08 junho 2015

Juros da casa em mínimos de cinco anos


Diminuição da taxa de juro verificada em Abril coincidiu com um mês de fortes revisões em baixa dos ‘spreads’ dos bancos. As famílias portuguesas que pediram crédito à habitação em Abril beneficiaram das melhores condições de financiamento em quase cinco anos. Dados divulgados sexta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE) indicam que a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação realizados nesse mês se fixou, em termos médios, nos 2,41%. Seria necessário recuar até ao início do Verão de 2010 para assistir a um patamar de juros tão baixo.


A quebra do custo do financiamento para a compra de casa resultou em parte da descida dos indexantes, mas deveu-se sobretudo ao alívio dos ‘spreads' cobrados pelos bancos.

Descontando o impacto dos principais indexantes associados aos empréstimos para a compra de casa - as Euribor a três e seis meses - o ‘spread' praticado pelos bancos nacionais no mês de Abril ter-se-á fixado, em média, nos 2,35%. Desde Julho de 2011 que o preço cobrado pela banca para financiar a compra de casa não estava tão baixo. Entre Março e Abril deste ano, o ‘spread' médio cobrado encurtou perto de 30 pontos base, o que representa o corte mensal mais dilatado pelo menos desde o início de 2008.

De salientar que Abril foi um mês em que a guerra de ‘spreads' na banca esteve ao rubro. Nesse mês, houve cinco bancos a rever em baixa a sua margem mínima de ‘spreads'. Após terem conseguido diminuir o rácio de crédito sobre depósitos, os bancos estão agora a alargar um pouco os critérios apertados na concessão de crédito à habitação. Isso mesmo ficou patente no último inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, divulgado pelo Banco de Portugal (BdP) no início daquele mês.

"No segmento dos empréstimos a particulares para habitação, o principal factor a contribuir para uma redução da restritividade nos critérios de concessão de crédito foi a percepção de riscos relacionados com a situação e as perspectivas económicas gerais", referia o supervisor. No entanto, apesar das descidas dos ‘spreads', os bancos não equacionavam uma continuação desta diminuição das exigências na concessão de crédito. "No segmento dos particulares, a expectativa da maioria dos bancos é de uma manutenção dos critérios aplicados", revelava o BdP.

A comparação entre a média de ‘spreads' aplicada pelos bancos com os divulgados nos preçários dos bancos relativos ao mês de Abril atesta isso mesmo. A média dos ‘spreads' praticados é ligeiramente superior ao ‘spread' mínimo médio divulgado por 13 bancos: 2,25%. Ou seja, quem estava a conseguir aceder ao crédito à habitação em Abril era apenas quem dispunha do perfil menos arriscado para o banco.

Entretanto, a guerra pelos ‘spreads' mantém-se. Após novas descidas em Maio, Junho volta a ser marcado por novas revisões em baixa nas tabelas de ‘spreads' do Novo Banco e do BIC. O banco liderado por Stock da Cunha juntou-se a outros cinco bancos que disponibilizam ‘spreads' abaixo de 2%, cobrando agora a partir de 1,95% no financiamento da compra de casa. CGD, Santander, BPI, Crédito Agrícola e Popular são os restantes bancos que cobram abaixo da fasquia dos 2%.

Fonte: Económico

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