12 abril 2018

Movimento da reabilitação alastra-se por toda a cidade de Lisboa


O movimento da reabilitação urbana continua a alastrar-se por toda a cidade de Lisboa, saindo do centro rumo a novas localizações e contagiando cada vez mais segmentos de mercado. O resultado está à vista, com uma cidade cada vez mais criativa e inclusiva! Embora seja hoje reconhecido como a zona mais “prime” para investir neste setor, preferencialmente para projetos residenciais na gama alta e turísticos, atualmente a aposta em reabilitação urbana em Lisboa já não está apenas focada no centro histórico.


Funcionando como um barómetro da economia, o mercado de reabilitação reflete o atual posicionamento de Lisboa como cidade empreendedora, inovadora e inclusiva, sendo palco para o desenvolvimento de novos conceitos e produtos imobiliários mais direcionados para a nova procura, conduzida pelos jovens empreendedores, pelo público internacional e, sobretudo, pela geração “millennials”.

Conceitos como o ‘coworking’ ou o ‘student housing’ são hoje reconhecidos e apreciados por um público cada vez mais vasto, com a maior parte do novo produto a surgir no mercado através de projetos de reabilitação desenvolvidos em zonas alternativas da cidade, com destaque para o eixo do Beato e Marvila.

E, perante um mercado em mudança, a tendência é para que no futuro possamos também a assistir ao lançamento de projetos residenciais que apostem em novos modelos de arrendamento urbano, sendo a reabilitação urbana um campo fértil para os modelos de co-living que, passo a passo, vão crescendo lá fora e que, inevitavelmente, tomarão o seu caminho até Portugal.

Coworking expande-se na frente de rio

Embora ainda se encontre numa fase inicial comparativamente a outros mercados europeus, o coworking tem vindo a crescer de mãos dadas com a reabilitação urbana em Lisboa, encontrando nos antigos armazéns e edifícios de serviços na frente de rio um terreno fértil para a sua expansão. Pelas contas da Cushman & Wakefield, atualmente Lisboa conta com cerca de 40 centros de co-working que oferecem mais de 35.000 m² de escritórios partilhados. Um valor que praticamente duplicará no final deste ano, graças ao Hub Criativo do Beato.

De frente para o Tejo, num espaço totalmente desativado desde 2011 e que serviu, durante o Estado Novo para a produção de bens alimentares para as Forças Armadas, vai nascer um gigantesco polo de empreendedorismo e inovação, promovido pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Startup Lisboa, a quem a autarquia confiou a dinamização, programação e gestão do espaço. O Hub Criativo do Beato ocupará os 35.000 m² e as duas dezenas de edifícios que durante anos estiveram vazios e degradados, dando lugar a um dos maiores polos de empreendedorismo da Europa.

Beato: o novo bairro criativo da cidade

A Factory, a Mercedes Benz, a Web Summit e o Super Bock foram os primeiros quatro ocupantes confirmados no Hub do Beato, investindo na recuperação dos edifícios onde se instalarão já a partir do final deste ano. E, passo a passo, tudo aponta para que o Beato se torne no novo bairro criativo de Lisboa.

Vinda de Berlim, a Factory escolheu o Beato para a sua primeira localização internacional, montando ainda mais um espaço onde start-ups e grandes empresas poderão trabalhar lado a lado. A também alemã Mercedes Benz instalará no Hub o seu primeiro centro digital a nível mundial, onde programadores portugueses e estrangeiros passarão a desenvolver os sites a aplicações da fabricante automóvel. A Web Summit, por seu turno, vai transferir para ali os seus atuais escritórios localizados no Cais do Sodré. Já a Super Bock quer ali criar uma micro-cervejeira para produção de cerveja artesanal, mas também explorar os territórios da música e arte urbana aos quais se tem vindo a associar ao longo dos anos.

A ligação à rede de ciclovias da cidade, a instalação de bicicletas partilhadas, a criação de shuttles de ligação permanente a Santa Apolónia e à Gare do Oriente, bem como o reforço das carreiras da Carris (com novas paragens na avenida Infante D.Henrique) e a construção de estacionamento automóvel fazem parte dos planos da autarquia para melhorar a acessibilidade à zona do Beato.

Requalificação do espaço público avança na frente rio com mais mobilidade partilhada Simultaneamente, prossegue a estratégia de requalificação dos espaços públicos levada a cabo pela autarquia, com o duplo objetivo de melhorar as condições existentes e oferecidas aos cidadãos e de alavancar o investimento privado na reabilitação das áreas intervencionadas.

A Doca da Marinha, que abrange toda a área entre a antiga Estação

Fluvial Sul e Sueste e o novo terminal de cruzeiros, é o próximo espaço da frente ribeirinha que vai ter obras. O protocolo assinado no passado dia 21 de fevereiro pela autarquia com a Administração do Porto de Lisboa e a Marinha, vai permitir a requalificação de todo aquele espaço, cumprindo a parte que faltava do projeto traçado pelo arquiteto João carrilho da Graça para a requalificação do espaço público no Campo das Cebolas, cujas obras estão, entretanto, quase a acabar.

Ao abrigo desta intervenção, surgirá uma alameda pedonal repleta de árvores a ladear a zona viária da Avenida Infante Dom Henrique, bem como algumas construções novas.

Além disso, a linha de elétrico vai entrar na Infante Dom Henrique já quase na extremidade da doca, permitindo a ligação do Cais do Sodré a Santa Apolónia, que agora acaba abruptamente na Rua Cais de Santarém que, por sua vez, passará a ter passeios mais largos, desaparecendo muitos dos atuais lugares de estacionamento.

Fonte: Público

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