27 novembro 2012

Como é que a cidade pode criar mais riqueza e empregos?


Como é que a minha cidade pode ser mais atrativa para a instalação de empresas e negócios? A resposta a esta questão deixou de ser um exclusivo do governo central dos países e começa a estar no centro das preocupações dos autarcas de muitas cidades do mundo inteiro. Cada vez mais as cidades competem entre si pela atração de investimento, empreendedores, eventos internacionais e turistas.

Por isso, mais do que o país, cada cidade deve ter uma estratégia inteligente que permita ser mais 'amigável' para os negócios. Não só nas questões burocráticas e na concessão de pacotes de incentivos, como também nos outros tópicos que a tornam inteligente: segurança, sustentabilidade ambiental, saúde, oferta cultural diversificada e boa governação. Só assim pode distinguir-se da concorrência e posicionar-se positivamente junto de investidores nacionais e estrangeiros. Enfim, estar na moda e ganhar massa crítica. Uma bola de neve que gera riqueza e empregos.

Foi assim que Londres, Barcelona, Estocolmo ou Berlim se tornaram nos últimos anos casos exemplares na Europa na atração de talento - sobretudo jovens empreendedores - e de investidores (empresas e capital).

E será que as principais cidades portuguesas estão no bom caminho?

Nos últimos tempos, tem sido possível constatar que Lisboa e Porto têm feito um esforço significativo no bom sentido. Na capital do Norte, acaba de ser anunciado o lançamento de um laboratório vivo (living lab) na área da mobilidade urbana, que poderá dar origem a médio prazo a uma vaga de empresas tecnológicas geradoras de riqueza e de emprego.

Graça Fonseca, vereadora da Economia, Inovação, Modernização Administrativa e Descentralização da Câmara Municipal de Lisboa, garante que a capital portuguesa tem uma estratégia em curso para tornar Lisboa uma cidade atrativa para os negócios. Admite que "pode não ter capacidade específica para se tornar num grande centro financeiro", mas revela que Lisboa tem sido promovida internacionalmente colocando em evidência a "qualidade de vida" e a "posição geográfica". "Lisboa é uma porta de entrada privilegiada na Europa, no contexto do atual processo de globalização, com uma capacidade crescente para trabalhar como um hub europeu atlântico em relação estreita com os países e as regiões emergentes das Américas Latina e Central, África e Ásia e em especial aos países de expressão portuguesa", defende Graça Fonseca. "É uma plataforma que dá fácil acesso a 750 milhões de consumidores europeus e aos países de língua oficial portuguesa."

Destaca o trabalho que está ser feito pela Invest Lisboa, uma agência de promoção da cidade como centro internacional de negócios, que desde a sua criação em 2009, apoiou 629 projetos de investimento, 70 dos quais estão executados. Também ao nível da atração de empreendedores, a capital portuguesa começa a ter uma posição de relevo, apesar dos constrangimentos da situação económica.


Atrair startups

Para João Vasconcelos, coordenador da Start up Lisboa, incubadora de empresas da Baixa de Lisboa, criada em 2011 por iniciativa do Município e do Montepio Geral, há um ecossistema mais favorável ao empreendedorismo. Os eventos nacionais internacionais em Lisboa multiplicaram-se no último ano (Startup Weekend, Seedcamp, Founders Institute, Energia de Portugal, Summer of Startups, Beta-Start, 3Days Startup, Bet App, Tec Talk, entre outros) e a cadência com que aparecem empreendedores é muito maior.

"A perceção de que Lisboa é uma ótima cidade para iniciar uma startup está a ganhar espaço, os locais tradicionais (Londres e Berlim) têm preços de habitação e escritórios e custo da mão de obra proibitivos para uma startup", defende João Vasconcelos. Prova disso, está nas 42 empresas já instaladas (das quais 20 são de empresários estrangeiros), algumas das quais com perfil internacional e que, para lá das operações em Portugal, já estão presentes, a exportar serviços e produtos. E houve mais de duas centenas que se candidataram à startup que ficaram a aguardar pelo novo polo que vai ser criado na Rua Castilho.

João Vasconcelos revela que a Startup Lisboa está a procurar fechar protocolos internacionais para o intercâmbio de empreendedores. O primeiro foi estabelecido com a Associação Brasileira de Startups, que congrega quase todas as incubadoras do Brasil. Em breve, vai ser firmado um acordo com várias incubadoras de Berlim.

Por tudo isto, Lisboa tem todas as condições para se afirmar como um hub internacional de empreendedorismo de base tecnológica. Boa acessibilidade (ajudada pela proliferação de voos low cost), mão de obra qualificada, baixos custos inerentes à acomodação de empreendedores estrangeiros em Lisboa. O sol e a proximidade (15 a 20 minutos da praia e da prática do surf) também são trunfos importantes de Lisboa face a outras cidades do Centro e Norte da Europa. Mas é preciso que Lisboa faça mais para atrair mais e manter os empreendedores. "É preciso uma indústria portuguesa de capital de risco que tenha mais apetência para investir neste sector e assuma mais riscos, business angels que se profissionalizem e se tornem mais arrojados, que o contexto fiscal e burocrático seja simplificado", defende João Vasconcelos.

O COMÉRCIO NO TELEMÓVEL

Sem pôr em causa a existência do comércio tradicional de proximidade, a cidade do futuro terá empresas que apostam no comércio eletrónico através dos computadores pessoais e dos dispositivos móveis. António Lagartixo, sócio-gerente da consultora Maksen prevê que em 2013 os pagamentos simples e seguros através de smartphone vão disparar em todo o mundo com o aparecimento de novos protocolos (NFS - Near Field Communication) e que Portugal não vai ficar atrás. Uma mudança que vai ter impacto nos hábitos dos consumidores que passarão a usar menos dinheiro vivo e cartões de débito ou crédito, no negócio das lojas on-line e nas respetivas cadeias de valor e de logística.


Fonte: Expresso

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