02 maio 2015

Compra de segundas casas volta a animar o Algarve


Investimento Estrangeiro de diversas origens, e também portugueses, fazem disparar venda de casas. Em 2014 foram vendidas 20 por dia. Compraram casa no ano passado no resort do Carvoeiro por ser "repousante", com a vista do jardim e o constante chilrear dos pássaros. "Depois de uma vida a viajar pelo mundo inteiro, dou valor a esta tranquilidade e segurança", diz António Rigamonti, reformado de uma multinacional têxtil, que até o levou a viver em Guimarães nos anos 70.


"O meu marido gosta de jogar golfe e esta também já é a nossa terra", acrescenta a mulher, Annaluisa. Os italianos são ainda proprietários de grandes moradias em Bérgamo e Costa Esmeralda (Sardenha), mas é no Algarve que tencionam passar a maior parte do tempo.


O casal Rigamonti é um exemplo entre a legião de estrangeiros que procura o Algarve para compra de casa. Um número que tem vindo a crescer nos últimos anos. Dados da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) dão conta de que em 2013 se venderam 4.496 casas no Algarve. E no ano passado, quando os compradores nacionais ainda se mostravam cautelosos para a compra de uma segunda habitação, ingleses, franceses, alemães e uma diversidade de cidadãos de outras nacionalidades continuavam a comprar. No total, foram vendidas 7.350 casas em 2014, um ritmo médio de 20 por dia e um crescimento de 63% face ao ano anterior. Os concelhos de Loulé (onde está inserida a Quinta do Lago e Vale de Lobo), Lagos e Albufeira são os que tiveram maior procura.

"Há uma inversão clara no mercado e o Algarve voltou a estar no radar dos investidores, que têm consciência de haver ainda boas oportunidades em Portugal e que o investimento tende a valorizar", garante Reinaldo Teixeira, presidente da imobiliária Garvetur, que só no ano passado transacionou mais de mil imóveis. 

Apartamentos, moradias de luxo, lotes para construção, casas rústicas ou em centros históricos, está tudo com as vendas a aquecer no Algarve, notando-se a falta de stocks em zonas junto à praia ou ao golfe. "No caso de Vilamoura quase não há oferta, tal como no centro de Tavira", exemplifica o líder da Garvetur. "Os preços ainda são aliciantes mas a tendência é que venham a subir para níveis anteriores, embora não tão depressa como no passado. Acredito que chegaremos ao tempo em que as pessoas voltam a comprar em planta, por não haver oferta construída no Algarve." 

Também Elsa Marques, dona de uma agência em Olhão, sentiu a procura subir e recrutou mais pessoal: começou no final de 2012 com três pessoas e neste momento são dez. "O que mais vendemos são casas na cidade, mas também moradias nos arredores até Tavira." Além dos ingleses, "os franceses estão rapidamente a tornar-se os nossos maiores compradores". 

O fenómeno dos franceses 

Os ingleses continuam a liderar, mas nos últimos anos o perfil dos compradores de casa no Algarve alargou-se a brasileiros, angolanos, chineses, suíços, belgas ou suecos, além dos já tradicionais alemães e holandeses. Um verdadeiro fenómeno são os franceses, "mercado que não era tradicional no Algarve, ajudou muito à recuperação e continua a comprar, prevendo-se que aumente consideravelmente em 2015", enfatiza Luís Lima, presidente da APEMIP. Fugindo ao regime fiscal imposto por François Hollande, os franceses, segundo Reinaldo Teixeira, "gostam de comprar casas típicas, desde €90 mil, para recuperar no barroca! algarvio", de forma a viverem no campo, mas também são compradores de casas de luxo de vários milhões de euros. 

Também os emigrantes estão a comprar mais casas no Algarve, além dos próprios portugueses, "que veem as suas aplicações na banca terem cada vez menos valor", e o imobiliário é novamente visto como investimento rentável e seguro. A banca voltou a abrir a torneira do crédito e "no caso dos seus imóveis consegue-se até empréstimos a 100%", lembra o presidente da Garvetur. O recuperar da crise começou a sentir-se no Algarve em 2013, mas as vendas dispararam sobretudo em 2014 e continuam este ano a subir. 

Como "recomeçou a haver procura", o grupo Pestana tirou da gaveta os projetos imobiliários que estavam congelados. "Vamos ter projetos em carteira, que parámos com a crise e, graças a Deus, não ficámos com stock", díz Pedro Lopes, administrador do grupo Pestana para o Algarve. No resort do Carvoeiro, onde tem 550 casas já vendidas, o grupo está a construir 18 moradias da última fase do aldeamento Vale da Pinta, entre €500 mil e €1,2 milhões. "Corno já não temos muito produto, estamos a fazer revendas", adianta Sandra Matos, coordenadora de vendas do empreendimento, onde se nota a forte presença de suecos "que são compradores muito racionais, fazem as contas ao investimento". Em Silves, onde já tem um campo de golfe, o grupo Pestana vai iniciar "um novo grande resort" que totalizará 250 apartamentos e vilas, e numa antiga torre da Torralta no Alvor tem à venda apartamentos T0 e T1 entre €65 mil e €130 mil, o que está a ser um sucesso junto de compradores portugueses. "Voltamos aos melhores anos no Algarve e os compradores estão a regressar, não nas quantidades loucas do passado mas com investimentos razoáveis", resume Pedro Lopes. 

Com a procura a subir, prevê-se uma nova vaga de construção. O movimento das gruas já é intenso na Quinta do Lago, refletindo o interesse dos compradores em demolir moradias e reconstruí-las em estilo diferente. 

De olhos na 'nova Vilamoura'

As expetativas são altas sobretudo em Vilamoura, agora comprada pelo fundo americano Lone Star. "Claramente, o objetivo dos novos compradores é dar um salto de desenvolvimento e acelerar outras operações no Algarve", adianta Francisco Sottomayor, diretor de promoção da CBRE, que assessorou o processo de venda, juntamente com a Neoturis.

"O mercado esteve praticamente parado em 2011 e 2012, os preços chegaram 30% a 40% abaixo do período do pico e começa a haver falta de produto construído de qualidade", constata. Eduardo Abreu, consultor da Neoturis. E segundo Sottomayor, "a decisão de comprar segundas habitações faz-se sempre na perspetiva de um bom negócio. A partir do momento em que as pessoas acreditam que o pior já passou, tendencialmente o movimento no Algarve será de valorização".

Fonte: Expresso

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