04 janeiro 2016

Crédito para casa baixa dos 100 mil milhões de euros


O montante concedido para a compra de habitação tem vindo a crescer, mas a queda das taxas de mercado tem acelerado o ritmo de amortização dos empréstimos. O crédito total voltou a cair, recuando para níveis de 2007.

O crédito à habitação baixou da fasquia dos 100 mil milhões de euros. É a primeira vez desde a crise financeira que o saldo total de financiamento para a compra de habitação por parte das famílias recua para cinco dígitos. Uma queda que acontece num momento em que está a acelerar a concessão de novos empréstimos, mas em que se assiste a uma forte redução nos encargos com juros que tem vindo a acelerar o ritmo de amortização das dívidas contraídas junto das instituições financeiras.
De 100.155 milhões de euros, o saldo de créditos para a compra de casa baixou para 99.919 milhões. Caiu em 236 milhões de euros, ou 0,24%. Fixou um mínimo desde Setembro de 2007, antes do espoletar da maior crise financeira desde a Grande Depressão. O saldo ainda atingiu um recorde nos 115.430 milhões de ouros em Março de 2011 antes de iniciar uma queda acentuada durante o período em que o país esteve sob ajuda externa. Desde então, a banca "fechou a torneira". Voltou a abri-la este ano.
Esta quebra foi a segunda consecutiva depois do interregno registado em Setembro, altura em que pela primeira vez desde a chegada da troika a Portugal o saldo do crédito às famílias subiu. À data, os economistas consultados pelo Negócios já alertavam para a possibilidade de não se tratar de uma inversão, mas apenas de um pico. Isso mesmo se confirmou em Outubro e Novembro, de acordo com os dados do BCE. A descida reflete o facto de a concessão de crédito - apesar subir 77% face a 2014, num total de 3.131 milhões de euros até Outubro - não ser suficiente para compensar o ritmo das amortizações.
Com os juros de mercado em queda, fruto das medidas de estímulo à economia da Zona Euro por parte de Mario Draghi, presidente do BCE, as famílias estão a beneficiar de taxas mínimas históricas no crédito à habitação. As Euribor, o indexante preferido dos portugueses para os empréstimos para a compra de casa, têm vindo a afundar, sendo que tanto a taxa a três como a seis meses estão em "terreno" negativo. Uma evolução que faz com que os juros pagos estejam em mínimos históricos.

Segundo dados do INE, o capital médio em dívida das famílias na casa está em 52.196 euros. Este montante implica uma prestação média de 240 euros, dos quais apenas 53 euros são juros. A amortização é a maior "fatia", representando 78% do total. Ou seja, tendo em conta que existem cerca de 1,6 milhões de créditos à habitação em Portugal, mensalmente as famílias estão a amortizar cerca de 300 milhões de euros.

CRÉDITO DA CASA EM QUEDA 
Saldo de crédito, em milhares de milhões de euros O montante global de crédito para a casa subiu em Setembro, algo que não acontecia desde a chegada da troika a Portugal. Mas a tendência de quebra voltou em Outubro, mantendo-se em Novembro, mês em que, de acordo com os dados do BCE, o saldo de financiamento para a compra de habitação baixou a fasquia dos 100 mil milhões. Já não acontecia desde 2007.

Fonte: Negócios

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