12 dezembro 2015

Torre de 17 pisos em Picoas fica pronta em 2017 e custa €50 milhões


Real Estate, IMOnews Portugal
O novo projeto da zona de Picoas, em Lisboa, vai criar 4.000 metros quadrados de área verde para o local. Dentro de dois anos, a paisagem urbana que hoje conhecemos entre o Sheraton e a Maternidade Alfredo da Costa (MAC), junto a avenida Fontes Pereira de Melo, vai estar radicalmente diferente. O projeto FPM 41 (iniciais da avenida e respetivo número da porta), localizado no gaveto entre a avenida FPM e a 5 de outubro, já avançou para obra e no segundo semestre de 2017 deverão estar concluídos os 17 pisos deste edifício de escritórios (com 3 lojas e restauração no piso térreo), um espaço com capacidade para acolher 2.400 postos de trabalho e cujo investimento ronda os €50 milhões.

Mas não só. Nas traseiras do edifício vai nascer um espaço público verde, uma extensão do atual jardim Augusto Monjardino frente à MAC e que vai implicar o corte da Avenida 5 de Outubro, cujo trânsito será escoado pelas ruas adjacentes.

O bosque, como é designado na memória descritiva do projeto, foi uma exigência da Câmara Municipal de Lisboa junto do promotor, o Edifício 41, pertencente ao fundo FLIT — Fundo Lazer Imobiliário e Turismo, gerido pela ECS Capital. O FLIT tem na sua carteira, entre outros, o Colombos resort, em Porto Santo (que está a ser explorado pelo grupo Pestana) ou o Boavista Prime, um edifício de escritórios no Porto. A área verde que será implantada terá cerca de 4000 m2 e já se insere no programa da autarquia ‘Uma praça em cada bairro’.

Esta semana o promotor adiantou ao Expresso que o projeto vai concorrer à certificação LEED Gold (Leadership in Energy and Environmental Design) que lhe irá conferir o título de edifício sustentável de topo. Esta certificação com reconhecimento internacional condiciona a construção dos projetos desde a raiz e é, desde logo, sinónimo de garantia de redução de gastos de energia e água e boa qualidade do ar interior.

Existem cerca de 65 mil edifícios credenciados em 150 países mas em Portugal não chegam a uma dezena (Porto Business School ou o edifício Sonae Maia Business Centre são dois deles).

Urna certificação que irá somar-se a outros fatores como a localização, por exemplo, como base de negociação de espaço para os futuros inquilinos.

Fonte oficial do FLIT adianta que o objetivo é atrair "especialmente empresas de grande dimensão onde a preocupação com o ambiente, sustentabilidade, flexibilidade e eficiência estão incorporados nas suas políticas e valores".

Projeto contestado 

Alguns destes valores estão, no entanto, no centro das críticas que o projeto tem levantado nos últimos meses. Deputados municipais e associações de moradores locais, como a das Avenidas Novas, questionam a construção em altura, a edificabilidade atribuída ao promotor (dos iniciais 17.000 m2 foi atribuído um crédito de mais 4.000 m2) ou a questão do reordenamento do trânsito que poderá congestionar ainda mais esta zona central da cidade. 

Como resposta, o promotor garantiu ao Expresso que "o projeto tem recolhido pareceres favoráveis de todas as entidades envolvidas, nomeadamente da Direção Municipal de Mobilidade e Transportes, da CML e da Direção Geral de Património e Cultura. A altura do edifício é inferior à dos edifícios circundantes (o Sheraton, por exemplo, tem 28 andares) e vem permitir harmonizar uma das principais artérias de Lisboa, contribuindo para o equilíbrio paisagístico, bem como para um aumento da fruição do espaço público". 

Quanto à capacidade construtiva adicional decorrente dos créditos de construção a adquirir "está dependente de diversos fatores, associados à sustentabilidade e eficiência do edifício", diz a mesma fonte, acrescentando que o projeto prevê um "forte" investimento em soluções técnicas relativas à integração de conceitos bioclimáticos e de eficiência energética que vão traduzir-se no conforto dos utilizadores, na eficiência de ocupação, nos menores consumos e custos de manutenção futuros e na capacidade de adaptação dos espaços em função das necessidade dos ocupantes, criando valor para toda a comunidade. 

Patrícia Barbas, do ateliê Barbas Lopes Arquitectos que bateu cinco outros gabinetes e ganhou o concurso para a conceção do projeto de arquitetura, fala da resolução de um problema urbanístico que já tinha mais de 30 anos. Recorde-se que o anterior proprietário do terreno era a Fibeira, que devido ao grau de endividamento do grupo, acabaria por ver comprados os créditos pelo fundo FLIT. 

Para garantir a sustentabilidade do edifício (que é constituído por dois volumes, um com 17 pisos e o outro com 14), os arquitetos desenharam uma fachada por "módulos plissados que permitem proteger e controlar a luz natural nos espaços de trabalho". Mas não só. "As águas cinzentas dos lavatórios vão ser reaproveitadas para a descarga dos autoclismos, os painéis fotovoltaicos e as bombas de calor irão produzir 21% da energia que o edifício necessitará para funcionar e estão previstos lugares de parqueamento para as bicicletas como balneários para as pessoas que as usam e que necessitam de se mudar quando chegam ao edifício", exemplifica ainda a arquiteta. 

Com os quatro edifícios existentes já demolidos e a obra de contenção periférica (que irá permitir a escavação necessária para os 6 pisos de parque subterrâneo) a decorrer, o projeto tem a data estimada para a conclusão no segundo semestre de 2017.



 
Fonte: Expresso

1 comentário:

  1. Qual o problema do projecto para tanta polémica? A torre até é baixa para parâmetros europeus. Seremos sempre um país atrasado.

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