O imobiliário constituiu um refúgio para os investidores. O retorno médio anual em 2011 foi de 0,5%, o que contrasta com os 24,1% negativos das ações do PSI 20 e os 41,4% negativos das obrigações (tendo em conta o Índice de Retorno das Obrigações do Tesouro com Maturidade de sete a dez anos publicado pela JP Morgan em 2011), de acordo com o Índice Imobiliário Anual do IPD Portugal.
Os ativos imobiliários surgem ainda como a classe com melhor performance a médio/longo prazo (3, 5 e 10 anos), com retornos anualizados de 1,6%, 3,9% e 7,5%, respetivamente.
Embora se mantivessem em terreno positivo, os resultados do investimento imobiliário apurados pelo IPD Portugal para 2011 apresentam uma contração significativa face a 2010, ano em que a performance deste mercado havia recuperado para um retorno de 4,3%, atingindo, assim, o melhor registo desde o início da crise financeira global em 2008. Longe dos retornos de dois dígitos obtidos entre 2004 e 2007, a performance alcançada em 2011 revela ser a segunda mais baixa nos 12 anos de histórico do Índice IPD em Portugal, superada apenas pelo retorno de 0,2% registado em 2009.
A contração do retorno deveu-se essencialmente à componente de capital, com a desvalorização do ativos imobiliários a agravar-se de 1,5% negativos em 2010 para 5% negativos em 2011. Este comportamento é sobretudo sustentado pela descida do valor das rendas de mercado e pela subida dos yields, que se verificou em todos os setores de mercado.
A componente de retorno das rendas continuou, deste modo, a ser o principal motor do retorno do investimento para o total do mercado, fixando-se nos 5,7% em 2011. Não obstante, este indicador caiu ligeiramente face aos 5,8% registados em 2010, refletindo o impacto da crescente desocupação e a pressão dos inquilinos sobre os valores da renda.
Escritórios
Em termos setoriais, a nota geral foi de contração das performances face a 2010, com destaque para o retalho, cujos resultados obtidos pelo investimento passaram de 4,0% em 2010 para 1,6% negativos em 2011. O setor de escritórios alcançou a melhor performance em 2011, com um retorno de 2,4%, logo seguido pelo industrial, com 2,3%, sendo que, neste último, a performance contraiu cerca de 4% face ao ano anterior.
Também na componente de valorização de capital, a queda do valor dos ativos imobiliários foi generalizada, com especial destaque para o retalho, com a correção de valor a posicionar--se nos 7,4% negativos, contrastando com as correções menos vincadas nos ativos de escritórios e industrial, de 2,7% negativos e 2,4% negativos, respetivamente.
No que se refere ao retorno de rendas, o retalho foi o setor com melhor desempenho, com 6,2%, apesar da ligeira contração face aos 6,3% alcançados em 2010. Nos escritórios, o retorno proveniente das rendas manteve-se estável nos 5,2% em 2011, sendo que, no setor industrial, se verificou uma queda de 70 pontos de base, de 5,5% para 4,8% em 2011, refletindo o impacto do aumento da desocupação.
António Gil Machado, diretor IPD Portugal e Brasil, comenta em nota: "O mercado imobiliário português continua a revelar grande resiliência, prova de que o imobiliário é um setor que defende o valor das poupanças, mesmo em cenários relativamente extremos como o que temos vivido." Em sinal de prudência, António Gil Machado alerta, no entanto, "para o reduzido nível de transações de investimento que se verifica no mercado português, para o qual contribui a ausência de investidores internacionais ativos no nosso mercado".
Luís Francisco, Country Manager IPD Portugal, sublinha: "Apesar do atual contexto de mercado não ser o mais favorável, os resultados positivos alcançados pelo imobiliário nacional em 2011, de acordo com o Índice IPD, em contraste com outras classes de ativos, identificam o imobiliário com a classe que melhor protege os investidores no curto, médio e longo prazo".
O Índice IPD Portugal reforçou a sua cobertura em Portugal, reunindo, no final de 2011, um total de 41 carteiras de investimento, detentoras de 998 ativos imobiliários de uso comercial/terciário, avaliados em mais de 9,9 mil milhões de euros.
Fonte: OJE
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.