A APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, já fechou acordo com a Caixa Geral de Depósitos (CGD), Banco Espírito Santo (BES) e com a UCI – União de Créditos Imobiliários, para a venda dos imóveis que resultam do incumprimento das famílias no crédito à habitação. De acordo com Luís Lima, presidente da APEMIP, “em fase de negociação estão outras instituições, sendo que o Santander-Totta está em fase mais avançada de concretização”.
Este acordo, conseguido pela APEMIP, pode considerar-se histórico tendo em conta que, até este momento, só a banca, diretamente, e cerca de meia dúzias das maiores redes de mediação imobiliária - a maioria delas internacionais - participavam neste negócio.
Acrescente-se que, no atual cenário económico, a venda de casas dos bancos é um dos poucos negócios que apresenta algum sucesso na concretização.
Esta situação deve-se ao facto de as frações serem colocadas no mercado com descontos significativos, e com crédito bancário garantido, e, por isso, atraírem os investidores e os pequenos aforradores que depois colocam no arrendamento.
Luís Lima adianta, que, a partir de agora, as cerca de três mil mediadoras associadas da APEMIP vão ter acesso aos imóveis do sector financeiro. O acordo poderá ser, também, uma via de pacificação entre a atividade de mediação e a banca que, nos últimos anos, substitui-se aos mediadores na venda direta das frações resultantes do crédito mal parado.
Sistema MLS
Para a concretização deste projeto, a APEMIP prepara-se para lançar, até ao final do ano, o sistema MLS (Multiple Listing System), que vai permitir que todas as mediadoras tenham acesso à oferta de venda de imóveis da banca. “É um sistema interno que facilita o acesso das empresas aos imóveis do setor financeiro”, afirma Luís Lima.
“Os bancos passam, assim, a ter um meio para vender os seus imóveis, enquanto, que os consumidores têm mais oferta e as imobiliárias não têm de recorrer a formas low cost para se desfazer dos seus imóveis que descredibilizam o valor dos mesmos”, acrescenta. O responsável refere-se, sobretudo, aos leilões e à venda de imóveis com descontos que, em certos casos, atingem os 50%, e que são meios que “podem ser perigosos”.
Luís Lima refere que, felizmente, parte do sector financeiro começa já a ver com outros olhos esta prática, percebendo o verdadeiro impacto que estes leilões poderão ter no mercado imobiliário.
Também o economista Augusto Mateus reconheceu, num debate recente na Universidade de Aveiro, que seria adequado à nossa situação, e até para salvaguardar o valor do património construído, que estes ativos imobiliários habitualmente colocados à venda em leilões, pudessem integrar um fundo vocacionado para o arrendamento urbano.
Fonte: Público
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