Um protocolo assinado ontem entre a Igreja Católica e o Estado português vai permitir a inventariação, preservação e divulgação do património imóvel das dioceses, em parceria com o IHRU - Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana.
A Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território justificou o estabelecimento desta parceria com o «lugar de primazia» que o património religioso ocupa no «universo dos valores edificados» em Portugal.
Para a governante, «este património invoca a memória devocional portuguesa e recria um tempo que, passado e sem registo, poderia ficar definitivamente perdido».
Em declarações à Agência ECCLESIA, o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, da Conferência Episcopal Portuguesa, destaca o evento como «um passo importante» rumo à dinamização de um tipo de património para o qual «faltava muitas vezes» recursos humanos com «conhecimentos técnicos» adequados.
«Esta parceria entre a Igreja e o Estado é um chapéu global que vale para todo o país, mas que necessita depois da livre adesão de cada uma das dioceses», sublinha o prelado, que marcou presença na cerimónia de assinatura do protocolo, nas instalações do IHRU, localizadas no Forte de Sacavém, Patriarcado de Lisboa.
D. Pio Alves destacou ainda a importância da parceria entre a Igreja e o Estado para o crescimento da religião, na sua relação com o público e na «evangelização».
A Diocese do Porto, através do Secretariado Diocesano de Liturgia, liderado pelo padre Manuel Amorim, foi a primeira (e única, até agora) a aderir ao projeto conjunto com o IHRU.
Só em 2011, o desenvolvimento dessa parceria, hoje renovada, permitiu à Igreja Católica local fazer a inventariação de cerca de 220 edifícios e estruturas religiosas, processados através do SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitetónico.
A diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja adianta que, muito em breve, o protocolo poderá começar a abranger mais dioceses.
«Existem já algumas dioceses que manifestaram interesse em avançar com este trabalho, como Santarém, Évora e Viseu», revela Sandra Costa Saldanha, salientando ainda que o projeto irá impedir a repetição de «erros do passado», que aconteceram no processo de classificação e inventariação de imóveis, envolvendo entidades estatais e eclesiais.
«Frequentemente, cada entidade fazia as coisas pelo seu lado e acabavam por estar a fazer o mesmo», lamenta aquela responsável.
Fonte: iGOV
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