04 abril 2012

O “meu” Shopping de Bairro


Por Samuel Brenha dos Santos*
Todos os indicadores nacionais são unânimes: o mercado de centros comerciais atingiu a sua fase de maturidade e cada novo projeto que surge não consegue mais do que um sucesso esporádico, salvo honrosas exceções que confirmam a regra.
 
No entanto, entendo que existe ainda muito para ser explorado em Portugal. Esta é a altura para cada projeto existente olhar para o seu mercado, refletindo sobre o seu potencial e descobrir o seu reposicionamento.

Neste campo, assume cada vez maior importância o pequeno centro comercial, o chamado Shopping de Bairro. 

De acordo com o ICSC, o Shopping de Bairro define-se como "um espaço comercial e de lazer com uma oferta de bens e serviços de conveniência que satisfaça as necessidades diárias de clientes de uma área de influência relativamente pequena. Geralmente, um supermercado é a loja principal. A sua área típica varia entre os 5000 m2 e os 10 000 m2 de ABL".

Com a falta de tempo que carateriza a sociedade atual, os visitantes são atraídos para estes espaços, onde existe uma aprazível oferta de comércio e serviços aliada a uma confortável acessibilidade e centralidade.

Esta tipologia de espaço comercial deve ainda, naturalmente, assegurar uma oferta integrada e variada que estimule visitas regulares e, simultaneamente, proporcione agradáveis momentos de sociabilização junto de amigos e familiares, estimulando laços de afetividade, na qualidade
de clientes heavy-users.

"Vou ao meu Shopping de Bairro porque lá me conhecem, sabem quem eu sou, sei onde me dirigir para obter o que pretendo e não perco tempo!" E, atualmente, tempo, como todos nós sabemos, é um elemento extremamente valioso na nossa vida. Tal como eu, milhares de pessoas também se identificam com um determinado centro comercial localizado na sua área de abrangência, seja ela de âmbito profissional ou pessoal.

O centro comercial deve criar laços com os seus clientes. Laços que estabeleçam uma fusão harmoniosa e sensitiva do ato da compra aliado a um conjunto de sensações positivas, de emoções que produzem satisfação e compleição. Deve ser um espaço simbólico de partilha, de um dos aspetos mais valiosos que possuímos: as relações humanas e sociais. A nossa identificação na qualidade de ser integrante de um espaço, uma cultura, uma forma de estar própria, tão influenciada pelo local onde vivemos.

E, cada vez mais, a equipa gestora destes projetos deve saber cativar e fidelizar os seus clientes. Deve saber encontrar estratégias sustentadas e formas de comunicação adaptadas e objetivas, centradas nas necessidades e expectativas locais, como apoios e parcerias com Associações, Escolas e Juntas de Freguesia ou ainda as comemorações e promoções especiais. 
Afinal, quem não gosta de ir ver uma exposição da sua antiga escola, ou atualmente frequentada pelos seu(s) filho(s)? Ou de apoiar aquela associação que tão bem conhece?
Para um mercado cada vez mais global e em constante mutação, existe um sábio provérbio chinês, que parece aplicar-se na perfeição: "Não temos de ser fortes (grandes). Temos de ser flexíveis".

Neste contexto, certamente que o Shopping de Bairro irá percorrer um caminho evolutivo interessante de acompanhar, analisar e (Re)valorizar.

* Sénior Shopping Center Manager Jones Lang LaSalle

Fonte: OJE

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.