04 janeiro 2016

Famílias já pagam juro zero no crédito da casa


As Euribor fecharam o ano negativas. E assim devem continuar ao longo de 2016. Uma boa notícia para as famílias com crédito à habitação, sobretudo aquelas que conseguiram "spreads" anulados pelos atuais níveis dos indexantes.


O ano de 2007 foi de recordes para o crédito à habitação. Os bancos emprestaram quase 2 mil milhões de euros por mês para a compra de casa. Para a euforia contribuíram os "spreads" reduzidos e próximos de zero, em alguns casos. Uma margem que é agora anulada pelos valores negativos da Euribor e permite que estas famílias tenham agora uma taxa de juro de 0% no empréstimo da casa. 

Há um ano, poucos seriam aqueles que acreditavam que as taxas Euribor pudessem assumir valores negativos e menos que continuariam abaixo de 0% durante vários meses. Chegam a 2016 nesses níveis e os futuros apontam para que o sinal de menos se possa manter, pelo menos, até ao final de 2016. Uma boa notícia para as famílias com crédito à habitação, já que lhes permite urna redução mais expressiva do valor da prestação. 

E é melhor ainda para aqueles que contraíram financiamento com "spreads" muito próximos de zero. Considerando as taxas implícitas das novas operações de crédito à habitação, e subtraindo as médias das Euribor a três e seis meses, é possível constatar que, em Outubro de 2007, a margem média exigida pelas institiúções financeiras foi de 0,259%. 

Sendo este valor uma média, "é possível que tenha havido algumas contratações com `spreads' abaixo de 0,10% mas serão marginais", diz Paula Carvalho, economista-chefe do BPI. São estes casos que mais festejam os valores negativos das Euribor. Os indexastes mais utilizados no crédito à habitação em Portugal fixaram, em Novembro, uma média de -0,114% na taxa a três meses e de -0,043%. Valores que são descontados ao "spread" cobrado pelo banco e que, nos casos de margens próximas de zero, pode mesmo ser anulado. No final, estas famílias contarão com uma taxa de juro no crédito à habitação. 

E à entrada para 2016; as previsões apontam para que as taxas de mercado se mantenham em queda. "A Euribor a seis meses deverá ficar em 'terreno' negativo durante grande parte do ano", estima a economista. E, deste modo, as prestações deverão continuar a cair mas "muito pouco", prevê Filipe Garcia O economista da IMF não prevê "novos cortes nas taxas de depósitos em 2016, pelo que as Euribor devem estabilizar, com um leve viés de baixa".

Ainda assim, e caso os indexamtes assumam novos mínimos históricos abaixo de zero e a média mensal negativa superar o valor do "spread", traduzindo-se numa taxa global do empréstimo negativa, haverá lugar a amortização do capital em dívida. Ou seja, caso esta situação se venha a verificar, o Banco de Portugal já esclareceu que o cliente beneficiará da possibilidade de abater um valor extra do montante que tem em dívida perante a instituição financeira. 

Os mínimos históricos das taxas de juro no mercado têm permitido, aliás, que as famílias portuguesas amortizem cada vez mais capital no empréstimo para a compra de casa. Os últimos dados do INE revelam que, em Novembro, a prestação média do crédito à habitação era de 240 euros. E, deste valor,187 euros são relativos à amortização de capital. Ou seja, da mensalidade entregue ao banco 77,9% responde ao pagamento da dívida, enquanto os restantes 22% correspondem aos juros. Cenário que deverá, no mínimo, manter-se este ano.

Fonte: Negócios

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