27 junho 2016

200 novas casas em condomínios de grande dimensão em Lisboa


Apesar da escassez de imóveis de grande dimensão para reabilitar, a escala está a chegar ao centro da capital. Condomínios onde não faltam jardins e piscinas. Dois grandes projetos residenciais, que somarão mais de duas centenas de apartamentos, vão surgir no coração de Lisboa, a escassos cinco minutos a pé um do outro: o edifício SottoMayor Residências, na Avenida Duque de Loulé, e o Convento de Santa Joana, perto do Hospital Santa Marta, serão os primeiros grandes condomínios a surgir no centro da capital.


A reabilitação, que tomou conta da cidade nos últimos três anos impulsionada por um conjunto de fatores como o boom turístico, os incentivos fiscais para estrangeiros ou a lei do arrendamento, tem envolvido vários edifícios mas nada até agora com esta dimensão. Uma escala que vai permitir incluir mais diversidade na oferta de produto. Ou seja, não só tipologias pequenas formatadas para estrangeiros que querem passar curtas temporadas em Portugal e no resto do ano colocar a casa no mercado de alojamento turístico, mas também casas maiores com quatro ou cinco quartos para quem quer adquirir para primeira habitação.

A ser comercializado há apenas dois meses, o SottoMayor Residências vendeu já 15% das unidades (cerca de 15 apartamentos) e apesar da amostra ser ainda reduzida, é notório o interesse dos compradores nacionais, afirma Nuno Durão, responsável pela Fine&Country Portugal, empresa especializada no mercado de luxo que em conjunto com a JLL está a comercializar este empreendimento. “Contrariando a tendência habitual da nossa carteira de clientes onde os estrangeiros representam 90% das vendas, no SottoMayor Residências os portugueses pesam já 50% nas vendas e os estrangeiros os outros 50%”, refere o responsável.

Promovido pela Coporgest, este edifício (que na verdade são três imóveis contíguos) ficou mais de duas décadas devoluto, saltando de projeto em projeto, sem que nunca se tivesse avançado com a obra. Mandado construir em 1904 pelo banqueiro Cândido Sottomayor (fundador do banco Sotto Mayor), o imóvel herdou uma forte influência da arquitetura parisiense, com fachadas que misturam detalhes Arte Nova e Neo-Renascentistas. Pela sua importância histórica, o conjunto de edifícios foi, aliás, incluído na Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico da cidade de Lisboa.

O atual projeto da Coporgest (que adquiriu o imóvel ao Grupo Bernardino Gomes) tem implícito um investimento de 60 milhões de euros e para além dos 97 apartamentos com tipologias a variar entre o T0 e o T5, está previstos 250 lugares de garagem e ainda uma piscina e uma área verde.

"Existiram vários projetos para aqui nos últimos 10, 15 anos, que nunca avançaram devido à sua dimensão e à falta de mercado para este tipo de localização. É preciso lembrar que nessa altura a euforia imobiliária não estava no centro de Lisboa mas nos arredores e o comprador português adquiria casas de €200 mil ou de €4 milhões mas fora da cidade. E, claro, não existia mercado para vender a €6.000 ou €7.000 o metro quadrado (m2)".

E a localização dentro de Lisboa também delimita de forma clara os mercados, e não só pelo custo do m2. "Neste momento, 80% do que está a ser vendido no Chiado é para utilização turística, enquanto que quem compra na Duque de Loulé, apesar de pertencer ao mesmo segmento, está a comprar para habitar. Apesar de estar a 100 metros do Marquês de Pombal, é vista como uma zona residencial mais recatada e isso atrai os clientes nacionais", sublinha ainda Nuno Durão.

A presença cada vez mais frequente dos portugueses nas compras imobiliárias de luxo no centro de Lisboa revela ainda uma outra realidade, como diz Patrícia Barão, responsável pela área residencial da consultora JLL: "Há cada vez mais portugueses que estão a comprar imobiliário de luxo numa ótica de puro investimento e a este facto não é alheio a incerteza que hoje se sente com a banca", diz a responsável, que no dia em que foi contactada pelo Expresso tinha acabado de fechar com um casal português a escrituração de um apartamento de luxo para a sua residência e mais dois para investimento.

À semelhança destes clientes, "muitos outros nacionais com capacidade financeira procuram ativamente no mercado ativos que devido à sua localização sejam de fácil transação para uma posterior venda. São os chamados ativos de liquidez garantida". Como exemplifica Patrícia Barão, "são pessoas que compram hoje em planta um apartamento de um milhão de euros e que sabem que o podem vender a 1,5 milhões quando o prédio estiver concluído, dali a um ano ou dois".

Vida de luxo no Convento

Também a ser comercializado pela JLL está o projeto residencial de luxo que vai ser instalado no Convento de Santa Joana, um edificado que ocupa uma generosa de implantação acima dos 18.000 m2, encaixado entre as ruas Camilo Castelo Branco e Santa Marta, e a poucos minutos da Avenida da Liberdade.

O antigo convento do século XVIII, que albergou um hospício para os missionários da Índia e mais tarde a ordem religiosa de Santa Joana, esteve nas mãos da Estamo até 2014, ano em que a empresa pública o vendeu por 11,2 milhões de euros a um consórcio que incluía a AM48, empresa de promoção imobiliária, e o grupo Hoti Hotéis.

O plano de ali instalar um hotel de luxo do grupo Hoti com a marca Meliá acabou por abortar e agora o que vai avançar é um projeto habitacional com mais de uma centena de apartamentos. O grupo Hoti vendeu a sua participação e no seu lugar está hoje um fundo americano, que em conjunto com a AM48 esperam ter o projeto terminado em 2018.

Apesar de não adiantar muitos pormenores sobre o empreendimento por este se encontrar ainda numa fase preliminar, Luís Francisco, responsável pela, área de desenvolvimento imobiliário da AM48, adianta que "o projeto levou uma grande volta, e passou a ser inteiramente residencial e terá uma escala como a cidade ainda não viu".

Dada a dimensão, o condomínio de luxo irá abranger uma oferta diversificada, "desde um caractér mais familiar até a uma permanência mais episódica", referiu o responsável, acrescentando que é intenção da empresa recuperar não só o convento mas a igreja, que funcionou como oficina da PSP que durante anos ali esteve a funcionar.

Entre os projetos que a AM48 tem na sua carteira são ainda de destacar o edifício Opera, na Avenida da Liberdade, vendido num ápice a uma esmagadora maioria de estrangeiros e o Focus Lx, junto à Gulbenkian, cuja construção termina este ano e que está também praticamente vendido a nacionais.

Fonte: Expresso

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.