06 novembro 2016

BCP seduz clientes antigos para a taxa fixa


O banco liderado por Nuno Amado está a propor a alguns dos seus clientes que fixem a taxa do empréstimo durante cinco a dez anos, numa altura em que as Euribor assumem valores cada vez mais negativos. O BCP está a oferecer aos clientes com "spreads" mais reduzidos a possibilidade de fixar a taxa do crédito à habitação durante cinco ou dez anos. Trata-se de uma campanha que surge numa altura em que a Euribor assume valores cada vez mais negativos. Para se proteger desta evolução, o banco oferece aos clientes estabilidade na taxa de juro.


Alguns clientes do BCP têm sido contactados para fixarem o juro do empréstimo. O banco propõe que antecipem uma possível subida das taxas Euribor e, deste modo, paguem sempre a mesma prestação num prazo entre cinco a dez anos. Quando este período terminar, o banco volta a aplicar o 'spread' que vigora no contrato até agora. Já nos contratos com Euribor a três e seis meses, o indexante depois de terminado o período da taxa fixa será a Euribor a 12 meses, a única que faz agora parte da oferta comercial do banco. E, nesta campanha, o banco não cobra nenhum encargo pela alteração no contrato. 

A proposta a que o Negócios teve acesso dizia respeito a um crédito com um 'spread' de 0,5% associado à Euribor a três meses. Tendo em conta a média do indexante em Setembro (-0,302%), a taxa final deste empréstimo ronda actualmente os 0,198%. A este cliente foi proposta uma taxa fixa de 1,10% durante cinco anos ou de 1,45% durante dez anos. Ora, os contratos futuros sobre a Euribor a três meses apontam para que se mantenha negativa até, pelo menos, Setembro de 2020.

Contactada, fonte oficial do BCP confirmou a campanha. "É uma ação comercial, que visa apresentar aos clientes as nossas soluções de taxa fixa", explicou ao Negócios. "Tratam-se de soluções alternativas ás taxas indexadas, para quem valoriza a estabilidade na prestação. O cliente pode optar por fixar a taxa por cinco, sete ou dez anos. sendo que após este período, a taxa retorna à Euribor com o 'spread' inerente à operação", concluiu. O Negócios contactou os restantes quatro maiores bancos nacionais para perceber se estavam a desenvolver campanhas semelhantes. Apenas o Novo Banco respondeu que, neste momento, "não tem nenhuma campanha em curso com esse objectivo". 

Euribor negativas 

Esta campanha surge numa altura em que Euribor, indexante da grande maioria dos créditos à habitação, continuam a renovar mínimos históricos em níveis negativos. Ainda na passada sexta-feira, a taxa a três meses, abaixo de zero desde Abril de 2015, atingiu o valor mais baixo de sempre nos -0,312%. Já a Euribor a seis meses, referência em mais de metade dos financiamentos em Portugal, caiu para -0,212%.

Uma evolução penalizadora para as instituições financeiras, já que têm que descontar a média negativa dos indexantes aos 'spreads'. E, nos casos em que as margens rondem os 0,3%, isso pode implicar uma taxa de juro final de zero. Agudizando-se esta tendência e concretizando-se uma taxa final negativa, deveria ser amortizado capital em dívida.

Em Abril, Carlos Costa defendeu no Parlamento que deveria ficar definido na legislação que, nos contratos existentes, quando a taxa final fosse negativa deveria ser aplicada uma taxa de juro de zero. Já nos novos créditos, deveria ser cobrado, no mínimo, o 'spread'. O governador do Banco de Portugal realçou, contudo, que caso não fosse apresentada nenhuma medida por parte do legislador, o que não aconteceu até agora, mantinha-se tudo como está. Isto é, "tal qual está o quadro normativo, o princípio é o da repercussão total do indexante na formação da taxa de juro" do empréstimo, frisou.

Fonte: Negócios

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