04 outubro 2012

APEMIP - Bancos que vendem casas dificultam o negócio dos promotores e construtores


habitação
O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) considerou que os bancos que vendem imóveis estão a concorrer com os promotores e os construtores e prejudicam-se a si próprios.

A Autoridade da Concorrência (AdC) não detetou indícios de «práticas restritivas da concorrência» na venda de imóveis pelos bancos, depois da Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e Produtos Financeiros (SEFIN) ter denunciado que os bancos financiam em condições excecionais as casas que têm para vender, enquanto dificultam o crédito para as restantes.


O presidente da APEMIP, discorda: "Quando os bancos vendem um produto com condições únicas estão a ter uma intervenção no mercado e estão a concorrer e a dificultar o negócio dos promotores e construtores", disse Luís Lima, à margem da apresentação do Salão Imobiliário de Portugal (SIL) e Intercasa Concept, que se realiza na FIL.

O responsável da APEMIP considera que a situação é prejudicial para os próprios bancos, já que estes financiam também os promotores e, ao oferecerem `spreads` mais baixos, "criam instabilidade no mercado" e dificultam o escoamento aos promotores e construtores.

Luís Silva diz que quando os bancos têm este tipo de atitude podem estar a contribuir para "o fecho de uma empresa, ficando com mais `x` imóveis". E lembrou que os bancos têm investido neste setor um valor quase equivalente ao PIB nacional (114 mil milhões de euros em crédito à habitação e cerca de 40 mil milhões em financiamento ao setor da construção e do imobiliário).

Luís Lima sublinhou ainda que ao tentar "vender a qualquer preço", os bancos estão também a desvalorizar os imóveis: "não nos podemos esquecer que 74 por cento dos portugueses são detentores de casa própria e, se houver uma desvalorização forçada do património imobiliário, vai afetar todos os portugueses, inclusive o setor financeiro".

Quanto ao tempo que demora a vender uma casa, considerou que varia muito, sendo mais prolongado na periferia das cidades "onde o mercado praticamente desapareceu, porque funcionava praticamente com crédito a 100 por cento".

A solução, acrescentou, passa pelo mercado de arrendamento, mas faltam condições fiscais.

"Nunca foi tão importante a parte fiscal. Como é que capto um investidor se não lhe disser qual é a segurança do negócio que lhe estou a propor e qual é a rentabilidade? Sem a taxa liberatória não se consegue isso".

O SIL, que decorre entre 09 e 14 de outubro, vai disponibilizar mais de 2000 imóveis para arrendamento em todo o país e leiloar 250 apartamentos e moradias, com valores de licitação que variam entre os 31.500 euros e os 173.000 euros.

Fonte: RTP

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