O mês de fevereiro foi fértil em notícias para o setor do imobiliário, uma área de negócio que tem enfrentado dias conturbados.
Por um lado, a cidade do Porto foi reconhecida como a 12.ª cidade mais "verde" da Europa, entre 31 analisadas pelo European Green City Index, um estudo do Economist Intelligence Unit para a Siemens. Por outro, Lisboa foi considerada a 45.ª capital mais cara do mundo para instalação de escritórios. Não sendo uma notícia que coloca a cidade nos primeiros dez lugares, não deixa de ser relevante o facto de o preço por metro quadrado/ano para escritórios em Lisboa ser de 311 euros, face aos dois mil euros/ano de Hong Kong.
Focando-me nos motivos que levam a segunda maior cidade de Portugal a posicionar-se como uma das cidades mais "verdes" da Europa, bem pontuada nas categorias "Edifícios" (1.ª posição) e "Energia" (7.ª posição), percebemos que as autoridades locais têm tido papel chave ao nível da conservação de energia nos edifícios. Que também ao nível dos edifícios novos os mesmos responsáveis aplicam regulamentos de eficiência energética, auditorias de sistemas de aquecimento e de ar condicionado, emissão de certificados de desempenho energético, incentivos para a alteração de sistemas obsoletos e informação sobre eficiência energética para lares e empresas.
Sabendo nós que o sucesso de cada país é também produto do êxito de cada cidade, de cada vila ou aldeia, o desafio é sem dúvida, e tal como referi em texto anterior, tornar as cidades mais atrativas, mais prósperas. Este objetivo passa por saber encontrar um ponto de equilíbrio entre a beleza dos edifícios que contam a história e as necessidades atuais. Um ponto de equilíbrio que, mais uma vez, necessita de ser apadrinhado pela respetiva autarquia, que deverá ser facilitador e não entrave na busca de soluções.
Apesar das dificuldades que existem, continuo otimista e a acreditar que a retoma chegará. Por isso, mantenho a necessidade de pensamento estratégico. Uma estratégia que passa, antes de mais, pelo apelo ao orgulho de se ser europeu, de acreditar numa Europa forte com uma moeda única, mesmo quando muitos apontam como certo o fim da Zona Euro.
É necessário e urgente perceber que, no mundo dos negócios, o fim do euro afetaria vários aspetos desse mesmo negócio. A área da promoção imobiliária não seria exceção; as empresas teriam de rever as suas estratégias de investimento de deslocalização, teriam de "afinar"
a estratégia, por exemplo, ao nível de impostos indiretos e preços de transferência, da forma como canalizar os seus bens através dos diferentes países da Zona Euro. Uma situação que, estou certa, não agradaria a ninguém, ainda mais quando estamos num mercado cada vez mais livre, cada vez mais liberal.
Cidades como Lisboa, Porto, Braga, Coimbra, Évora, Faro ou outras cidades capital, independentemente do país, iriam, com toda a certeza, baixar o seu nível da captação de investimento direto estrangeiro. Uma situação que não é de todo desejada, quer do ponto de vista económico, quer social ou mesmo político.
Por Ana Vidal Andujar - Diretora-geral Península Ibérica Bouygues Imobiliária
Fonte: OJE
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