O investimento imobiliário feito em Portugal ao longo deste ano poderá chegar perto do pico atingido em 2007, com a Cushman & Wakefield a prever um total de 600 a 800 milhões de euros investidos, num contexto de melhoria da conjuntura do setor.
Esta é, no entanto, «uma perspetiva conservadora», adianta Marta Esteves Costa, head of research & consulting da C&W.
Eric van Leuven, managing partner da consultora, adiantou, durante a apresentação do Marketbeat de Outono, divulgado esta semana, que a consultora «tem conhecimento de 3 negócios de 400 milhões de euros cada um, que se encontram em negociações avançadas», que podem fazer disparar estas previsões caso se venham efetivamente a concretizar antes do final do ano, fazendo de 2014 «o melhor ano de sempre», segundo o responsável. Os interessados, são investidores estrangeiros, e os imóveis envolvidos tratam-se de portfólios e não de edifícios individuais, num volume de negócios bem superior à média.
Para Eric van Leuven, o crescimento do investimento globalmente falando e, em particular, em Portugal, deve-se a um «excesso de liquidez» por parte dos investidores, que às vezes «nem sabem onde investir», não encontrando muitas vezes produto adequado ao que pretendem. O responsável avançou nesta apresentação que «os grandes negócios de que temos conhecimento em Portugal abrangem todo o setor. Há muito interesse no imobiliário português, de bolsos muito variados e muito fundos», nomeadamente de «grandes casas de investimento».
Portugal vai sendo cada vez mais atrativo para estes “bolsos”, uma vez que os preços são dos mais baixos da europa, as yields têm vindo a descer, e a conjuntura económica é mais favorável. Marta Esteves Costa avança que «o mercado imobiliário está a responder à recuperação da economia. Está a crescer lentamente, mas de forma sustentada». Por outro lado, o risco de não concretização das previsões de crescimento do Banco de Portugal é menor, embora as últimas tenham sido divulgadas ainda antes da crise do BES.
E o leque de investidores interessados tem vindo a diversificar-se cada vez mais, desde a China, à Malásia ou Brasil, além dos investidores tradicionais europeus. Mas não estamos a falar de pechinchas, na opinião de Eric van Leuven, «o lado de desespero de quem tem imóveis não chegou a ser demasiado grande» e os proprietários falam «confortavelmente» do preço que pedem.
Os setores mais ativos do mercado imobiliário este ano, em termos de investimento, têm sido o retalho e os escritórios. No caso do primeiro, um aumento do consumo privado tem jogado a favor: «não aumentaram os rendimentos das famílias portuguesas, mas aumentou a confiança», diz Marta Esteves Costa, para explicar um aumento do índice não alimentar, que supera o alimentar.
Já não é novidade que o comércio de rua, principalmente em Lisboa, e em artérias como a Avenida da Liberdade ou o Chiado, está especialmente animado. Nestas localizações, a procura de espaços e as novas entradas são constantes, e o interesse vai-se estendendo a novas zonas da cidade, como a baixa. São as marcas de luxo as maiores interessadas nestas localizações, onde se praticam rendas de 92,5 euros/m2 no Chiado e de 82,5 euros/m2 na Avenida da Liberdade (mais 2,5 euros do que no ano passado).
Já os shoppings, estão a estabilizar. Este ano só deverá inaugurar o Alegro Setúbal, e para 2015 não está prevista qualquer abertura, mas as vendas têm vindo a aumentar.
No mercado de escritórios, a nota da C&W é também de recuperação. A zona 2 foi a mais procurada, nomeadamente edifícios reabilitados, onde se realizaram as maiores operações do ano até agora. A 2ª zona mais concorrida é o Parque das Nações, e em 3º lugar surge o tradicionalmente preferido Corredor Oeste, que agora regista uma taxa de desocupação de perto de 20%.
A consultora prevê que, neste setor, a taxa de desocupação siga a sua tendência de descida, uma vez que praticamente não existe nova oferta de espaços, e aqueles que surgem estão ocupados, como é o caso do edifício Duarte Pacheco ou da nova sede da EDP.
No mercado industrial, embora não hajam grandes novidades, a consultora destacou uma grande procura de espaços na zona do Grande Porto, onde «não há grande oferta de espaços». A procura, é motivada essencialmente por custos de ocupação, tanto em Lisboa como no Porto.
Este ano, a hotelaria tem sido o mercado “estrela” em Portugal. Marta Esteves Costa avança que «o turismo foi o setor que foi crescendo mais rápido. Começou pela procura externa, e agora a procura interna está também a aumentar. Os portugueses passam mais férias em Portugal, e sentem maior confiança».
Por outro lado, a quebra da rentabilidade dos hotéis tem vindo a inverter-se, embora os proveitos ainda não cheguem aos valores de 2010.
Fonte: INE, ANA e ANAM; análise Cushman & Wakefield
No caso do mercado residencial, as perspectivas são positivas, com factores psicológicos que retraíam a compra de habitação por parte das famílias mais atenuados, com um valor de avaliação bancária inferior, em Lisboa, e superior no Porto, e com um importante impulso não só do “golden visa” mas também do Estatuto dos Residentes Não Habituais, especialmente no residencial turístico.
Fonte: SIR; análise Cushman & Wakefield
* Janeiro a setembro
Marta Esteves Costa sublinha que «2014 vai sem dúvida marcar a retoma» do mercado imobiliário, embora para o futuro a «estabilidade internacional seja muito importante».
Fonte: VI/C&W
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