03 setembro 2016

Nova cultura imobiliária


Lisboa e Porto têm um novo pulsar e a cada esquina surgem novas lojas, novas empresas, novos conceitos... Estará o imobiliário nacional a inovar e a conquistar diferentes nichos de mercado?
Os dados divulgados pelas principais consultoras não deixam margem para dúvida: o imobiliário português está mais dinâmico. Quer seja habitação, retalho, escritórios ou hotelaria, o volume de investimento e de transações aumentou este ano comparativamente a 2015.

Lisboa e Porto são as cidades onde esta realidade é mais notória e que estão agora, novamente e de uma forma mais forte, sob o olhar de rapina dos investidores nacionais e internacionais. Para tal muito tem contribuído a reabilitação urbana que permitiu devolver a estas cidades a sua beleza urbana e a vitalidade que já teve em outros tempos. O segmento residencial é talvez aquele em que se espelha melhor este cenário e que tem proporcionado o surgimento de novas apostas imobiliárias, tal é o caso dos apartamentos turísticos e do conceito de hotel apartamentos. mas também ao nível dos escritórios têm surgido novidades, nomeadamente com a cada vez maior procura por Portugal como destino para a instalação de centros de serviços partilhados e de call centres

O comércio de rua, por seu lado, já nos habituou à mudança e ao frenesim que se vive na cidade. A cada instante, num piscar de olhos, surge uma nova loja, uma novo ideia, uma nova corrente. E também novas localizações. Basta referir a frente ribeirinha que vai desde o Cais de Sodré até à Avenida 24 de Julho, em Lisboa, onde os novos conceitos de restauração e entretenimento têm-se desenvolvido como 'cogumelos'. Além disso, Lisboa continua no mapa das principais marcas internacionais para aqui se instalarem e cativarem portugueses e turistas. 

Novos nichos 

Face a toda esta conjuntura, não se pode deixar de questionar: Existem novos nichos no mercado imobiliário no nosso País? O Director Geral da JLL em Portugal, Pedro Lancastre, acredita que sim e dá como exemplo "as residências de estudantes" e "as residências seniores". Do que diz respeito às primeiras, refere que "impulsionadas pelo crescimento do número de estudantes em mobilidade internacional, levaram grandes instituições de investimento imobiliário na Europa a apostar neste segmento, transformando um 'nicho' até há pouco negligenciado, num mercado dinâmico e profissionalizado". 

Na sua opinião, "Portugal não foi excepção a esta dinâmica, também sustentada pela crescente procura de estudantes estrangeiros, cuja capacidade financeira é superior à dos estudantes portugueses". Por esta razão, diz que "os alunos estrangeiros são o principal target deste tipo de alojamento, não só porque os preços praticados são usualmente superiores ao arrendamento tradicional de quartos ou apartamentos, mas também porque em Portugal a cultura do 'dorm' ainda não está completamente enraizada". 

Sendo Lisboa a cidade com maior número de estudantes é, por isso mesmo, atualmente o mercado mais desenvolvido. Ainda assim, Pedro Lancastre salienta que nota "que os investidores começam também a olhar para os mercados do Porto e de Coimbra". 

A oferta existente em Lisboa - ainda sem escala para acolher os inúmeros alunos estrangeiros que são atraídos não só pela boa reputação que as universidades portuguesas conquistam lá fora, mas também pela reconhecida qualidade de vida que o nosso País proporciona - tem origem nacional, mas reflecte em muito o que de melhor se faz lá fora. E, apesar de os investidores portugueses terem sido pioneiros no nosso mercado, diversos investidores estrangeiros e grandes grupos operadores neste mercado, já incluem na sua estratégia de expansão a curto prazo o mercado português. 

No que diz respeito à classe de residências sénior, Pedro Lancastre acredita que "é sem dúvida ainda um mercado de nicho, que face à realidade portuguesa ainda não está muito desenvolvido". No entanto, faz a ressalva para o facto de "impulsionado pelos benefícios fiscais concedidos a residentes não habituais, a procura tem vindo a crescer e vários cidadãos estrangeiros têm escolhido Portugal para residir e aproveitar a sua reforma". Pelo que considera que este mercado "tem bastante potencial de crescimento, pois as extraordinárias condições naturais e de segurança do nosso País aliadas ao custo de vida e aos benefícios fiscais existentes tornam Portugal um destino preferencial para cidadãos de todo o mundo, e em especial os seniores, com mais disponibilidade de tempo". 

Um outro nicho que parece estar a despontar é o da saúde e são várias as clínicas a surgirem no mercado e a especializarem-se em determinadas doenças com o intuito de cativar os pacientes estrangeiros. Também já são várias as unidades hospitalares com acreditação internacional e com selos de garantia que não só acabam por lhes permitir entrar na 'rede' das organizações internacionais que habitualmente aconselham os doentes a optar por este ou aquele país, esta ou aquela clínica, como ajudam a consolidar o nome do nosso País na vertente saúde. Mas este é um novo nicho ainda em aperfeiçoamento. 

Aventuras com prazo

É preciso não esquecer que o mercado está em constante mutação e o que é hoje 'moda' pode amanhã perder o interesse quer por parte de quem investe, quer do próprio consumidor. Por isso, é provável que algumas destas novas 'aventuras' de investimento possam estar condenadas a 'morrer' a médio prazo... mas isso faz parte da vida e do ciclo dos negócios. 

Pedro Lancastre acredita, no entanto, que "cada vez mais os investidores sustentam as suas estratégias de investimento em estudos de mercado bem fundamentados, analisando bem todas as opções, os riscos e os retornos potenciais do seu investimento". Mas, obviamente, como afirma, "há segmentos com um maior potencial que outros e em cada caso é necessário considerar eventuais alterações do mercado imobiliário global e nacional". 

Ainda assim, é peremptório ao afirmar: "não vejo que existam neste momento investimentos que a médio prazo estejam condenados".

Fonte: Revista Magazine Imobiliário de Set/Out 2016
Foto: JLL

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