreo fi carão instaladas as bancas de venda de frescos, incluindo as peixarias e os talhos. Este piso será dotado de uma ligação direta à estação de metro, facilitando o acesso à rede de transportes públicos. Será instalada uma cobertura em vidro que imitará a sequência de telhados que existe atualmente e uma cave técnica com acesso para cargas e descargas a partir da rua Alexandre Braga. 

No piso superior, com entrada pela rua Fernandes Tomás, manterse-á a componente comercial, mas reservada a feiras sazonais e outros eventos. Neste espaço será desenvolvido e implementado serviço de restauração. 

A intervenção pretende promover o bem-estar dos comerciantes e visitantes, a segurança humana e alimentar, melhores redes de eletricidade e esgotos, instalar um sistema de climatização e, ainda, elevadores favorecendo a deslocação de pessoas com mobilidade reduzida, bem como todas as valências exigidas por razões de modernidade e competitividade. 

O projeto aos olhos dos portuenses 

Os comerciantes lamentam há anos o avançado estado de degradação do mercado, pelo que o anúncio da requalificação do Bolhão foi recebido com manifesta satisfação. A apresentação pública do projeto do Mercado Bolhão assinala o “renascer” do espaço que os acolhe há gerações. Entre os presentes esteve Alcino Sousa, presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado do Bolhão, que em declarações à imprensa revelou “confiança” no projeto da autarquia. Reconheceu que este projeto, tal como foi apresentado, “respeita a identidade” e poderá “dar uma nova vida ao mercado”. 

Recorde-se que a urgência de obras no Mercado do Bolhão foi assinalada em 1984 e que desde 2005 a estrutura do mercado é suportada por andaimes, devido ao alegado risco de ruína que só não conduziu ao seu encerramento por oposição dos comerciantes. 

O Mercado do Bolhão tem mais de um século de história. Foi mandado construir pela Câmara do Porto em 1837, num momento em que começava a ser rasgada uma das artérias mais movimentadas da cidade, a Rua Sá de Bandeira. Todavia, a sua edificação só se iniciou em 1851 no mesmo local onde já funcionava um mercado constituído por estruturas demasiado precárias e transitórias. 

Desde 2013 está classificado como Monumento de Interesse Público, uma distinção que atende não só ao valor arquitetónico do edifício, mas também à sua dimensão cultural, económica e turística. Uma das “jóias” da cidade do Porto e um “lugar de passagem obrigatória”, tal como o reconhece Rui Moreira.

Fonte: Público

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.