Por Jorge Garcia*
Nos últimos meses de 2011 em artigos de opinião publicados em diferentes meios de comunicação social, procurei contribuir com algumas sugestões no sentido de serem encontrados caminhos para ultrapassar uma situação que no momento já se antevia devastadora para os operadores do mercado imobiliário e muito complicada do ponto vista social.
Defendemos na altura, que no âmbito do Plano de Emergência Social que vigorará até 2014 fossem criadas condições para um mercado de arrendamento social, com a criação de um Fundo Social de Gestão Imobiliária administrado por entidade na dependência direta do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social.
Outras soluções para a constituição de Fundos de Investimento Imobiliário têm vindo a ser defendidas, mas todas convergem na prevenção/resolução das três principais questões que afetam o mercado imobiliário; o crescente “default” das Famílias, a descida acentuada dos preços dos produtos imobiliários e o aumento de stock imobiliário na posse da Banca.
Recentemente foi o Presidente da APEMIP a chamar a atenção para uma contaminação que está a afetar transversalmente todo o património imobiliário. Na verdade, a riqueza construída por muitas Famílias está ser delapidada por uma desvalorização sem critério que afeta todo o património imobiliário, independentemente da sua localização e qualidade construtiva.
Quando em finais da década de 90, a minha atividade profissional se direcionou para o mercado imobiliário, recebi a minha primeira lição que retenho até hoje. O preço de um imóvel é determinado pelo valor que o mercado do lado da procura em cada momento está disposto a pagar e é fixado mediante negociação entre partes livres na sua tomada de decisão.
Na verdade, hoje em Portugal não existem condições de liberdade negocial para fixação de um preço ajustado às expetativas de ambas as partes. O lado da oferta está constrangido por uma real ou esperada falência dos proprietários, está condicionado por dações por incumprimento e penhoras fiscais.
Se as famílias precisam de soluções urgentes, também a banca e a administração fiscal, não têm qualquer interesse em ter crédito mal parado ou em aumentar os seus ativos imobiliários. O que mais faltará acontecer, para concertar um Plano de Emergência no mercado imobiliário em Portugal? Os 12 mil milhões de Euros disponibilizados pela Troika para recapitalização da Banca nacional não poderiam ter um papel decisivo na arquitetura financeira desse Plano?
Por cá, depois de uma ação bem sucedida que levou a uma generalizada queda das taxas de juro praticadas pela banca, a Presidenta Dilma Roussef aproveitou o “dia das mães” para anunciar mais um pacote social, abrangendo famílias carenciadas com crianças de idade inferior a 6 anos e já abrangidas pelo “ bolsa-família”. Também o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vai divulgando mais resultados do Censos 2010.
Um retrato de um novo Brasil, uma das maiores economias do Mundo que legitimamente aspira a ser potência mundial, que consome mais, estuda mais, ganha melhor e tem mais emprego. É neste cenário de futuro, que procuramos participar de uma nova história no mercado imobiliário.
Grandes redes de franquia imobiliária de origem norte-americana estão no centro dessa transformação aportando novas tecnologias de informação, marketing imobiliário e formação profissional a uma nova geração de empresários e corretores imobiliários. Num cenário de crescimento económico, o potencial do mercado imobiliário é enorme. Levar esses empresários e corretores a sair da sua “zona de conforto”, vai ser o grande desafio.
*Especialista em Imobiliário
Fonte: Casa Sapo
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