20 junho 2016

Lisboa: preço do imobiliário no centro histórico disparou 36% em cinco anos


O aumento da procura faz com que os preços subam mais do que noutros locais da cidade. A explicação está no uso a dar aos imóveis por quem neles investe. Comprar um imóvel no centro de Lisboa, sobretudo nas chamadas zonas históricas, exige um investimento cada vez maior com os preços a registarem um aumento de 36% entre 2011 e 2015.


A análise é da Câmara de Lisboa e corresponde à média dos valores de transações realizadas na cidade e que foram objeto de comunicação ao município para que este, nos termos da Lei, pudesse, se assim o entendesse, exercer o direito de preferência. Esta comunicação é obrigatória dentro da chamada Área de Reabilitação Urbana (ARU) que, no caso da capital, abrange 80% da cidade, incluindo o centro e os bairros históricos. Precisamente aqueles onde a procura de imóveis tem vindo a disparar. 


O aumento de investidores estrangeiros dispostos a abrir os cordões à bolsa para apostar no imobiliário em Lisboa "esta a exercer pressão sobre os preços, que estão a evoluir de uma forma muito rápida", explica Ricardo Sousa, da Century 21. Isso já não se verifica nas zonas da periferia, onde o rendimento das famílias faz com que os preços não tenham muita margem para subir e, pelo contrário, se mantenham estáveis. 

Por outro lado, acrescenta Gustavo Soares, da Sotheby's, se há mais procura no centro e nos bairros históricos, a verdade é que "hoje há oferta imobiliária em zonas onde há alguns anos não se via e para as quais não havia interesse, como os bairros populares, casas pequenas e ruas estreitas". Aí, há agora prédios inteiros à venda, a preços muito elevados mesmo que precisem de grandes obras de recuperação. 

Dados divulgados no início de Junho pela consultora Confidencial Imobiliário revelaram que no ano passado as vendas de imóveis no centro histórico de Lisboa movimentaram 709 milhões de euros em 2.199 operações de imóveis, com preços por metro quadrado entre os 814 e os 2.793 euros. De acordo com as imobiliárias ouvidas pelo Negócios, a maioria destas vendas são para investir no arrendamento temporário a turistas.

A opção de comprar e viver na cidade para as famílias, essa começa a esgotar-se, lamenta Ricardo Sousa, que alerta: "É preciso uma clara estratégia de habitação para a cidade e este e, sem dúvida, o momento para fazer essa reflexão".

Fonte: Negócios

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