As rendas cresceram pelo 9.º trimestre consecutivo, ainda que a um ritmo mais lento, avança a consultora Jones Lang LaSalle. O atual momento dos mercados imobiliários sugere uma desaceleração temporária na recuperação mundial em curso, revela o mais recente "Global Market Perspective" da Jones Lang LaSalle. O documento avança, no entanto, um panorama mais animador para a economia global, em que a confiança está a recuperar e os níveis de investimento imobiliário para 2012 deverão igualar a forte atividade registada no ano anterior.
No primeiro trimestre de 2012, os volumes globais, quer de investimento quer de arrendamento, caíram cerca de 20% face aos primeiros três meses do exercício anterior, queda que poderá ser lida como uma resposta demorada à cautela exibida pelos investidores e ocupantes corporativos na reta final de 2011. A falta de produto para investimento e a escassez de espaços de qualidade para arrendar, associados à ausência de transações de grande dimensão, foram também responsáveis pela redução dos volumes.
Arthur de Haast, head do International Capital Group da Jones Lang LaSalle, afirma que, "apesar da aparente volatilidade dos volumes de investimento, continua a haver um pipeline de negócios muito expressivo. O volume de capital canalizado para o imobiliário é sólido, esperando-se novos fluxos transferidos de outras classes de ativos". Refere também que "a confiança entre os investidores imobiliários está de regresso e, ainda que se mantenham cautelosos, muitos investidores continuam a concretizar as suas estratégias, embora com processos de transação mais longos". Com base neste cenário, "estamos otimistas e prevemos que os níveis anuais de investimento imobiliário global se mantenham alinhados com os de 2011, isto é, em torno dos 400 mil milhões de dólares (317 mil milhões de euros). A melhoria mais expressiva deverá ocorrer no Continente Americano, no qual os volumes poderão crescer entre 10 a 15% face a 2011".
Escritórios abrandam
Entre janeiro e março de 2012, os volumes globais de arrendamento de escritórios caíram cerca de um quinto face aos níveis do primeiro trimestre de 2011. Os ocupantes corporativos continuam a consolidar os seus balanços e a reduzir os custos operacionais, tentando manter-se seletivos na atividade transacional. Os volumes de arrendamento mais baixos nos principais centros financeiros mundiais como Nova Iorque e Londres estão a ser compensados por uma procura forte nos mercados emergentes como Pequim e São Paulo. Esta realidade sugere que os volumes de arrendamento de escritórios a nível global para o total do ano fiquem ligeiramente abaixo do ano passado.
Face ao cenário de volumes de arrendamento mais baixos, o Global Office Index da Jones Lang LaSalle, que monitoriza a performance das rendas de escritórios prime em 90 mercados mundiais, abrandou para um crescimento de 0,5% nos primeiros três meses deste ano, contra 0,8% do trimestre anterior. O crescimento das rendas abrandou em quase um terço dos mercados analisados pelo índice, revelando o menor crescimento de rendas desde o primeiro trimestre de 2010.
O crescimento das rendas foi mais expressivo no continente americano, com um desempenho de 1,6% em termos trimestrais, o que compara com a performance de 0,2% da Ásia-Pacífico. Na Europa, as rendas escorregaram pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2009, com um declínio de 0,3%. O crescimento foi mais forte nas economias BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China), no Sudeste Asiático e nas cidades com forte ligação aos setores da tecnologia, energia e matérias-primas. Beijing e Jacarta tiveram crescimentos homólogos de 49% nas rendas, São Paulo de 30% e Moscovo de 20%.
Jeremy Kelly, diretor de Global Research e autor do relatório "Global Market Perspective", da Jones Lang LaSalle, refere que, "apesar do abrandamento no crescimento das rendas no último trimestre, alguns mercados, como Beijing, São Paulo, Toronto e São Francisco, registaram um crescimento de dois dígitos". A nível global, as rendas prime "cresceram 5% no primeiro trimestre de 2012 face ao mesmo período de 2011 e 11% quando comparadas com a fase mais baixa do ciclo do mercado, no final de 2009. A taxa global de disponibilidade de espaços fixa-se agora em 13,4%, a mais baixa em mais de dois anos. O pipeline limitado de espaços de qualidade indica que a oferta deverá manter-se escassa".
Retalho e industrial resistem
Uma atividade sólida no consumo continua a suportar os mercados de retalho e industrial na Ásia-Pacífico. Apesar da pressão crescente sobre os consumidores na Europa, os mercados prime de retalho e industrial mostraram resistência. Nos EUA, a melhoria da confiança das empresas e dos consumidores está a ajudar a impulsionar uma recuperação firme da procura de arrendamento de armazéns, que irá gerar um crescimento das rendas já em 2012.
Os retalhistas internacionais estão a fazer disparar a procura de espaços na China, à medida que diversificam em mercados terciários e secundários de rápido crescimento. Esta tendência continuará a comprovar-se ao longo da próxima década, na medida em que as principais cidades chinesas oferecem oportunidades no imobiliário terciário, suportadas pelo crescimento do consumo e pela transformação económica.
Em comentário a esta perspetiva global para 2012, Jeremy Kelly acrescenta que "os investidores permanecem cautelosos, e corretamente, tendo em conta a trepidação económica sentida no segundo semestre de 2011". Acrescenta que "a resistência do valor dos imóveis e das prime yields tem vindo a consolidar-se, o que comprova o contínuo interesse nos ativos core de elevada qualidade e com bons inquilinos. Desde que não tenhamos novas surpresas económicas, as perspetivas para o imobiliário global continuam no caminho para uma recuperação moderada no restante do ano".
Fonte: OJE
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.