Um quarto das empresas também deixou de pagar. E nem o crédito à habitação escapa.
É o reflexo das sucessivas medidas de austeridade, do desemprego-recorde e da recessão na economia: nos primeiros três meses do ano, 27.822 famílias engrossaram o rol dos que não conseguem pagar os seus empréstimos. É uma média de 306 novos casos por dia. Neste momento, há quase 700 mil portugueses com crédito vencido. E é no crédito à habitação que mais estão a aumentar os incumprimentos, o que mostra que a crise está a atingir em força os portugueses.
É o reflexo das sucessivas medidas de austeridade, do desemprego-recorde e da recessão na economia: nos primeiros três meses do ano, 27.822 famílias engrossaram o rol dos que não conseguem pagar os seus empréstimos. É uma média de 306 novos casos por dia. Neste momento, há quase 700 mil portugueses com crédito vencido. E é no crédito à habitação que mais estão a aumentar os incumprimentos, o que mostra que a crise está a atingir em força os portugueses.
Neste momento, há 698.422 famílias com crédito vencido, o que equivale a 15,3% do total de devedores - o valor mais alto desde que o BdP tem registo dos dados (ou seja, desde o início de 2009). O crédito ao consumo (para compra de automóveis ou electrodomésticos, por exemplo) é o que regista maior nível de incumprimento. Em Março, havia cerca de 374 mil famílias com crédito ao consumo vencido. São mais 25 mil do que no final de 2011, numa média de 275 novos casos por dia.
No crédito à habitação, o ritmo é bem menos intenso (97 famílias entraram em incumprimento diariamente), mas há um sinal preocupante: é aqui que se regista maior aumento do crédito vencido. No final de Março, havia 148.717 famílias que não conseguiam pagar os seus empréstimos da casa, mais 6,3% do que no final de 2011. No crédito ao consumo, a subida foi de 4,1%. Isto mostra que muitas famílias estão já numa situação-limite, vendo-se obrigadas a deixar de pagar o empréstimo da casa, que, por regra, é o último a resistir.
Incumpre quem mais deve
Os dados do BdP mostram que o incumprimento está também a aumentar no meio empresarial. No primeiro trimestre, houve mais 467 empresários em nome individual com crédito vencido, uma média de cinco por dia. É aqui que a taxa de devedores em incumprimento é mais elevada (28,5% do total). Além disso, mais de um quarto (26,1%) das empresas não conseguem pagar os seus empréstimos, naquele que é o pior nível desde, pelo menos, 2003. O incumprimento das empresas tem aumentado mais nos escalões de crédito mais elevados. Com as famílias tem acontecido o mesmo: há maior aumento de crédito vencido nos empréstimos maiores (acima de 200 mil euros), embora haja também uma subida significativa nos créditos entre 1000 a 5000 euros.
Apesar de as percentagens de portugueses em incumprimento serem elevadas, o peso do malparado sobre o total de empréstimos é relativamente reduzido. Tal deve-se ao facto de ser nos escalões mais baixos de crédito que se concentra o maior número de devedores, o que significa que a maioria das famílias terá em incumprimento montantes relativamente baixos.
Dados do BdP mostram que cerca de 5,3% do crédito existente à economia é considerado de cobrança duvidosa, o valor mais alto desde que há registo dos dados. O nível de incumprimento é particularmente elevado no caso das empresas - 7,42% dos empréstimos estão malparados - enquanto entre os particulares a percentagem é de 3,53%. Com o malparado a pressionar os seus balanços e as contínuas dificuldades de financiamento no mercado interbancário, os bancos têm vindo a reduzir o montante de crédito à disposição da economia, um cenário a que não é alheia, também, a redução da procura provocada pelas condições mais restritivas na concessão de empréstimos.
Até Março, o volume de empréstimos acumulados a empresas e a particulares estava a recuar 4,6% e 3,1%, as variações homólogas mais altas de que o BdP tem registo. Ainda assim, em Março, houve uma subida nas novas operações de empréstimos, com os bancos portugueses a concederem mais 891 milhões de euros a empresas e 973 milhões a particulares. Este aumento, depois de meses sucessivos de nítida desaceleração ou mesmo de quebra, surge na sequência da injecção extraordinária de liquidez por parte do Banco Central Europeu (BCE). Mas poderá não significar uma inversão da tendência.
Fonte: Económico
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