Como espera que corra este Verão?
Devemos manter o número de turistas estrangeiros, apesar da crise europeia. Mas receio que o número de portugueses e de espanhóis baixe muito, estes porque também têm uma crise e pela invenção das portagens. Há esperança que, este ano, os portugueses não vão tanto para o estrangeiro e reconvertam as suas férias vindo para o Algarve. Mas os portugueses que deixam de fazer férias e de vir para o Algarve deverão ser muito superiores a esses.
Como estão os mercados inglês, alemão, francês, italiano?
O inglês tem estado mais ou menos. Perdemos muito mercado alemão, porque os principais operadores passaram a levar os grandes fluxos turísticos para a Tunísia, Croácia e Turquia, que são mais baratos e porque têm lá os seus interesses hoteleiros. O holandês e o belga estão a aguentar-se. Começaram a aparecer franceses e o mercado irlandês baixou. Prevejo que, no final de Setembro, possamos dizer que o número de turistas não baixou significativamente ou até se manteve face a 2011. Contudo, receio que baixem os proveitos das empresas e daí os pagamentos de impostos e a criação de emprego.
Que quebras estima? Na ordem dos dois dígitos? 10%? 20%? 30%?
Não será tanto. Mas é impossível calcular nesta altura.
Com promoções diárias, quanto têm baixado os preços nos hotéis?
É impossível responder. Os hoteleiros esmagam as margens de lucro ao máximo, com ofertas e promoções, e vivem tempos difíceis.
É viável ter um hotel de quatro estrelas com quartos duplos a 40 euros por noite?
O lucro que fica deve ser de cêntimos. É um grande esforço dos empresários que procuram ter hotéis abertos, porque isso ainda vai significando emprego. Mas o que ganham agora, com esta pressão, pode não dar para aguentar os 12 meses. Admito que haja mais hotéis a fechar no Inverno.
Em 2012, as receitas turísticas no Algarve tiveram o pior Janeiro desde 1997 e Abril também foi dos piores. O Verão também pode ser dos piores dos últimos anos?
Espero que não aconteça, mas corremos esse risco. Têm sido cometidas algumas maldades em relação ao turismo, portanto, se acontecer, não ficaria surpreendido. Quando se criam portagens, se taxa a restauração a 23% ou se cortam subsídios, é óbvio que há reflexos na economia do turismo.
Falta estratégia para o turismo nacional e algarvio?
Falta. E falta dinheiro para promoção. Devia ser dada mais autonomia às entidades regionais, algo que não acontece só neste Governo, mas também no anterior. Foi aí que começou a asfixia da autonomia das entidades regionais, com cativações de 15% que passaram a mais 20% e este ano estamos com menos 30%, o que significa menos dois milhões de euros no orçamento. E como deixou de haver Allgarve , foram menos outros dois milhões, ou seja, este ano, o Algarve tem menos 4 milhões de investimento.
O pagamento nas ex-SCUT melhorou ou haverá filas e reclamações como na Páscoa?
Dizem-me que melhorou um bocadinho, mas o grande fluxo será agora em Julho e Agosto. Se o Governo mandasse fazer um estudo concluía que está a perder dinheiro, porque vai ter de indemnizar a concessionária, já que o que está a receber é muito menos do que o que vai ter de pagar.
Que quebra no turismo está associada às portagens?
Cerca de 30% na actividade gerada pelos espanhóis, segundo dados de Junho da AHETA.
O que lhe parece a criação de taxas municipais para turistas como a que está a ser ponderada em Vila Real de Santo António?
Há cerca de três anos, Portimão teve a mesma ideia. Não estávamos ainda em crise e considerei que não era bom, porque o Algarve já era tido como um destino caro. Agora parece-me que a ideia ainda é menos boa. E tenho dúvidas de que isso resolva o problema das câmaras. Quando, um dia, houver condições económicas para criar a taxa municipal, então é melhor fazê-lo por região e não isoladamente. Senão começamos a ter guerras do concelho A que tem taxa contra o concelho B que não tem taxa. Não sei de mais nenhuma câmara a querer avançar, mas as dificuldades são tantas que admito que caiam na tentação.
Face à conjuntura e ao excesso de oferta que já existe, o Algarve ainda consegue atrair investidores?
Consegue. Há alguns dias foi anunciado um grande investimento em Armação de Pêra e tenho conhecimento que em São Brás de Alportel também está previsto um empreendimento.
Estar previsto é diferente de avançar. Alguns estão previstos há anos.
É verdade. As pessoas começam agora a estudar, a adquirir terrenos, a tratar de licenças, para que daqui a três anos comecem a construir e esteja pronto daqui a cinco.
Fonte: SOL
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