04 abril 2012

CBRE destaca fraco dinamismo no mercado de retalho



Apesar do fraco dinamismo do mercado de retalho em Portugal, há exceções: o setor de luxo, procurado essencialmente por estrangeiros oriundos de países emergentes.
O comércio de rua das zonas prestigiadas de Lisboa, apesar da conjuntura económica pouco favorável, revela um bom dinamismo, demonstra um estudo recente da consultora imobiliária CBRE, sobre o mercado português de retalho.


Segundo a CBRE, as zonas prime de Lisboa estão a atrair marcas de luxo internacionais, muito procuradas principalmente por estrangeiros oriundos de países emergentes, como Angola ou Brasil. 

No entanto, à parte do segmento de luxo, o mercado de retalho está bastante retraído. Em 2011, foram inaugurados, em Portugal, 103 800 m2, o que representa um acréscimo de 35% face ao ano anterior. Em 2010, o mercado tinha apresentado uma quebra de 78% em face a 2009. Já em 2012, não se prevê aberturas de empreendimentos comerciais e os projetos que estão atualmente em construção só serão inaugurados em 2013. 
 
Rendas Prime estabilizadas

No que diz respeito às rendas, o estudo MarketView da CBRE revela que 2011 se caracterizou pela estabilidade das rendas prime em todos os formatos de retalho, com exceção dos retail parks, nos quais desceu 0,5 euros/m2/mês, fixando-se nos 10 euros/m2/mês. No segmento dos centros comerciais da zona de Lisboa, este indicador mantém-se nos 85 euros/m2/mês há dois anos consecutivos. Esta estabilização do valor prime deve-se essencialmente ao incremento da procura, por parte dos operadores, nos centros comerciais de "primeira linha", que, num contexto económico instável e com a diminuição sistemática do consumo, dão preferência a complexos de risco reduzido. Por outro lado, as rendas médias têm sofrido uma forte pressão. Os lojistas estão cada vez mais exigentes nas condições contratuais nos complexos comerciais secundários, optando quase exclusivamente por rendas variáveis e requerendo diversos incentivos, através de bonificações, períodos prolongados de carência e contribuição para o fit-out.
 
Comércio de rua

O estudo da CBRE aponta uma nova tendência no investimento em imóveis de retalho, onde há maior interesse nas lojas de rua em detrimento dos empreendimentos comercias. Esta tendência é motivada não só pela alteração do tipo de investidores que estão a atuar no mercado - privados de menor dimensão, mas também pelo bom dinamismo e atratividade que as lojas de rua prime tem revelado. Contudo, existe alguma escassez de ativos desta natureza disponíveis para venda.

Apesar desta tendência, os centros comerciais continuam a ser os principais responsáveis pela colocação de oferta nova no mercado. Durante 2011, foram inaugurados o Fórum Sintra, resultante da expansão do Feira Nova Gallery e cuja área de expansão foi de 41 200 m2, e o Aqua Portimão, situado no Algarve e com 35 500 m2 de ABL. Em 2011, foi ainda expandido o Jumbo Shopping Centre de Famalicão em cerca de 4400 m2. 

No segmento de retail parks, foram inaugurados dois empreendimentos, com um total de 19 200 m2. Este volume vem dar continuidade à redução sucessiva do desenvolvimento de complexos comerciais deste formato. Já nos outlets, desde de 2004 que não se têm verificado novas aberturas, no entanto, a frágil conjunta económica do país acabou por favorecer este tipo de empreendimentos, os quais têm revelado um desempenho acima do previsto.
 
Rendas de retalho estáveis na Europa

Nos restantes países europeus, e de acordo com estudos da CBRE, mesmo perante uma conjuntura económica desfavorável e vendas a retalho em baixa, as rendas em toda a Europa mantiveram-se estáveis enquanto os retalhistas competem por espaços limitados nas áreas de maior procura das grandes cidades. O Índice de Rendas de Comércio de Rua Prime da CBRE para a Europa subiu apenas 0,5% no quarto trimestre de 2011, apesar do forte desempenho de Berlim, Manchester e sobretudo Lille. No conjunto do ano, as rendas aumentaram 3,4% na Europa, indicando uma desaceleração no crescimento das rendas na segunda metade do ano.
As rendas prime mantêm-se estáveis na maior parte das zonas, sendo que algumas localizações em ruas comerciais dão mostras de um crescimento significativo.

A procura de espaço continua muito focada nas zonas prime das grandes cidades, com os retalhistas a competir cada vez mais por um espaço apropriado. No entanto, os arrendatários continuam a exigir melhores condições de arrendamento e a negociar incentivos incluindo contribuições significativas no "fit-out", o que, em alguns casos, leva a que os contratos de arrendamento levem muito tempo a realizar-se.

A confiança dos consumidores na Europa andou perto da média a longo prazo no primeiro semestre de 2011, mas posteriormente caiu com a trajetória a manter o sentido descendente. Os níveis de confiança na Holanda e na Dinamarca diminuíram consideravelmente no quarto trimestre (T4), mas em Itália a queda foi dramática - desceu 12,6 pontos base - no segundo semestre do ano. A confiança dos retalhistas seguiu um padrão semelhante em toda
a Europa; no Reino Unido, a confiança dos retalhistas caiu no início de 2011, mas registou uma melhoria no final do ano.

Fonte: OJE

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