Um informático fez um site no comboio, um empreendedor incentivou, um jornalista agilizou e um consultor montou o negócio. A “explosão” de turismo que se vive na cidade do Porto, graças ao aumento de ligações aéreas low cost e aos prémios internacionais que têm distinguido o destino, está a dinamizar o mercado dos arrendamentos entre particulares.
E a beneficiar desse facto nasceu um serviço “chave na mão” que garante ao proprietário zero problemas e um rendimento crescente. Tripeira de gema e com apenas ano e meio de vida, a startup The Porto Concierge estima gerir, este ano, 1,2 milhões de euros de volume de negócios em alugueres turísticos de cerca de duas centenas de casas.
Pode não parecer, mas trata-se de uma empresa tecnológica: na base de tudo está a plataforma concebida por Rui Silva, de 34 anos, consultor de sistemas de informação. “Estava a trabalhar em Londres, em agosto de 2014, quando o meu colega Luís Carvalho mencionou o problema que tinha com a casa fechada em Lisboa e pensámos no arrendamento turístico e numa empresa de serviços que tratasse de tudo”, recor da o CEO da The Porto Concierge.
O primeiro site foi feito “numa viagem de comboio, entre Lisboa e Porto, com o colega Paulo Bastos”, e chamava-se The Lisbon Concierge, hoje a cargo do referido colega e com cerca de quarenta moradias ou apartamentos a cargo. Como o Rui Silva é do Porto, nasceu também o The Porto Concierge, hoje o que mais cresce dentro do conjunto de empresas que se associaram sob o “chapéu” The City Concierge. Existe também uma unidade em Bruxelas; outra em Faro – a dar os primeiros passos, com Luís Carvalho, que acumula também o cargo de chief operating officer no Porto; e estão à procura de parcerias para arrancar em franchising na Madeira e nos Açores com um custo de apenas royalties.
Afinal, como funciona o conceito? “Os proprietários podem optar pelos nossos serviços que começam num pacote light em que fazemos apenas o check-in dos turistas, mas o serviço mais procurado é o pacote completo: por 25% do valor da pernoita, nós tratamos de tudo”, desvenda Rui Silva. “Tudo” significa a criação e gestão dos anúncios nas plataformas mais utilizadas pelos turistas (Booking e Airbnb), em nome dos proprietários, os preços dos arrendamentos, a limpeza e preparação da casa, o check-in dos hóspedes, o serviço de assistência 24h e o check-out.
“Temos clientes que só vi uma vez, há mais de um ano. Entregaram a casa (ou casas, porque já há quem esteja a comprar mais para colocar no mercado do alojamento local) e limitam-se a receber o dinheiro dos arrendamentos, que é pago diretamente pelos turistas ao proprietário. Depois, pagam-nos os nossos 25%, mas não temos tido nenhum problema em receber porque estão satisfeitos e têm visto o rendimento aumentar com o nosso serviço”, diz o CEO da The Porto Concierge.
Embora tenha começado em Lisboa, o conceito cresceu muito mais no Porto. Além de o crescimento do turismo na cidade ter sido repentino, os dois sócios de Rui Silva não param de procurar oportunidades de crescimento da empresa. Hugo Magalhães, de 38 anos, é licenciado em Jornalismo mas nunca exerceu porque é um “empreendedor nato”: já teve uma empresa de paint-ball, um sports-bar, uma sala de estudo… Agora, divide a comunicação e marketing da The Porto Concierge com o terceiro sócio, Carlos Lobo, 36 anos, antigo colega de faculdade do anterior, ex-jornalista sem emprego há dois anos.
Com experiência no arrendamento da própria casa a turistas, depois do desemprego angariou mais algumas e trabalhava por conta própria. “Já há alguns anos que alugava a minha própria casa a turistas, no verão, altura em que me mudava para um quarto porque o rendimento que obtinha em três meses chegava para pagar casa, condomínio, água e luz durante o resto do ano”, conta Carlos Lobo, que convenceu familiares a fazer o mesmo, ora porque estavam emigrados durante grande parte do ano, ora porque tinham herdado casas de família que não eram utilizadas.
“Muitas destas casas que estão a ser recuperadas para alojamento local estavam abandonadas e fechadas e, agora, têm uma nova vida. Outras estão há anos para vender e, como o mercado imobiliário não subiu tanto como dizem, vão dando rendimento e, desta forma, mantêm-se conservadas e não se degradam até serem vendidas”, explica. “O rendimento destas casas no arrendamento a turistas é cerca de quatro vezes superior ao que seria se estivesse no mercado tradicional”, completa Rui Silva, notando que “desde o início de abril, todas têm tido os fins-de-semana esgotados”.
“No verão, não paramos. Somos vinte no terreno e é uma roda viva de gente a entrar e a sair, check-in, check-out, limpezas”, enumera o CEO, com 469 check-in feitos em abril e previsão de chegar a 700 em agosto. Zelosos das propriedades e dos seus clientes, que “são o dono da casa e o turista”, os empreendedores da The Porto Concierge querem crescer e oferecer mais serviços diferenciadores a hóspedes e proprietários, a anunciar em breve.
Fonte: Dinheiro Vivo
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