21 outubro 2012

Os alicerces da cidade inteligente


Como a energia, os transportes ou a recolha de lixo podem ser mais eficientes.

Há verdades que se tornam tão evidentes que caem no esquecimento. Uma delas diz respeito às redes de comunicações de banda larga. Elas são uma peça essencial para a cidade inteligente funcionar e estar ligada ao mundo. Mas, nos últimos anos, com a banalização das redes de fibra ótica, a internet rápida passou a ser um dado adquirido, mas também facilitou a inclusão de inteligência nas infraestruturas físicas das cidades: energia, água, tratamento de resíduos e transportes. Qual a mais dinâmica?


A escolha recai na área de energia, que viu aparecer vários projetos-piloto de smart grids (redes inteligentes) envolvendo operadores e autarquias. Portugal não foge à regra e também tem o projeto-piloto do InovGrid em Évora protagonizado pela EDP e que está a dar nas vistas. "Foi selecionado pela Comissão Europeia e pela Eureletric, em 2011, como o caso de estudo de redes inteligentes de energia, entre mais de 260 projetos", salienta António Mexia, presidente-executivo da EDP. "Demonstra os vários benefícios das redes inteligentes, designadamente, a participação ativa do consumidor na gestão dos seus consumos e a maior eficácia operacional do operador da rede de distribuição. Estudos indicam que os clientes da InovCity obtiveram ganhos de eficiência energética de cerca de 3,9% em relação aos consumos de 2010", salienta António Mexia.

Por isso, os consumidores começam a tirar partido deste casamento de interesses entre cidades e as empresas de utilities. "Têm medidas transversais que refletem preocupações como a redução de emissões de CO2 (dióxido de carbono), a integração de geração distribuída ou mesmo a massificação dos carros elétricos", refere António Pires dos Santos, responsável pela área Smarter Cities na IBM Portugal. "Vão surgir mais iniciativas de contadores inteligentes, iluminação urbana adaptativa e mobilidade elétrica", prevê este responsável da IBM. E dá o exemplo do projeto do consórcio dinamarquês Edison que está a desenvolver uma infraestrutura inteligente dirigida aos veículos elétricos alimentados por energia renovável (sobretudo eólica). A expectativa de Pires dos Santos é que os projetos smart grid portugueses criem um ecossistema com pequenas e médias empresas produtoras "produtos digitais inovadores com potencial de exportação e aplicação global".

A área dos transportes é outro subsistema da cidade inteligente que também está a mexer. Além dos casos exemplares de Singapura ou de Nice, que criou um sistema integrado de vários tipos de transporte para ir aos encontros da qualidade de vida dos utentes, destaque para o projeto português TICE.mobilidade que está a a ser desenvolvido pelo Instituto Pedro Nunes (Coimbra) por 28 empresas e organismos de investigação. "Queremos colocar no mercado produtos como sistemas de mobilidade em veículos autónomos, partilha de bicicletas, eficiência energética ou planeamento de rota de meios de transporte", explica Carlos Bento, coordenador do projeto. Para o efeito, está a decorrer até ao final do ano um concurso de aplicações (One.Stop.Transport) ao qual também podem concorrer pessoas singulares.

Também a área da recolha de lixo começa a fazer parte da cidade inteligente. António Gusmão é um engenheiro de software que está envolvido num projeto finlandês OneCollect, desenvolvido pela Enevo, que prevê a instalação de uma rede de sensores sem fios distribuídos por contentores de lixo. O objetivo destes sensores é medir a quantidade de lixo em cada contentor e prever quando estão cheios através de modelos computacionais. "Da otimização da recolha de lixo pode resultar em poupanças de 20 a 40 %", prevê António Gusmão.

NÚMEROS

3,9% é o aumento da eficiência energética da rede inteligente de Évora
20% da energia consumida na Dinamarca tem origem eólica
70% do lixo de Curitiba é reciclado

Fonte: Expresso

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