15 junho 2016

Crédito à habitação em alta. Retoma ou especulação?


Mais 397 milhões em novo crédito à habitação só no mês de abril, depois dos quase 500 milhões em março, um máximo de cinco anos. O que é que nos dizem estes números? 
Os bancos a operar em Portugal emprestaram 397 milhões de euros para a compra de casa no mês de abril, depois dos 491 milhões de euros de março — um máximo desde 2011.


Os valores continuam a ser frações do ritmo mensal a que se concedia crédito antes da crise, mas os números mostram uma recuperação clara face aos níveis de 2012-2014. Está em curso uma recuperação sustentada no mercado ou será este aumento um resultado, sobretudo, deespeculação imobiliária? O Observador foi ouvir os especialistas.


Segundo dados do Banco de Portugal divulgados esta terça-feira, os bancos concederam mais 397 milhões de euros em crédito à habitação em abril, um recuo depois de um mês de março que foi o melhor desde março de 2011. Quando se olha para os quatro meses de 2016 sobre os quais já existem dados (janeiro até abril), chega-se a uma soma de 1.615 milhões de euros. Em contraste, nos primeiros quatro meses de2015 houve menos de mil milhões e nos primeiros quatro meses de 2014 apenas 669 milhões.

Porque estamos a ver mais crédito? Será que os bancos estão mais disponíveis para emprestar ou estarão as pessoas a procurar mais?

“Ambos“, diz Miguel Poisson, diretor-geral da imobiliária ERA, em declarações por e-mail ao Observador. “Existe uma maior confiança na classe média para voltar a comprar habitação”, afirma o especialista. Algo que, para o economista-chefe do Montepio, Rui Bernardes Serra, é natural: “a dupla recessão que Portugal atravessou entre 2008 e 2013 teve impacto quer na procura, quer na oferta de crédito. Com o nível de taxas atualmente praticado e com a recuperação da economia a redução da taxa de desemprego e a subida da confiança dos consumidores, é normal que a procura por habitação própria suba”.

Os dois especialistas falam numa melhoria das condições (pelo menos, melhoria percecionada) para a compra de habitação, que, assim, se torna uma maior alternativa ao arrendamento e a outras circunstâncias de vida que marcaram os anos piores da crise. Rui Bernardes Serra lembra que “é um facto estilizado internacional que, durante as recessões, o número de pessoas por fogo tende a subir”.

Miguel Poisson, da ERA, acrescenta, porém, um outro fenómeno: a “segunda habitação volta a estar na mira de muitos portugueses que compram com recurso a crédito (depois de uma fase mais difícil nos anos 2011 a 2014, em que muitas habitações secundárias foram vendidas para fazer face às dificuldades do contexto de crise)”.

Fonte: Observador

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