29 novembro 2015

APPII: “É preciso não deitar tudo a perder com o investimento estrangeiro”


O presidente da Associação de Promotores e Investidores Imobiliários alerta que é preciso transparência. A Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) está a passar por uma das fases mais dinâmicas dos seus 24 anos de existência: só nos últimos 12 meses deram entrada na instituição 45 novos associados, entre empresas e fundos de investimento, um sinal da viragem que o sector vive atualmente depois de cinco penosos anos de crise imobiliária.

Com cerca de 100 associados (30% dos quais estrangeiros), onde se contam, entre outros, e em cargos de direção, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a Quifel Holdings de Miguel Pais do Amaral, a Alrisa do grupo Alves Ribeiro, a Sonae Sierra ou o grupo André Jordan, a APPII tem também novos elementos na direção que já refletem as novas dinâmicas do mercado imobiliário nacional: na vice-presidência estão os chineses da Fosun através da Fidelidade - Investimentos Imobiliários e na vice-presidência do conselho fiscal está o Noble Group, representado por Hao Shen, empresa que tem apostado na aquisição de imóveis destinados ao mercado dos vistos gold. 

Fundos buscam parcerias 

“A associação retomou em força o que fazia há quase 25 anos, quando foi criada, numa altura em que também existia uma grande vaga de investidores estrangeiros. Naquela altura, e tal como agora, era preciso dar a conhecer as empresas portuguesas. E é isso que fazemos agora. Desta junção com parceiros portugueses já resultaram muitos negócios”, diz Henrique Polignac de Barros (na foto), presidente da APPII, lembrando que, além dos promotores, a banca também está presente na associação através do Montepio, do Millennium BCP e do Banif. 

Hugo Santos Ferreira, secretário-geral da associação, dá como exemplo os fundos de investimento internacionais que aderiram recentemente à APPII como ponto de apoio na sua entrada em Portugal: “São fundos de grandes dimensões que vêm à procura de ativos isolados ou carteiras de ativos com valores superiores a €10 milhões. Sejam grandes fundos ou fundos mais pequenos que querem prédios isolados, a APPII acaba por funcionar como o mercado, onde a oferta e a procura se encontram. De um lado estão os promotores e os proprietários que têm ativos para vender e do outro o investidor que quer comprar esses imóveis”. 

E os portugueses? 

A maioria destes investidores está focada na reabilitação para o arrendamento (incluindo o arrendamento de curta duração para o mercado turístico) e também na hotelaria, acompanhando as atuais tendências do mercado estimuladas pelos estrangeiros que querem cá residir, como é o caso dos franceses e dos brasileiros, ou aqueles que vêm como simples turistas. 

Um fluxo que tem gerado milhões e que poderá consolidar-se se o mercado funcionar de forma transparente, defende Henrique Polignac de Barros. “Há um potencial grande de investimento estrangeiro que é preciso consolidar. O mercado imobiliário desenvolve-se neste momento em várias frentes e há pessoas interessadas no turismo, na habitação, em escritórios. É preciso saber aproveitar este investimento, sempre com transparência e não deitar tudo a perder, correndo o risco de eles se irem embora e já não voltarem. Ou só voltarem no próximo ciclo”, refere, lembrando o caso recente dos imóveis a preços especulados que eram vendidos aos investidores chineses. 

O responsável lembra ainda que é preciso não esquecer o mercado nacional, “que deve ser a base de sustentação do sector”. Também Hugo Ferreira sublinha que essa é a única forma de ter um mercado equilibrado. “Podemos apostar num mercado para os investidores estrangeiros mas é preciso construir um mercado que seja adequado à capacidade económica dos portugueses e das empresas nacionais. É preciso lembrar que ainda estamos a sair da crise”. 

Foto: José Carlos Carvalho / Fonte: Expresso

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